Neste sábado (7), comemora-se o Dia da Independência do Brasil. Desse modo, surgem diversas dúvidas e curiosidades do acontecimento. Por exemplo, o quadro “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, tem mais elementos fictícios do que históricos. É uma representação idealizada e romântica da cena, criada para simbolizar o evento de maneira mais gloriosa do que realmente ocorreu. Inclusive o próprio pintor se colocou na cena como símbolo da narrativa poética.
De acordo com o jornalista especializado em História e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, Sergio Willians, como D Pedro I estava montado em um cavalo, há indícios que isso tenha ocorrido como na imagem, mas parte da viagem foi feita em mulas, em especial no trecho da Serra do Mar.
Além disso, outra dúvida é se houve o grito de “Independência ou Morte”. “Não há registros históricos que confirmem o famoso grito. É mais um elemento do imaginário nacional do que um fato documentado”.
Outra curiosidade é que algumas pessoas acreditem possuem é que quem primeiro proclamou a independência foi Maria Leopoldina. Ele informa que pode-se até dizer que simbolicamente sim, pois Leopoldina chegou a assinar um decreto declarando a independência no dia 2 de setembro de 1822, antes de Dom Pedro I, que a consolidou no gesto de 7 de setembro.
Acontecimento
Sobre como a independência do Brasil foi percebida na época, tanto dentro quanto fora do país, ele cita que internamente, a independência foi recebida com misto de entusiasmo e resistência em algumas províncias. Já externamente, ela foi vista com cautela, especialmente por Portugal, que não a reconheceu imediatamente. As principais potências, como a Inglaterra, apoiaram devido aos seus interesses econômicos no Brasil.
Fatores como a insatisfação com o controle econômico de Portugal, o desejo de maior autonomia pelas elites brasileiras e o impacto das ideias iluministas influenciaram o processo da Independência. A crise no Brasil e o aumento dos impostos por Portugal também tiveram um papel determinante no processo.
Com relação a figura de Dom Pedro I, Williams menciona que ele foi fundamental como líder simbólico e prático da independência, especialmente ao decidir permanecer no Brasil e liderar o movimento de separação.
“Comparado a outros líderes, ele tinha a vantagem de ser membro da família real, o que conferia legitimidade ao movimento. Outros líderes foram importantes em mobilizar apoio local e difundir as ideias de independência, mas Dom Pedro foi o catalisador principal’.
Desafios
Os principais desafios enfrentados pelo Brasil após declarar a independência incluíram a falta de reconhecimento internacional, resistência interna de algumas províncias e a necessidade de organizar um novo governo. O Brasil enfrentou esses desafios por meio de negociações diplomáticas, repressão militar das revoltas internas e a centralização do poder nas mãos do imperador. Sobre como o movimento impactou as diferentes camadas sociais do Brasil, Williams explica que a independência beneficiou majoritariamente as elites brancas.
Indígenas e africanos escravizados continuaram a sofrer exploração e opressão. Pessoas livres de origem africana ganharam pouca ou nenhuma melhoria em seus direitos e condições de vida. O sistema escravocrata permaneceu intacto até a abolição em 1888.
Sobre as medidas importantes após a independência do país incluíram a criação de uma nova Constituição em 1824, a organização de um exército nacional e a centralização do poder na figura do imperador. Também houve esforços diplomáticos para o reconhecimento internacional da independência.
O Dia da Independência é comemorado com desfiles cívico militares e eventos públicos em todo o país. Em Santos, ele ocorrerá na orla da praia neste sábado (7). Essas celebrações reforçam o orgulho nacional, mas também podem simplificar ou idealizar os eventos históricos, obscurecendo as complexidades do processo de independência.
Santos
Santos teve um papel estratégico importante no processo de independência devido ao seu porto e à sua posição geográfica. Um fator interessante é que o grito de D. Pedro não aconteceu aqui por conta de algumas horas, não fosse a decisão do Príncipe Regente de retornar a São Paulo antes do tempo previsto. “Líderes locais de Santos já apoiavam a causa independentista. Mas foi o santista José Bonifácio e seus irmãos que tiveram o privilégio de estarem no centro da questão.” Desse modo, Williams comenta que o Porto de Santos já começava a se tornar o segundo mais importante do Brasil em função do café. Além do que era o ponto de entrada para o Estado de São Paulo, que ganhava importância em função de sua crescente força agrícola.
Santos apoiou majoritariamente o movimento de independência, com poucos registros de resistência significativa. A cidade alinhou-se ao movimento liderado por Bonifácio.”
Ele ainda informa que a população de Santos, em sua maioria, apoiou a declaração de independência. Desse modo, ocorreram celebrações públicas e manifestações de apoio ao novo governo. Por sua vez, os protestos foram mínimos, refletindo o alinhamento da cidade com a causa independentista.
Figuras e pontos
Figuras como José Bonifácio de Andrada e Silva e seus irmãos, Martim Francisco e Antônio Carlos, desempenharam um papel fundamental como conselheiros de Dom Pedro I e na articulação política que levou à independência. Suas ações foram decisivas para o sucesso do movimento.
Além disso, o jornalista afirma que atualmente o papel de Santos na independência é reconhecido e celebrado em eventos locais. “Há monumentos e placas comemorativas na cidade que homenageiam essa contribuição histórica, destacando figuras importantes como José Bonifácio. A famosa Praça da Independência, inaugurada em 1922, na ocasião do Centenário, é o grande marco. Há também muita lembrança sobre José Bonifácio, com o Panteão dos Andradas e algumas outras referências no Centro Histórico”.
O 7 de setembro é um dia para refletir sobre a história e os desafios superados pelo Brasil e também pensar em como o momento foi importante para os brasileiros, porque foi um acontecimento crucial para a formação da identidade nacional e na consolidação da autonomia do Brasil.
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