A aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que altera pontos da reforma do Ensino Médio com o objetivo de adequar à realidade das escolas as alternativas de formação apresentadas aos estudantes, representa uma iniciativa positiva e um desafio para a recuperação da qualidade do sistema educacional.
Isso porque, além de aumentar a carga horária da formação geral básica, de 1.800 para 2.400 horas para alunos que não optarem pelo ensino técnico, reintroduz matérias obrigatórias essenciais e disponibiliza matérias optativas que permitirão melhor preparar os alunos para desafios futuros nas áreas acadêmicas e profissionais.
As mudanças ora realizadas atendem a necessidade de estabelecer padrões mínimos de qualidade para alcançar os objetivos preconizados, especialmente a meta de formação de jovens virtuosos, capazes de iniciar um ciclo de novas gerações melhores qualificadas e preparadas para os desafios do futuro.
A tarefa de preparar a mão de obra necessária para alavancar o desenvolvimento brasileiro passa obrigatoriamente por uma política de educação consistente, com a valorização do ensino básico e profissionalizante, este último muitas vezes considerado uma atividade menor.
Nesse sentido, torna-se importante também contemplar as demandas salariais dos quadros docentes para tornar o setor educacional atrativo – na comparação com os demais segmentos profissionais – e, principalmente, capacitar os professores para elevar a qualidade do ensino ministrado.
Além de ampliar o nível de compreensão dos alunos do ensino de base, o aperfeiçoamento do corpo docente resultará, por consequência, na melhoria da formação ética e moral das futuras gerações de brasileiros, hoje influenciados pelo descaso das autoridades públicas e sem qualquer referência que lhes deem parâmetros para construção de uma sociedade alicerçada em conceitos de eficiência, culto à sabedoria e de respeito aos valores de humanidade e cidadania.
A negligência com as políticas de educação pública, fruto do desinteresse irresponsável de governos seguidos, condenou o trabalhador brasileiro à desqualificação. Setores como metalurgia, construção civil, tecnologia da informação e saúde já encontram dificuldades de contratar profissionais em quantidade suficiente para atender suas necessidades, uma tendência que agora começa a afetar outros segmentos igualmente importantes.
Interromper o moto-contínuo da ignorância é um compromisso a ser assumido por todos segmentos sociais, sem exceção.
Isso porque, apenas a cobrança da responsabilidade que cabe ao estado tem se revelado insuficiente para resolver um problema que, afinal, interessa a todos os brasileiros, sem distinção.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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