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06 DE MARÇO DE 2024

Ouçamos os cientistas

José Renato Nalini

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Esta era de incertezas deveria tornar a humanidade mais humilde.

Reconhecer que não é dona de seu destino, que sua insensatez causou o aquecimento global e, com ele, as drásticas mudanças climáticas a que todos estão sujeitos.

Contudo, é o momento das “certezas absolutas”. Não é por outra razão que, principalmente os jovens, diante de qualquer indagação, têm pronta a resposta: “Com certeza!”.

Certeza, e ainda assim relativa, tem a ciência.

A ciência trabalha com evidências.

Sem achismos, sem palpites, sem chutes.

E foi a ciência que forneceu ao Brasil os argumentos para a vedação do inseticida fipronil, responsável por mais de 70% da mortandade das colmeias nacionais.

Enquanto o consumismo, aliado ao imediatismo, ordenam a aquisição de venenos cada vez mais fortes, é o trabalho paciente e prolongado de cientistas como Osmar Malaspina, pesquisador da UNESP em Rio Claro.

Quase cinquenta anos devotado à apuração das mortes das abelhas, sem as quais não existirá mel, mas também não existirão frutas, flores e muita coisa mais.

Enquanto a União Europeia, Colômbia e Costa Rica já haviam banido o fipronil, o Brasil continuou a usá-lo.

Ele é capaz de liquidar colmeias inteiras em algumas horas.

O Brasil está sempre atrasado quando se trata de preservar a natureza e a saúde de sua população.

O DDT, utilizado na Segunda Grande Guerra, só foi proibido aqui em 1985.

E estava provado que ele causava doenças neurológicas, respiratórias e cardiovasculares em seres humanos.

Apiários próximos à cultura cítrica, foram os que primeiro sofreram os efeitos do fipronil.

Um avião pulveriza veneno sobre o laranjal e, no dia seguinte, todas as abelhas estão mortas.

Comprovada a ação mortífera do fipronil, houve a reação do agronegócio.

A “salvação da lavoura” tupiniquim é muito forte em lobbies.

Preferiu continuar a usar o veneno.

O Brasil parece esquecer-se de que existe um princípio a ser cultivado na questão ecológica: a precaução, mais importante ainda do que a prevenção.

Diante da insegurança do uso de um produto, é melhor evitá-lo.

Isso não foi observado em relação ao fipronil.

Agora, é uma questão de vida ou morte: ele mata abelhas e interrompe uma cadeia existencial que vai atingir a própria vida humana.

Haja coragem para que ele desapareça da agricultura nacional. Invistamos cada vez mais em ciência. Os cientistas sempre têm razão. Nós, leigos, nem sempre.

 

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-Geral da Academia Paulista de Letras

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