A ONU – Organização das Nações Unidas declarou que esta é a década dos oceanos dentro da proposta da Agenda 2030, com base nos objetivos da Agenda Sustentável, onde a vida marinha – item 14 – é um dos tópicos elencados.
Mas será que a população está fazendo o seu papel e o respeitando?
As respostas são múltiplas: positivas e negativas.
Infelizmente, a maioria está no segundo grupo.
“Nós só conhecemos 19% sobre o que existe no fundo do mar. Conhecemos mais sobre a lua do que o mar. Há um potencial enorme a ser descoberto”, enfatizou o professor do Instituto do Mar (Imar/Unifesp) – Campus Baixada Santista, Ronaldo Adriano Christofoletti, pós-doutor na área pela USP, Unesp e School of Ocean Sciences, SOS Bangor, Inglaterra.
Ele concedeu entrevista ao Jornal Enfoque – Manhã de Notícias onde participou, ao lado da advogada Alessandra Franco, chefe do Departamento de Articulação da Prefeitura de Santos.
Ambos comentaram sobre o recém lançamento do Observatório da Interface entre Ciência e Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável e os impactos ambientais nos oceanos no litoral paulista.
O observatório é um espaço que irá unir acadêmicos, Poder Público e a sociedade para pensar juntos o futuro da Cidade.
Dessa maneira, o observatório passará a planejar as ações locais com base na ciência para atingir as metas da Agenda 2030 e da Década do Oceano, iniciada em 2021 e organizada pela ONU para aprimorar a disponibilidade de dados e fortalecer a gestão sustentável do oceano.
Como estão os oceanos?
Christofoletti foi indicado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e pelo Itamaraty para compor o grupo de 30 especialistas brasileiros das diferentes áreas do conhecimento sobre os oceanos, abrangendo aspectos biológicos, físicos, geológicos, químicos, oceanográficos, climáticos, socioambientais e de governança.
Ele enumerou uma série de fatores que afetam os oceanos.
“Nós temos áreas muito degradadas pela ação do homem”, lamenta.
“No Brasil, 50% das cidades têm saneamento básico. E deste montante, somente 20% tem o esgoto tratado antes de ser lançado ao mar”, salientou o docente.
Vale lembrar, por exemplo, que o pré-sal na Bacia de Santos foi encontrado nas profundezas do mar ao longo dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.
Plásticos e sacolas
A destinação final dos resíduos sólidos também foi abordada pelo docente que salientou a necessidade de mudanças urgentes de hábito e o incentivo na área educacional.
“É um processo cultural e de tomada de decisão. Assim como foi em relação ao uso da máscara”, enfatizou.
Citou, por exemplo, o impacto das sacolas plásticas no meio ambiente e os riscos do lobby da indústria do plástico para manter o atual consumo.
“Um mundo melhor vai exigir menos uso do plástico”, salientou.
Palafitas
Alessandra explicou também sobre o projeto Parque Palafitas da Prefeitura de Santos, desenvolvido em parceria com o escritório Jaime Lerner.
A proposta prever transformar o Dique da Vila Gilda em área de recuperação e de uso habitacional com alternativas inovadoras e dentro das ações do Observatório.
Será uma reorganização da região com uma estrutura habitacional, intercalada com a revitalização da flora e da fauna, e o convívio das comunidades com o mangue.
No local, estimam-se que 6 mil famílias morem no Dique da Vila Gilda.
A previsão é que a primeira etapa do projeto esteja concluída em 2024.
“O Parque Palafitas vai trazer dignidade, trazer o pertencimento, pois não haverá necessidade de deslocamento da comunidade que ocupa este território”, explicou.
Confira o vídeo do projeto piloto – Prefeitura de Santos
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Foto capa – Carla Nascimento