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15 DE JANEIRO DE 2016

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Incêndio mostra falta de planejamento estratégico no Porto de Santos

Especialista destaca que falta bons planos de prevenção e de contingência para minimizar os impactos em caso de incidentes como este

Por: Da Redação

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Na última quinta-feira (14), o maior Porto da América Latina foi novamente atingido por um incêndio de grandes proporções. Desta vez foi na margem esquerda, nos contêineres de armazenagem de produtos químicos no terminal da Localfrio, em Guarujá. O fato ocorreu nove meses após um dos maiores desastres do porto: o incêndio na Ultracargo, na margem santista.
Foram aplicadas multas, mas diante deste recente incêndio ficou visível que a segurança da área assim como de toda a população continua vulnerável. Faltou um plano estratégico e rápido que permitisse que moradores da região soubessem o quanto antes o que estava acontecendo e o que fazer.

Os dois fatos, porém, não são isolados e aconteciam de forma mais espaçada ao longo da história do Porto. Os anos de 1951, 1969, 1991 e 1998 foram marcados por grandes incêndios. Em 2013 e 2014, outros três ocorreram em terminais de açúcar. Na época, especialistas – como o engenheiro, professor universitário, ex-gerente da Cetesb e ex-secretário de Meio Ambiente de Guarujá, Élio Lopes, declarava que os incêndios dos terminais de açúcar foram motivados por um somatório de desconformidades do ponto de vista ambiental e de segurança. Parece que o cenário não mudou tanto e a região presenciou em menos de um ano dois grandes incidentes ambientais.

“Por desconformidades, falta de manutenção, ou por não seguir realmente as normas regulamentadoras. A cada momento aparecem motivos que proporcionam acidentes como estes. O problema é a proximidade dos terminais com a população e a falta de planejamento”, ressalta.

O engenheiro também ressalta que uma coisa são as medidas preventivas, outra ainda mais preocupante é não ter qualquer plano de contingência bem elaborado. “Isso ajudaria a minimizar os efeitos e as informações necessárias para agir com mais rapidez. Demorou quase um dia para se saber a substância exata no incêndio da Localfrio. Como o próprio Corpo de Bombeiros pode agir com segurança? Não tem alicerce de carga, não tem mapeamento de onde esta cada contêiner. O risco é alarmante. Não podemos mais aceitar esta situação”, destaca.

Diante do cenário, o Ministério Público de Guarujá instaurou inquérito civil para investigar os danos ambientais decorrentes do incêndio. A Câmara Municipal do Guarujá também instaurou a criação de uma comissão que ficará incumbida de apurar todos os fatos relacionados ao episódio.

De acordo com o vereador de Guarujá, Luciano Lopes, falta responsabilidade e maior fiscalização nestes terminais. Para ele, a região, vive em constante perigo. “Se perguntar o que foi feito do acidente na Ultracargo até hoje, a resposta é nada, ou quase nada”, ressalta o edil que questiona a falta de retorno obtida em razão do requerimento, que questionava a existência de um plano de prevenção a acidentes e catástrofes nos terminais portuários. Documento este que fez levantamento dos demais incêndios que já ocorreram no maior porto da América Latina.

De acordo com nota enviada pela Codesp, a companhia realiza a fiscalização da movimentação do cais e conhece os produtos perigosos que são movimentados nos terminais arrendatários. Neste caso, a companhia, “participou ativamente, bem como atuando como um dos membros da célula de crise criada no local e coordenada pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo e Defesa Civil Municipal e Estadual, além de componentes da Cetesb, da Localfrio, Ibama e Exército”. A Localfrio apenas se limitou a divulgar uma nota, sem explicações detalhadas.

Nuvem tóxica
Até o fechamento da edição, a nuvem tóxica continuava preocupando os moradores da região. O pico do problema aconteceu na quinta-feira ao longo de todo o dia até a madrugada de sexta, quando a nuvem atingiu bairros de Santos. Ao todo, mais de 130 pessoas foram atendidas até a sexta-feira (15) em unidades médicas de Santos, Guarujá, Cubatão e São Vicente, com problemas de saúde causados pela inalação da fumaça tóxica.

Posição da empresa
Em nota, a Localfrio se limitou a informar o acidente com um contêiner armazenado em seu Terminal I, em Guarujá, com ácido dicloro isocianúrico de sódio. “Os motivos do acidente estão sendo apurados por técnicos contratados e brevemente forneceremos mais informações. A empresa está avaliando o ocorrido a fim de tomar todas as medidas necessárias para minimizar as consequências do ocorrido”.

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