31 de agosto de 2016. A data entrou na história recente com a decisão da maioria dos senadores pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e como consequência a posse definitiva do governo interino, presidido por Miche
l Temer.
Assim como em todo o País, Santos também teve no dia manifestações a favor e contra a decisão do Senado. No momento da votação final, por exemplo, era possível ouvir fogos por toda a Cidade em comemoração aos 61 votos a favor da queda da ex-presidente. Já no final do dia, manifestantes se reuniram no Gonzaga, na Praça da Independência, em ato contrário à posse de Temer, que percorreu pela avenida da praia.
O próximo protesto já tem data marcada: será na sexta-feira (9), a partir das 18h30, na Praça dos Andradas, no Centro de Santos. Mais de 300 pessoas já confirmaram presença em evento criado no facebook e outras 500 se mostraram interessadas em participar.
Em São Paulo, o ato marcado para este domingo (4), na Avenida Paulista, já gera confusão. Enquanto a Secretaria de Segurança Pública vai proibir, movimentos contra o governo atual dizem que o manterão.
Para o historiador e doutor em História e Economia pela USP, Ricardo Rugai, a tensão tende a ficar ainda pior e inflamar. “Não será mais só uma reação de quem defende a Dilma ou o PT. Passartá a ser um cenário de que de um lado estará o governo Temer e as forças que o apoiam e do outro uma parcela da população, principalmente a trabalhadora. Passará a entrar em cena uma polarização que não será mais apenas partidária ou ideológicas, mas de classe e isto é algo bem mais sério. De que forma a classe trabalhadora vai reagir ainda está em aberto, mas deve mudar bastante a partir de agora”, ressalta.
Em entrevista publicada em abril deste ano, Ricardo Rugai já havia declarado que atrás de todo o processo estavam questões econômicas, muito mais que de corrupção e ética. “Isso se confirmou e foi além. Basta ver a composição do atual governo. E o próprio já fala das reformas Trabalhista e da Previdência, algo que afeta o bolso das pessoas e por outro lado melhora a lucratividade das empresas. Estes são os principais alvos do Governo a partir deste momento. “, explica.
Reflexo local
A Baixada Santista tem uma grande porcentagem de pessoas aposentadas. “Isso terá um impacto direto na renda”, acredita o jornalista e consultor em finanças públicas, Rodoldo Amaral. Para ele, o impacto será forte nas cidades do litoral. Mudança que comprometerá a renda principalmente no futuro.
Outra questão importante levantada será o reflexo nas prefeituras, com o congelamento dos gastos púbicos para índices abaixo da inflação. “Congelar o salário do funcionalismo afetará uma parcela da população importante”, explica Rugai. Para Rodolfo, isso também significa dizer que se a Saúde está ruim, por exemplo, vai continuar da mesma forma.
“Não sabemos o que virá de flexibilização dos direitos trabalhistas, mas se o negociável prevalecer sobre o legislado, isso pode aumentar terceirizações entre outras perdas de direito, principalmente nos setores industriais, em Cubatão, e portuário”, diz Ricardo.
Setor Portuário
Na atividade portuária, Amaral nãoacredita em avanços com o governo antes interino e agora definitivo. “Ao invés disso, com esta contenção de despesas e diminuição de ministérios, o governo acabou com a Secretaria de Portos, um retrocesso. Isso porque o Temer quando deputado teve, em determinado período, influências diretas no Porto de Santos com nomeações para presidência da Codesp”, diz.
Rodolfo acredita que os deputados que têm boa relação com o atual presidente podem tentar utilizar esta aproximação para promover avanços. “Se o governo conseguisse pelo menos executar o orçamento que ano a ano é colocado na Secretaria dos Portos e que não vem sendo devidamente executado já seria um avanço. A média, no período que vigorou a secretaria, era de 30%. A Codesp vem chegando no patamar de 50%”, explica. “Cabe-nos ter boas perspectivas, mas eu não tenho elementos práticos e objetivos para sonhar com dias melhores”.