Mesmo em campos políticos e ideológicos antagônicos, a possibilidade de realização de um primeiro encontro formal entre os presidentes Lula e Trump, anunciada pelo mandatário norte-americano durante a realização da Assembleia Geral da ONU, representa uma importante iniciativa para o restabelecimento das relações comerciais entre o Brasil e os EUA, comprometidas pelo tarifaço imposto a parte dos produtos brasileiros de exportação.
Mesmo com divergências em relação à validade das sanções adotadas contra integrantes do judiciário brasileiro e à ingerência em questões que se relacionam com a política nacional, espera-se das duas lideranças a compreensão de que a retomada das boas relações de comércio trará benefícios a ambas as partes, evitando que setores empresariais continuem sendo penalizados injustamente.
Apesar de sua inegável influência e importância para a manutenção da estabilidade mundial, e a grande contribuição à ciência e ao surgimento de novas tecnologias, o modelo desenvolvimentista norte-americano tem pecado pelo excesso de soberba e, por isso, carece agora de um melhor entendimento sobre como lidar com as nações que ganharam maior projeção no cenário mundial, como é o caso da China e também do Brasil.
Nesse sentido, cabe ao presidente brasileiro buscar caminhos de convergência com o mandatário norte-americano, refazendo laços de cooperação com um antigo aliado e, sobretudo, recolocando o Brasil no papel de importante parceiro estratégico para o desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis e como destino seguro para investimentos nos setores industriais e de infraestrutura.
Da mesma forma, o encontro propicia a oportunidade de se estabelecer de um novo patamar nas relações entre os dois países, a partir de uma agenda pragmática e direcionada à construção de meios capazes de sobrepor vaidades e interesses pessoais.
O diálogo aberto e franco sempre será a melhor maneira para se estabelecer relações com bases duradouras, apesar dos ideários antagônicos defendidos por Lula e Trump, ambos questionados por contradições e pelo radicalismo na defesa de seus valores e forma de agir perante o mundo.
Nesse momento, o censo e a altivez para superar divergências são esperados dos dois líderes, de forma a que resulte em ações que beneficiem brasileiros e norte-americanos.
Conflitos e posições intransigentes em nada contribuem para aparar diferenças, pois só aumentam o distanciamento do ambiente de paz e prosperidade que todos desejam.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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