Todo fim de ano é considerado um tempo de reflexão, de analisar erros, para não os repetir, e acertos, para aprimorá-los e multiplicá-los.
Aliás, essa reflexão deve valer para a vida inteira, e não apenas para o período recente. A memória nos dá material para tanto.
O único senão é quando se acredita que erros foram acertos, e se persiste neles, intencionalmente.
A reflexão sobre erros é necessária, pois eles refletem em quem nos cerca.
E quando os erros são cometidos em nível amplo, os reflexos podem ser dramáticos, às vezes definitivos.
É verdade que alguns erros resultaram em acertos, mas isso é raro, muito raro.
O passado é um excelente “professor”, mas só para quem soube aprender suar lições. E esse aprendizado deve implicar em não voltar a cometer os mesmos erros, e não em errar “melhor”.
Infelizmente, alguns também encaram o fim de ano de forma sombria, pessimista.
Ao contrário, aprendi a ter esperança, e cada novo ano é uma conquista!”
Gal Costa, por obra de Caetano Veloso, cantava uma música que eu particularmente gosto, pela melodia e letra: Flor do Cerrado.
“Todo fim de ano é fim de mundo, e todo fim de mundo é tudo que já está no ar. […] Todo fim de mundo é fim de nada, é madrugada!”.
Eu era criança, quando a ouvi pela primeira vez. Era um tempo em que me apresentaram o fim do mundo como algo iminente, nas missas e na porta de casa.
Isso me perturbou profundamente, ao ponto de afetar meu cotidiano. Cada relâmpago que eu via parecia a abertura do quarto selo dos cavaleiros do Apocalipse.
Como certas pessoas adoravam atormentar as crianças, na busca por doutriná-las.
Assim, essa música veio como um bálsamo/elixir, que trouxe esperança para enfrentar os arautos do caos e as adversidades da vida.
Volta e meia ela me vem à minha mente, despertando o mesmo sentimento positivo.
Mas, não basta sentir: também é preciso agir para que a esperança se converta em realidade que nos faça bem, sem prejudicar quem não merece.
E isso só é possível quando há empatia.
Empatia é capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela.
Já a sociopatia é o extremo oposto, caracterizada por atitudes antissociais, amorais, inconsequentes, temerárias, por vezes violentas.
Assim, empatia é um dom divino, enquanto a sociopatia é considerada uma doença. Nesse sentido, todo radicalismo é uma manifestação sociopata.
Com base nesse entendimento, todos os extremos devem ser evitados; toda ferida deve ser curada e não cultivada, pois o rancor e o ódio nunca serão bons conselheiros.
O Brasil e seu povo devem estar acima de qualquer mau sentimento, de não importa qual ressentimento, para não ser como a canção de Cazuza: “Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades”.
Então, o que esperar de 2023 e sempre?
Bem, pessoalmente, desejo: saúde, paz, felicidade e prosperidade. No âmbito geral: a mesma coisa!
Isso depende de cada um de nós, mas também de quem influencia nossas vidas e as de quem amamos.
Então, que sejamos empáticos muito além da mera retórica! Se não pudermos ser flores, que não sejamos espinhos!
E que quem for a Brasília, ou dela vier, nos traga flores do cerrado.
Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro, pesquisador universitário e Membro da Academia Santista de Letras
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