A educação teve praticamente um ano perdido devido a pandemia da Covid-19, pois nem todos os estudantes tiveram acesso à internet ou a computadores para acompanhar as aulas. O futuro continua incerto em 2021, principalmente neste momento, pois o número de casos e mortes pelo coronavírus tem aumentado. A preocupação com o aprendizado dos alunos é visível por todos os envolvidos: professores, pais e autoridades.
Em Santos, por exemplo, o prefeito eleito Rogério Santos (PSDB) manteve a secretária de Educação Cristina Barletta no cargo, sendo o primeiro nome confirmado em seu governo.
De acordo com a secretária, o trabalho de prioridade ao aluno continuará. “Ainda temos incertezas em relação à pandemia. Não sabemos quando a vacina estará disponível para toda a população. De qualquer forma temos um plano A, B e C para o primeiro trimestre de 2021”, ressaltou.
Cristina destacou que o recesso acontece entre os dias 3 a 24 de janeiro e até o começo do ano letivo a Secretaria de Educação realizará reuniões com os professores para estabelecer os critérios e os protocolos na volta às aulas.
Questionada sobre as medidas realizadas na área em 2020, a secretária explicou que os alunos da rede municipal tiveram acesso ao conteúdo por meio do ensino híbrido e por materiais impressos. “Eu sou mãe e também me coloquei do outro lado. Os alunos que tiveram dificuldades para acessar o conteúdo podem ter aulas de reforço nas escolas e em 2021 terão atividades complementares para recuperar as matérias as quais eles não entenderam. Além disso, fico preocupada com a saúde mental dos estudantes. Há estudos que indicam o aumento de ansiedade e depressão dos alunos”, enfatizou.
Por fim, a secretaria citou que as entregas de cestas básicas, que andaram falhando, terão continuidade.
Governo Estadual
As aulas em 2021 nas escolas estaduais seguem com a mesma indefinição.
No início de novembro, o secretário estadual de Educação Rossieli Soares tinha uma boa perspectiva para o ano letivo com a obrigatoriedade de uma parte presencial já no início das aulas. Porém, com o aumento de casos da Covid-19 e o medo de pais e alunos, o governo deverá tomar outras medidas e protocolos. Vale destacar que desde outubro, o estado autorizou as escolas a voltarem com capacidade reduzida no número de alunos.
É importante frisar que os impactos causados pela pandemia na educação estadual são enormes. No mês passado, mais de 500 mil estudantes não entregaram as atividades remotas. Dessa forma, eles podem ser reprovados e não têm muito tempo, já que as aulas estão nas últimas semanas.
O recesso escolar estadual acontece em janeiro e o ano letivo tem início no dia 1º de fevereiro.
Escolas particulares
Os colégios privados conviverem em situações distintas na pandemia. O impacto no aprendizado foi menor em relação às escolas públicas, isso porque cada instituição de ensino adotou seus próprios métodos e a maioria dos alunos tinha acesso à internet em casa.
Dessa forma, a aplicação do conteúdo passado nas salas não sofreu alterações. Com a autorização do governo para a volta de atividades presenciais em outubro, escolas permitiram o retorno dos alunos, especialmente aqueles que tinham dificuldades no aprendizado ou que não tinham condição de ficar em casa.
Por outro lado, as instituições privadas tiveram problemas devido à crise econômica, pois muitos pais ficaram desempregados e resolveram tirar seus filhos das escolas particulares. Alguns colégios, inclusive, correm o risco de fechar as portas.
Planejamento
Por sua vez, diversas escolas particulares já estão preparando os protocolos para o próximo ano.
É o caso da Escola Princípio, localizada no Bairro do Boqueirão em Santos. A instituição de ensino voltado à Educação Infantil tem perspectivas positivas para o próximo ano, com todo o conteúdo programado desenvolvido pelos alunos, como há 20 anos.
Devido à pandemia, o colégio está trabalhando com aulas online há 9 meses. A expectativa é que com a aprovação de uma vacina contra a Covid-19 em breve, as atividades presenciais em sua maioria sejam retomadas, respeitando sempre as medidas impostas pelas autoridades governamentais e médicas. Diante da pandemia, a Escola Princípio está respeitando o nível de absorção e entendimento dos alunos, individualmente.
Especialista
Ainda não é possível dimensionar os impactos causados pela pandemia na educação. Certamente, a resposta virá nos próximos anos com o desenvolvimento dos estudantes nas escolas.
Para a psicopedagoga Sílvia Soares, as escolas deverão mobilizar-se com os docentes para refazerem o planejamento de 2021 adaptando-se à realidade atual, mesclando as duas formas de aulas remotas e físicas, elaborando estratégias que façam a diferença.
Ela ainda enfatizou que a aula presencial tem vários benefícios, com a concentração de todos da classe com o foco na aula. O que acaba sendo difícil se não há um local específico reservado para os estudos em casa.
Mas as aulas on-line aproximaram muitos pais e filhos, o que é importante para aprendizagem.
No entanto será necessário manter um espaço que proporcione este ambiente de estudo mesmo com aulas presenciais. Por fim, Silvia citou que o lado afetivo ajude no melhor envolvimento do aluno com as atividades acadêmicas.