
Um em cada três crianças brasileiras menores de 2 anos tem o hábito de beberem refrigerantes, o que contribui para o aumento da obesidade infantil
Quase um terço das crianças com menos de 2 anos tomam refrigerante ou suco artificial, apontou a Pesquisa Nacional em Saúde, divulgada nesta sexta-feira (21) pelo IBGE.
De acordo com a pesquisa, 32,3% das crianças nessa faixa etária tomam refrigerante ou suco. Esse percentual aumenta nas regiões de maior renda do país, como Sul (38,5%), Centro-Oeste (37,4%) e Sudeste (34,2%).
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Eduardo da Silva Vaz, os refrigerantes e sucos artificiais são ricos em açúcares e totalmente contraindicados para as crianças nessa faixa etária.
Atualmente, explicou ele, a obesidade infantil é um problema mundial e o Brasil não fica de fora. O excesso de consumo desses produtos pode levar a diabetes na adolescência e na fase adulta.
Além do problema com o açúcar, esses produtos também podem levar a sobrecarga no rim, devidos aos conservantes, muitas vezes com sódio.
Vaz explica que não é necessário vetar completamente o refrigerante -durante uma festinha, por exemplo- ou suco artificial -muito dado nas escolas e creches- mas é preciso estar atento para a alimentação das crianças.
“Atualmente temos muito poucos casos da desnutrição infantil clássica. Temos, sim, desnutrição por falta de determinadas vitaminas, mas não por falta de alimentos em geral. O grande problema atual é a obesidade infantil. Esse habito alimentar vai cobrar seu preço nas fases da adolescência e adulta”, disse.
Vaz alerta também que nem mesmo o suco natural é indicado livremente, já que eles contém também altos teores de frutose, o açúcar natural das frutas.
“A questão é que para você fazer um suco de laranja, você precisa de cinco laranjas. É melhor que você dê uma fruta para a criança comer, que ela tem a fibra que rebate o açúcar. Não é totalmente contraindicado, mas você não deve passar de 200 ml de suco por dia”.
Bolacha
A pesquisa do IBGE mostrou também que 60,8% das crianças menores de dois anos consomem biscoitos, bolachas ou bolos. Vaz explica que a partir de um ano a criança já está liberada para comer alimentos sólidos.
Biscoitos, desde que não sejam recheados -esses têm muita gordura trans-, e bolos podem ser dados às crianças na hora do lanche. O perigo de usar em excesso, explica, é que os doces acostumam mal o paladar dos pequenos, que podem ter dificuldade para comer alimentos mais saudáveis, certamente menos apetitosos que alimentos ricos em açúcar. “Não aconselhamos introduzir doces nessa faixa etária”.
“Uma outra recomendação é que a família tente fazer pelo menos uma refeição por dia junto, com a criança interagindo com os pais à mesa, com a TV desligada. Isso, além de ser importante na educação alimentar, ajuda no desenvolvimento da personalidade da criança e dá a ela mais autoconfiança, porque ela vê ali uma oportunidade de se abrir com a família, uma segurança maior nos pais”, afirmou.

Mulheres acima de 35 anos apresentam maior obesidade que os homens, segundo a pesquisa. (Foto: Divulgação)
Obesidade é maior entre as mulheres
O percentual de mulheres que sofrem de obesidade é maior do que o de homens nessa condição, apontou a Pesquisa Nacional de Saúde.
De acordo com o estudo, a partir dos 35 aos 44 anos as mulheres passam a ter maior percentual de sua população com sobrepeso. Nessa faixa etária, por exemplo, 63,6% das mulheres apresentaram excesso de peso, enquanto os homens, 62,3%. Os homens lideram no sobrepeso até a faixa que vai de 30 a 34 anos. Mulheres lideram, contudo, nas faixas subsequentes.
As mulheres também estão na frente -desta vez em todas as faixas etárias- no percentual da população obesa, que é quando o IMC (Índice de Massa Corporal) é igual ou maior ou igual a 30 quilos por metro quadrado.
A faixa que apresentou maior obesidade entre as mulheres é de 55 a 64 anos de idade, com 32,2% da população feminina nessa condição, enquanto o percentual de homens é de 23%.
A circunferência da cintura, um indicadores de excesso de peso que pode indicar tendência a problemas cardíacos, é maior nas mulheres que nos homens.
Das mulheres de 30 a 34 anos entrevistadas, 42,1% possuíam a chamada circunferência da cintura aumentada, ou seja, acima do ideal. O número aumenta gradativamente nas faixas etárias seguintes até os 65 a 74 anos, quando 70,7% das mulheres se encontram nessa situação. Homens nessa condição correspondem a 38,4% do total da faixa etária.