As repercussões geopolíticas da ação dos EUA no Oriente Médio | Boqnews

Opiniões

26 DE JUNHO DE 2025

As repercussões geopolíticas da ação dos EUA no Oriente Médio

Demetrius Cesário Pereira

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A entrada dos Estados Unidos em um conflito envolvendo o Irã e Israel representa um fator de escalada que extrapola os limites regionais do Oriente Médio, conferindo ao embate uma dimensão geopolítica mais ampla e, potencialmente, global.

A participação norte-americana altera significativamente a natureza do conflito, que deixa de ser essencialmente regionalizado para assumir contornos mais complexos, envolvendo atores com capacidades militares e diplomáticas de alcance mundial.

É importante destacar que, ao contrário de Israel, os Estados Unidos detêm um arsenal militar significativamente superior, inclusive em termos de capacidade de destruição de instalações nucleares.

Embora não haja comprovação de que o Irã possua armas nucleares, suas instalações são frequentemente alvo de preocupação internacional – e a intervenção dos EUA reforça essa percepção de ameaça, podendo justificar ações mais contundentes sob o argumento de prevenção.

Vale lembrar que os Estados Unidos foram parte do acordo conhecido como P5+1, que envolvia os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha, com mediação da União Europeia.

O objetivo principal desse acordo era limitar o enriquecimento de urânio por parte do Irã, visando impedir o desenvolvimento de armas nucleares. A retirada unilateral dos EUA do acordo, durante o governo Trump, fragilizou o compromisso multilateral e agravou as tensões.

No plano jurídico-normativo, tanto o Irã quanto os Estados Unidos são signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).

Israel, por outro lado, é um dos poucos países que não assinaram nem ratificaram o tratado, o que gera um desequilíbrio importante na percepção de legitimidade internacional.

Esse fator acentua a sensação de isolamento do Irã e pode servir de pretexto, por parte de Washington, para pressionar Teerã a retornar à mesa de negociações – ou, no limite, fomentar um cenário de mudança de regime.

Portanto, a presença dos Estados Unidos não apenas amplia a escala do conflito, mas também impõe novos condicionantes à diplomacia internacional e à estabilidade regional, com implicações diretas na ordem global e na arquitetura da não proliferação nuclear.

 

Demetrius Cesário Pereira é doutor em Ciência Política, gruaduado em Direito e em Relações Internacionais e professor do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes

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