Mais um presente que a natureza injuriada oferta à humanidade.
Os furacões no Oceano Atlântico têm o dobro de chance de não serem mais tempestades fracas, mas se tornarem violentos.
Uma descoberta que valeria como aviso urgente, se os homens fossem ajuizados.
Isso já era empiricamente comprovado.
O furacão Maria matou mais de três mil pessoas em Porto Rico e nas ilhas vizinhas em 2017.
Essa mudança repentina de categoria – tempestade fraca para furacão – torna quase impossível prever as consequências e antecipar os lugares afetados.
Entre 2001 e 2020, os ciclones tropicais atlânticos tinham 8% de chance de se tornarem tempestades fortes.
Os furacões mais fortes são aqueles que têm ventos a uma velocidade de 177 km por hora.
Eles resultam do aquecimento da água do mar que evapora para a atmosfera.
Ganham força devido à diferença de temperatura entre a superfície do oceano e a atmosfera superior mais fria.
E é por isso que a temporada de furacões no Atlântico Norte ocorre de junho a novembro: é a época do ano em que a água está mais quente.
O grave é que as temperaturas oceânicas estão aumentando.
O mar absorve mais de 90% do calor adicional retido na superfície do planeta pelas emissões dos gases do efeito estufa.
Sem limitar o aquecimento futuro, a tendência é a multiplicação de fenômenos extremos.
A intensificação rápida dos furacões é o pesadelo dos meteorologistas.
Mas é muito mais séria para as populações afetadas e para a navegação.
Os cruzeiros marítimos se tornam perigosos. E o risco para as populações das orlas litorâneas aumenta consideravelmente.
Não há tempo de avisá-las para evacuação e a destruição e morte serão certas.
Incrível o poder do bicho-homem de perverter a ordem natural das coisas.
O clima da Terra é o único propício para o desenvolvimento da vida e assim foi durante milhões de anos.
Bastaram poucos anos de industrialização para que a contaminação tomasse conta do solo, da atmosfera e da água.
Por enquanto, a humanidade está cega e surda aos reiterados avisos da Mãe-Terra, que não tem como revidar aos ataques, senão mostrando ao homem o quão insignificante ele é.
Haverá tempo para assimilarmos a lição?

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.
Deixe um comentário