A megaoperação policial em favelas do Rio de Janeiro, que resultou em mais de uma centena de mortes, mais uma vez revela de forma trágica a urgente necessidade de adoção de medidas concretas de combate ao crime organizado.
Mais do que comandar a venda de drogas, as quadrilhas se uniram às milícias e, assim, ampliaram o espaço de atuação com a conquista de territórios onde submetem grandes contingentes populacionais a leis próprias, controlando acessos e obrigando o consumo de produtos e serviços clandestinos, consolidando uma nova dinâmica criminosa que despreza regras que normatizam a vida em sociedade.
Essa realidade, que se tornou comum em núcleos de favelas e morros de diversas cidades brasileiras – e que tem no Rio de Janeiro o quadro mais emblemático -, não pode mais ser aceita de forma passiva.
Ocupando posições estratégicas, com modernos armamentos e sistemas de informação, os marginais têm revelado uma audácia nunca vista e a firme disposição de resistir à polícia, tornando cada vez mais difícil recuperar a soberania nesses locais.
Fortalecidos pela negligência das administrações públicas, omissas no atendimento das demandas sociais básicas, e favorecidos pela vigência de decisão judicial que impedia ações policiais em áreas dominadas, traficantes e milicianos consolidaram estratégias semelhantes a grupos terroristas.
Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida das comunidades impõe muito mais do que periódicas incursões policiais traumáticas, método que tem se mostrado como mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou.
Portanto, torna-se imperioso restabelecer a ordem por meio da ocupação e permanência das forças militares nos territórios dominados pela marginalidade.
Da mesma forma, é preciso introduzir medidas sociais cabíveis para o desenvolvimento de projetos que elevem a qualidade de vida dessas comunidades para reconquistar a confiança das populações residentes.
Somente com a mobilização e união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal será possível para vencer a guerra contra o crime organizado, iniciativa que por certo contará com o apoio irrestrito da sociedade e, principalmente, de milhares de famílias obrigadas a viver sob o fogo cruzado.
Nesse sentido, mas do que alimentar guerra de narrativas com a intenção de conquistar dividendos eleitorais, cabe as autoridades constituídas o dever de direcionar todos os esforços para evitar a repetição cotidiana de ocorrências dessa natureza.
Coibir crimes representa a imposição do desejo de preservar o estado de direito e a garantia de liberdade e cidadania às atuais e futuras gerações.

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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