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11 DE DEZEMBRO DE 2024

Planejamento urbano sustentável

Luiz Augusto Pereira de Almeida

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Com a realização em novembro último, no Azerbaijão, da COP 29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), a atenção global voltou-se com ênfase para a urgência de enfrentamento do aquecimento global, cujos efeitos são cada vez mais sentidos em tempestades, calor excessivo, tufões e secas prolongadas, no Brasil e em todo o mundo.

Nesse sentido, um dos principais focos deve ser o planejamento urbano sustentável, essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar o problema, como se pode observar no novo Relatório Mundial das Cidades, que acaba de ser apresentado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).

A publicação destaca os desafios urgentes impostos pelas mudanças climáticas sob a ótica da rápida e intensa urbanização.

Alerta que mais de dois bilhões de pessoas podem enfrentar um aumento adicional de pelo menos 0,5 grau Celsius na temperatura até 2040.

Mais grave é constatar que os esforços para conter o aquecimento global nas áreas urbanas estão aquém do patamar necessário para enfrentar esse imenso desafio.

Entendo que o planejamento urbano sustentável tenha cinco pilares essenciais.

O primeiro deles diz respeito às moradias.

No Brasil, em especial nos grandes municípios, persiste déficit de residências e, tão grave quanto, há grande quantidade de pessoas vivendo em habitações precárias e em locais desprovidos de infraestrutura mínima, expondo os habitantes a condições insalubres e gerando poluição, com práticas como a queima irregular de lixo.

Precisamos resolver isso, com mais adensamento populacional em áreas com infraestrutura consolidada, legislação menos restritiva ao número de andares dos prédios e melhores condições de financiamento.

O segundo pilar refere-se aos transportes, uns dos maiores emissores de gases de efeito estufa.

A transição para sistemas mais sustentáveis, como veículos elétricos, ciclovias, metrô e ônibus movidos a combustíveis mais limpos e renováveis, é determinante.

Exemplos de sucesso são cidades como Copenhague, na Dinamarca, e Amsterdã, na Holanda, onde a infraestrutura para bicicletas e sistemas públicos de mobilidade de alta qualidade reduziram significativamente as emissões.

O saneamento básico adequado é a terceira vertente. Não só melhora a saúde pública, mas também reduz as emissões de metano, um potente gás de efeito estufa, proveniente de esgotos mal geridos.

Tecnologias de tratamento de água e esgoto que utilizam energia renovável e processos biológicos podem transformar resíduos em recursos, como biogás e fertilizantes.

Espera-se que os processos de investimentos privados, como se pode inferir com a privatização da Sabesp em São Paulo, por exemplo, promovam novos avanços nessa área em nosso país.

Outro pilar fundamental é a gestão eficiente de resíduos. A destinação ecologicamente correta, a reciclagem, compostagem e a conversão de lixo em energia são práticas que devem ser ampliadas.

Cidades como São Francisco, nos Estados Unidos, que implementaram programas abrangentes nesse campo, conseguiram reduzir de modo significativo o volume encaminhado para os aterros sanitários, nos quais são expressivas e preocupantes as emissões de metano.

Finalmente, temos o pilar referente à transição para fontes de energia renovável, como solar, eólica e hidrelétrica, essenciais para um futuro mais sustentável.

A implementação de microrredes e sistemas de armazenamento de energia pode garantir um fornecimento estável para comunidades remotas e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Cidades como Reykjavik, capital da Islândia, que utiliza energia geotérmica para aquecimento e eletricidade, são exemplos inspiradores de como a energia renovável pode ser integrada ao planejamento urbano.

A integração de soluções em moradia, transporte, saneamento básico, coleta de lixo e energia reduz as emissões de gases de efeito estufa e melhora a qualidade da vida.

Entre a COP 29 e a COP 30, que será realizada em Belém do Pará no próximo ano, espera-se que os líderes mundiais empenhem-se de modo mais efetivo na adoção de estratégias e ações concretas na agenda do clima.

Mas, independentemente dos compromissos nacionais, os novos prefeitos e vereadores eleitos no Brasil em outubro último têm a imensa responsabilidade de trabalhar para que as cidades sejam mais sustentáveis.

Trata-se de uma prioridade inadiável.

Luiz Augusto Pereira de Almeida é diretor da Sobloco Construtora e membro do Conselho Consultivo do Secovi.

 

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