As recentes revelações que apontaram a participação autoridades públicas e policiais como mandantes do atentado que resultou na morte da vereadora carioca Mariele Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, tornou evidente o que há muito se sabe: a presença cada vez maior do crime organizado nos espaços de poder político.
Seja por meio de representantes eleitos com recursos provenientes de atividades ilicitas, seja pela cooptação e aliciamento de agentes públicos pelo uso de mecanismos de corrupção, facções criminosas têm atuado como autênticos partidos políticos, eficientemente organizados para garantir a impunidade de seus membros e a preservação de seus modus operandi às suas ilicitudes.
Fortalecidos pela negligência histórica das administrações públicas, omissas e em muitos casos coniventes com o avanço da criminalidade, as quadrilhas hoje dominam áreas abandonadas e desprovidas dos serviços básicos de obrigação do Estado.
Além de inseridas em esferas do poder constituído, há muito têm designado sentenças de morte contra políticos opositores, juízes, promotores, diretores de presídio, delegados, policiais, jornalistas e todos aqueles que julgarem como sendo uma ameaça à prática das atividades criminosas.
Agora, grupos de milícia somam-se às quadrilhas de tráfico de drogas e de jogos ilegais, submetendo comunidades a cobranças indevidas por serviços essenciais.
Como se tudo isso só não bastasse, até mesmo os presídios foram transformados em autênticas escolas de formação e aperfeiçoamento de criminosos, quartéis-generais de onde tem se originado os principais planos e estratégicas para o fortalecimento do crime.
Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida da sociedade brasileira impõe, no atual momento, muito mais do que ações policiais isoladas, método que se mostra como mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou.
Nesse sentido, torna-se imperiosa a adoção de medidas vigorosas para o restabelecimento do poder do Estado, por meio de punições exemplares e de intervenções e permanência de forças militares nas áreas dominadas pelas milícias e quadrilhas de traficantes.
Da mesma forma, há de se introduzir as medidas sociais cabíveis para reconquistar a credibilidade junto as populações residentes em áreas dominadas.
A mobilização e união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal tornam-se imprescindíveis para o sucesso na guerra contra o crime organizado afim de resguardar o estado democrático. Medidas que, sem dúvida, contarão com total e irrestrito apoio da sociedade civil.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
            
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