Encerrado o período de recesso parlamentar e festejos carnavalescos, as atenções se voltam agora para o processo eleitoral que escolherá os futuros prefeitos e vereadores das cidades brasileiras.
As limitações para o uso dos mecanismos de publicidade e as dificuldades de acesso aos recursos disponibilizados pelo Fundo Eleitoral, distribuídos a critério das executivas partidárias, vão impor maior grau de dificuldade às candidaturas que irão debutar este ano, principalmente aos pleiteantes interessados na disputa por cadeiras nas casas legislativas.
Sem muitas pessoas físicas interessadas em figurar na lista de doadores a ser apresentada quando da prestação de contas à Justiça Eleitoral – que em muitos casos acaba por insinuar relações comprometedoras e oferecer aos contribuidores uma associação pública de imagem indesejada -, os recursos a serem destinados às campanhas agora aparecem em montantes infinitamente menores e, por isso, acabam sendo preferencialmente canalizados aos postulantes que buscam a renovação de seus mandatos, notadamente aos que conseguiram utilizar o tempo no cargo para estabelecer relações de interesses, consolidar a participação no meio político e ampliar suas bases de eleitorais.
Da mesma forma, levam vantagem adicional os candidatos que, ao longo dos últimos anos, mantiveram a regularidade de exposição midiática, participando com assiduidade ou fazendo uso de veículos próprios de comunicação, o que lhes permitiu fazer uso de uma audiência que agora poderá resultar em significativo adicional de votos.
Também serão favorecidos os postulantes que representam interesses de localidades específicas, segmentos empresariais e religiosos, pois, por certo, terão o aporte de votos de comunidades unidas em torno de propósitos comuns que vão muito além dos ideários partidários.
Se, por um lado, as dificuldades impostas às novas candidaturas tornam a disputa desequilibrada, por outro ela revela um lado positivo: reduz consideravelmente a possibilidade de sucesso dos candidatos oportunistas, sem representatividade política ou qualquer vínculo ideológico com seu partido. Candidatos que até então se valiam tão somente do poder econômico para ocupar assentos em cargos públicos.
O processo eleitoral em curso consolida definitivamente as redes sociais como ferramenta de propaganda eficaz e importante espaço para o fomento do debate, que se espera democrático e de alto nível.
Nesse cenário, cabe ao eleitor o censo crítico para identificar e condenar ao fracasso os candidatos que fazem uso de fake news e de táticas eleiçoeiras, de forma a fazer valer o seu voto para a melhoria da representatividade política.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
Deixe um comentário