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Opiniões

21 DE NOVEMBRO DE 2025

Valorizar os povos da floresta

Humberto Challoub

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Motivo de controvérsia e preocupação de ambientalistas, as questões que envolvem a preservação das florestas destacadas na COP 30 realizada em Belém têm adquirido cada vez mais relevância, não apenas pelos reflexos ambientais que podem produzir ao planeta, mas sobretudo pela necessidade de se dar mais atenção às populações que habitam áreas nativas.

Mais do que nunca se evidencia a necessidade de valorizar a importância dessas comunidades, que devem ser vistas como parceiros estratégicos na defesa da soberania nacional em territórios que cada vez mais despertam a cobiça de nações estrangeiras.

Vítimas no processo de colonização e marginalizados durante décadas pelo total desprezo aos seus valores culturais, povos da floresta sempre foram subjugados pelo interesse na exploração das riquezas naturais e minerais contidas nas áreas por eles ocupadas, sendo invariavelmente relegados à condição secundária nas prioridades definidas pelo Estado.

Apesar do reconhecimento de alguns avanços obtidos no trato das questões indígenas e dos povos ribeirinhos, grande parte dessas comunidades ainda não gozam dos plenos direitos de cidadania. Daí os conflitos intermitentes gerados pelo desrespeito aos seus valores fundamentais, baseados na possibilidade de sobrevivência em terra fértil.
A negligência no trato adequado dessas populações produziu, ao longo da história de formação da identidade nacional, o ambiente ideal para a ação de oportunistas e à proliferação de entidades estrangeiras interessadas em melhor conhecer as riquezas abrigadas na floresta tropical, camufladas sob a égide da benemerência e de falsos princípios humanitários.

As extraordinárias possibilidades oferecidas pelas regiões nativas existentes da floresta tropical já são por demais conhecidas como significativos mananciais de matérias-primas, especialmente para mineradoras e indústrias químicas e farmacêuticas.

Nesse sentido, além de fazer valer direitos fundamentais, o debate sobre as questões amazônicas, obrigatoriamente, deve focar propostas que estabeleçam reais e efetivos canais de integração daquelas comunidades, assegurando a proteção de bens culturais e territoriais de valores inestimáveis.

As promoções de ações paternalistas ou estereotipadas têm pouca serventia.

Por isso, é de se esperar que sejam estabelecidas diretrizes factíveis visando a comunhão dos interesses econômico e ambientais às necessidades atuais e futuras das populações nativas que habitam as florestas, sem o que não se conseguirá alcançar o desenvolvimento sustentável.

 

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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