As exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) em matéria de rigor financeiro enfraqueceram os sistemas de saúde dos países africanos mais afetados pelo ebola e impediram uma resposta coordenada para lutar contra a epidemia, dizem pesquisadores.
De acordo com especialistas do Departamento de Sociologia das universidades de Cambridge, de Oxford e da Escola de Higiene & Medicina Tropical de Londres, os programas de reforma exigidos pelo FMI atrasaram o desenvolvimento de serviços de saúde eficazes na Guiné-Conacri, Libéria e em Serra Leoa, os três países mais afetados pela epidemia, que deixou mais de 7.300 mortos em um ano.
“Uma das principais razões da expansão da epidemia foi a fraqueza dos sistemas de saúde da região”, disse o principal autor do estudo, o sociólogo de Cambridge, Alexander Kentikelenis.
“Os programas defendidos pelo FMI contribuíram para os problemas de falta de meios financeiros, de pessoal e de preparação dos sistemas de saúde nos países mais afetados” acrescentou.
Os pesquisadores analisaram as políticas implementadas pelo FMI antes da epidemia, utilizando os dados fornecidos pelos programas de empréstimos financeiros acordados pela instituição entre 1990 e 2014, e os seus efeitos na Guiné-Conacri, Libéria e em Serra leoa.
Segundo os peritos, a área de saúde desses países ficou debilitada pelas exigências de reformas econômicas e a redução das despesas públicas e dos salários, além da descentralização dos sistemas do setor.
O porta-voz lembrou que o FMI concedeu, em setembro, ajuda financeira de US$ 130 milhões no quadro da luta contra o ebola, destacando que a instituição planejava fornecer quantia idêntica à Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa no próximo ano.