A igreja do Embaré completou, no último dia 19 de setembro, 150 anos sem grandes festividades mas com olhar para o futuro.
Assim, além do aumento do número de fieis, entregou completamente reformado o Órgão para uso nas missas.
Da mesma forma, pretende finalizar a construção do Centro Pastoral até janeiro de 2026.
Também quer lançar a segunda edição de um livro sobre imagens e a arquitetura da Basílica.
No entanto, em seus primórdios, era apenas a Capela na “Orla da Barra”, passando por igreja, até chegar em 1952 ao título de Basílica Menor Santo Antônio do Embaré.
Quando inaugurada, em 1875, o local era uma grande chácara pertencente a Antônio Ferreira da Silva, então Barão do Embaré (após sua morte, tornou-se Visconde).
Portanto, o bairro do Gonzaga, um dos primeiros bairros da orla santista, ainda nem existia, sendo oficializado apenas na década seguinte.
Da mesma forma, Santos ainda não era uma Diocese própria, o que se consolidou apenas em 1924
A capelinha tinha como intuito, apenas ser um local para que seus funcionários pudessem rezar.
DE CAPELA PARA IGREJA
A Viscondessa do Embaré, após tornar-se viúva, decide entregar a capela e uma boa quantia de dinheiro, em testamento, para qualquer Irmandade ou grupo religioso que prometesse cumprir uma única condição: fosse realizada uma missa em memória do casal, na data de nascimento e morte do Visconde.
Assim, o ex-barão nasceu e morreu na mesma data, 21 de dezembro, então é comum ouvir que a data é em prol do seu nascimento.
Se forma, em 1897, uma entidade para assumir o dinheiro e consequentemente a Capela, aceitando esta condição da cerimônia religiosa, que é realizada até hoje.
No entanto, com a demora da criação da Irmandade, o dinheiro acaba não vindo, devido a um imbróglio judicial com a herança da família do Visconde.
Isso fez com que a Capela ficasse abandonada por cerca de 10 anos por falta de recursos.
No meio da disputa judicial pelos bens de Antônio Ferreira, o terreno da capela passa para Mitra Diocesana.
Por sua vez, ela designa o padre Gastão de Moraes para seu comando e para realizar as reformas necessárias.
Em 1915 um novo templo é inaugurado no mesmo local, só que mais amplo.
Contudo, padre Gastão passa a ter problemas com a arquidiocese de São Paulo, responsável pelas paróquias santistas, decidindo então entregar a igreja para administração dos seus atuais dirigentes, em 1922, a Ordem dos Frades Capuchinhos.
Assim, os frades administravam uma área que ia do Embaré até a Pompéia e da Igreja São Benedito até a Igreja São José.
Portanto, fazendo-se necessário a construção de um novo templo, que se consolidou em 1926 com a inauguração da Igreja de Nossa Senhora do Rosário Pompéia.
BASÍLICA
Com a paróquia da Pompéia, eles percebem que a igreja do Embaré era pequena para sua estrutura e demanda, decidindo por uma nova ampliação.
Para isso foi necessário a demolição da igreja e construção da Basílica, inaugurada em 1945.
Assim, existe uma lenda de que o arquiteto dessa obra foi o mesmo da catedral da Sé, Maximilian Emil Hehl.
No entanto, segundo o historiador do templo, Danilo Brás dos Santos, ele foi o arquiteto da Igreja que sucedeu a Capela.
A paróquia aproveitou os vitrais para a nova igreja em cima do altar.
Neles haviam nome de santos e de pessoas da família do Visconde do Embaré.
Em 1952, o Papa Pio XII elevou o templo à condição de Basílica.

Foto: Ronaldo Tarallo Jr
PÁROCOS
Nos dias de hoje, a Basílica é comandada pelo Frei Paulo Henrique Romeiro.
É o único sacerdote ordenado ali no Embaré até o momento, no dia 15 de maio de 2011.
Todavia, o padre mais famoso do Embaré, foi o Frei Germano, que foi pároco por quase 60 anos, entre meados da década de 1950 até os anos de 2010.
Segundo o Frei Paulo, durante seu tempo à frente do templo do Embaré, viu o número de fiéis crescer, por ter absorvido parte dos fiéis da igreja São Benedito.
Também por considerar que a comunidade tem realizado um bom trabalho de acolhimento aos que procuram por Deus.
“Nosso trabalho é de abraçar a comunidade, sem distinção de qualquer espécie. Tento sempre conversar com todos 15 minutos antes de cada missa, ficando na entrada da Basílica à disposição daqueles que quiserem uma palavra ou tirar uma dúvida”, conta o pároco.
Assim, até o final deste ano, ainda pretende terminar a construção do Centro Pastoral, localizado ao lado da igreja, na Rua Padre Visconti, já utilizado nas quermesses e festas.

Foto: Ronaldo Tarallo Jr
CASAMENTOS
Santo Antônio é conhecido pela sua fama de casamenteiro e a basílica do Embaré sempre foi uma das mais requisitadas.
Por isso, atualmente são realizados entre 60 e 70 casamentos por ano, sendo a agenda aberta anualmente.
No entanto, a exceção para realização é o período entre junho e julho devido às festividades do santo padroeiro da paróquia.
FIÉIS
A igreja realiza missa todos os dias da semana e fora de comemorações religiosas ou de santos católicos.
Assim, o dia com maior número de celebrações e de fiéis é o domingo, acolhendo inclusive pessoas que estão apenas de passagem pela cidade.
Embora tenha perdido muitos fiéis no final do século passado, quando a Prefeitura retirou o estacionamento de sua entrada, a mudança de hábito das pessoas com relação ao uso do carro nos últimos anos tem ajudado a comunidade do Embaré a crescer.
As amigas Sueli Teixeira e Maria Elizabeth, de 69 e 70 anos, que frequentam a basílica desde antes de se aposentarem, enquanto moravam em São Paulo e mantinham apartamentos de veraneio na cidade.
“O Frei Paulo é muito agregador, estamos morando em Santos há 15 anos e escolhemos a igreja do Embaré, além da comodidade por morarmos a quatro prédios daqui, mas também pela forma que o Frei conduz isso aqui.”, contam as amigas.
Osvaldo Rodrigues Júnior, de 55 anos, tem sua história de vida misturada com a Basílica.
Lá foi batizado em 1970, ainda bebê, mas ao longo da vida se afastou totalmente da caminhada cristã e consequentemente da igreja

Foto: Ronaldo Tarallo Jr
MUDANÇA
Assim, apenas em abril de 2022 tudo mudou, após um exame de consciência, se confessou na Paróquia Sagrado Coração de Jesus.
Logo após, sentou-se num banco da praia e decidiu ir numa missa.
Ao consultar onde seria a próxima missa daquele dia, viu que era no Embaré.
“Após este dia foi onde permaneci até hoje! Alguns meses depois fiquei sabendo da abertura do Grupo Iniciação da Vida Cristã (IVC), pois ainda não tinha o Sacramento da Crisma, fiz a inscrição para o curso e pude ser Crismado no Domingo de Pentecostes de 2024”, conta o fiel
Desde que voltou a frequentar a paróquia, Osvaldo conta que a maior mudança que notou, além de si próprio, foi a criação do Movimento do Terço dos Homens, que ajudou a fundar.
O início do Movimento surgiu dentro do Grupo da IVC.
Lá ficaram sabendo também que sempre foi da vontade do Frei Paulo implantar este Movimento, porém faltava o ponta pé inicial.
Ele foi junto com o pároco e mais dois colegas do IVC até um encontro do Terço dos Homens da Paróquia Nossa Senhora Aparecida para conseguir maiores detalhes e enfim iniciaram a reza semanal às segundas-feiras, no dia 09 de setembro de 2024.
ELE ESTÁ VIVO!
Perto do final de 2022, após uma forte chuva, Danilo Brás dos Santos, decide ver como estava o órgão da igreja, desativado desde 1992 por falta de manutenção, por medo de haver focos de dengue. Ao entrar dentro do instrumento e analisar tudo, liga para o Frei Paulo e diz: Ele está vivo!
Assim imediatamente o pároco vai ao encontro de Danilo e ao verificar que o instrumento de 1317 tubos e dois andares ainda funcionava, cancela os planos de sua desmontagem e inicia a saga de saber como restaurá-lo.
Portanto, após receber orçamentos que variavam de 1 a 1,1 milhão de reais, define em janeiro de 2023 que o desafio deveria ser dado a Brás.
Ele já havia sido responsável por restaurar as pinturas do teto do templo e por ser formado em artes com especialização em restauro.
Assim, o desafio foi imediatamente aceito, todavia, o trabalho seria feito somente por ele.
Da mesma forma, deveria ocorrer em total segredo para não se alimentar falsas esperanças na comunidade caso o objetivo não fosse alcançado.
Contudo, o restaurador por não ser funcionário da paróquia, só podia realizar a reforma aos fins de semana e durante seu horário de almoço de segunda a sexta.

Foto: Ronaldo Tarallo Jr
AUTOMATIZADO
Portanto, ao longo do restauro foi descoberto que o órgão era automatizado e diversos percalços tiveram que ser superados tanto na obra como na vida pessoal.
Isso porque, Brás teve que ajudar a mãe adoecida, que faleceu pouco antes da entrega do instrumento de volta à paróquia.
A imponente estrutura é feita de madeira e metal foi inaugurado em 1949.
Sua construção se deu a partir das peças de outro instrumento importado anos antes da Alemanha.
Em 13 de junho de 2025, dia de Santo Antônio, o órgão foi reinaugurado.
O instrumento foi totalmente automatizado para o digital, mas também sendo possível tocá-lo de forma manual.
O custo total foi de cerca de 110 mil reais, centenas de horas de estudo e totalmente bancada pelo dízimo pago pelos fiéis.
Atualmente a Paróquia do Embaré conta com cerca de dez funcionários para atendimento, manutenção e zeladoria.
É responsável pela Comunidade Santa Rita, pela Capela do Colégio Stella Maris, ambos no bairro do Boqueirão em Santos.
Também mantém a Comunidade Terapêutica de Nossa Senhora da Piedade, no Guarujá.

Fotos: Ronaldo Tarallo Jr
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