O crescente aumento de casos de crianças, adolescentes e adultos com TEA – Transtorno do Espectro Autista não tem acompanhado a formação por novos profissionais em áreas com atendimento a este público.
Assim, falta mão de obra em segmentos da saúde, especialmente Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, entre outras.
Na região, de forma presencial, o curso de Terapia Ocupacional é apenas oferecido pela Unifesp.
A partir do próximo ano, a Unisanta passará a oferecer a modalidade (previsão de 120 vagas – 60 manhã e 60 noturno).
Já o curso de Fono é ministrado apenas pela Unilus.
Diante do cenário de alta demanda, com a necessidade crescente de ampliar os atendimentos, mas com a escassez de profissionais, há um impasse.
Equacionar os custos crescentes com a alta procura por profissionais, valorizados em razão da relação oferta-procura, no mercado de trabalho.
Resultado: os planos de saúde, que são obrigados legalmente a oferecer este serviço seja em sua unidade própria ou fazendo convênios com clínicas terceirizadas, acabam destinando recursos expressivos para este fim.
E no meio desta situação, ficam as famílias e filhos atípicos.
Aliás, o surgimento de clínicas especializadas decorre desta demanda crescente para atendimento aos pacientes e seus familiares.
Entender a complexidade desta situação foi uma das pautas do Jornal Enfoque desta segunda (10).
O programa trouxe como convidados Guilherme Reis, coordenador geral do Centro de Reabilitação Neurológica Mateus Alvares e Rodrigo Sessa, diretor administrativo da instituição.
Eles falaram sobre os objetivos da instituição e a importância na continuidade no tratamento das crianças com os profissionais, formando vínculos de apoio e confiança.

Rodrigo Sessa (à esq) e Guilherme Reis (à dir) participaram do Jornal Enfoque desta segunda (10). Foto: Felipy Brandão
Crescimento
Criada há oito anos, o centro conta com 21 unidades espalhadas pelo interior e litoral paulista.
Em outubro, inaugurou a Casa Matheus Alvares, com 3 mil m2, em Praia Grande, no litoral sul paulista, homenagem ao filho do casal fundador da instituição.
A casa oferece sala de descompressão multissensorial, cozinha industrial, cinema/teatro, ginásio de Psicomotricidade, além de Game Zone equipada com recursos tecnológicos.
Além de consultórios médicos e odontológicos e um salão de beleza inclusivo, voltado às famílias que encontram dificuldades no acesso a serviços especializados.
Assim, a própria clínica sente a questão da falta de mão-de-obra, a ponto de ter um imóvel próprio para atrair colaboradores de outras regiões.
A situação, porém, não se restringe à Baixada Santista.
“É um problema também em outras localidades”, destaca Reis.
Atualmente, com base em estudos científicos americanos, a cada 36 crianças nascidas nos EUA, uma tem o transtorno.
E esta relação tem caído de tempos em tempos.
Tais indicadores servem como referência em âmbito nacional.
Para se ter uma ideia, apenas na rede municipal de Santos, quase 7% das quase 26 mil matriculadas na rede municipal são formadas por crianças diagnosticadas com TEA.
Santos, aliás, é uma das poucas cidades no Brasil que mantém uma clínica-escola voltada para crianças com TEA.
Mesmo assim, a demanda é crescente e limitada.
Assim, diante do crescimento nos atendimentos, a clínica se coloca como apoio para atender o público, especialmente por meio de convênios dos planos de saúde.
“Atualmente, são 40 operadoras credenciadas”, acrescenta Sessa.

Casa Matheus Alvares foi entregue em outubro em imóvel de 3 mil m2 em Praia Grande, no litoral sul paulista. Foto: Divulgação
Poder Público
Durante o programa, os convidados falaram também sobre a importância de integração do Poder Público com as clínicas existentes de forma a atender a demanda crescente.
Hoje, muitos familiares esperam por meses para seus filhos recebam o atendimento adequado em alguma clínica – pública ou conveniada.
Dessa forma, é muito comum as mães assumirem sozinhas esta responsabilidade – com a ausência ou abandono do pai da criança – ao se deparar com o quadro após o laudo da criança.
Deixam, inclusive, de trabalhar, criando uma dependência cada vez maior por políticas públicas sociais. E um círculo vicioso onde todos perdem.
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