Acidente reforça a dúvida sobre os riscos oferecidos pelos terminais | Boqnews
Foto: Divulgação

Incêndio na Alemoa

10 DE ABRIL DE 2015

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Acidente reforça a dúvida sobre os riscos oferecidos pelos terminais

Somado aos dois sinistros ocorridos nos terminais na Ilha Barnabé, trazem à tona a velha desconfiança a respeito do risco da armazenagem de graneis líquidos

Por: Da Redação

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Afinal, os santistas vivem ao lado de verdadeiros barris de pólvora?

Oito dias e quase de 200 horas depois do início do maior incêndio da história do País e o segundo no mundo – levando em conta o número de bombeiros empregados – o fogo finalmente parou de consumir os tanques da Ultracargo, no Distrito Industrial da Alemoa, em Santos. As equipes permanecerão no local para monitoramento térmico dos tanques nos próximos dias.

Apesar de não ter feito vítimas, o acidente somado aos dois sinistros ocorridos nos terminais na Ilha Barnabé na década de 90 trazem à tona a velha desconfiança da sociedade a respeito do risco oferecido pelos dois locais de armazenagem de graneis líquidos de Santos: o Distrito Industrial da Alemoa e a Ilha Barnabé. Afinal, os santistas vivem ao lado de verdadeiros barris de pólvora?

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios Derivados de Petróleo e Combustíveis de Santos e Região (Sindminérios), Adilson Lima, uma semana antes do incêndio na Ultracargo houve um vazamento de aproximadamente 400 mil litros de combustível durante uma operação em uma casa de manobras do mesmo local. O líquido ficou represado e felizmente não houve qualquer fator de ignição. Caso ela ocorresse, outra tragédia poderia ter ocorrido antes. “Ouvi durante 25 anos que a Ilha Barnabé era um barril de pólvora. Mas não podemos esquecer da presença de gasodutos dentro do parque industrial. Se for assim, o Distrito da Alemoa é um paiol”, diz.

Além disso, Lima afirma que o sindicato recebeu denúncias de falhas de procedimento no manuseio de benzeno e derivados por parte da Ultracargo em novembro do ano passado.

Reuniões estavam previamente marcadas para a última semana. Contudo, o incêndio adiou o encontro.

Estrutura
Na Alemoa, existem pelo menos 376 tanques divididos por três empresas operantes (175 na Ultracargo, 112 na Vopak e 89 na Stolthaven). Somados aos da Ilha Barnabé, são cerca de 500 reservatórios armazenando combustíveis, gases e ácidos. Segundo o consultor portuário, fundador e ex-diretor da ABTL, Sérgio Aquino, todos os tanques de graneis líquidos seguem os padrões mundiais e as normas preconizadas pela Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “O acidente foi um ponto fora da curva, mas é um marco na história. Com certeza, ele será objeto de estudo para uma eventual revisão de normas”.
Para funcionar, todos os terminais necessitam de licenças expedidas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), ANP, além, é claro, do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABLT), Mike Sealy, disse em entrevista ao Jornal Enfoque, que ocorreu um acúmulo de incidentes e que o cenário é bastante dinâmico (detalhes na página 6). Até agora, a causa que motivou a tragédia e o motivo pelo qual os procedimentos de combate a incêndio não funcionaram efetivamente, de maneira que o avanço das chamas fosse impedido preliminarmente, são uma incógnita. “É um divisor de águas para todos nós. Projetos, equipamentos, gestão de crises, administrações de suportes serão totalmente revisadas. Há males que vêm para o melhor”, enfatiza Sealy.

Quanto ao espaço entre os tanques, as normas reguladoras dizem que deve existir uma distância de 15 metros ou 1,5 vezes o seu diâmetro, o que for maior. Especialistas dizem que essa separação, aliada ao bom funcionamento dos mecanismos de combate a incêndio são suficientes para isolar as chamas.

Procedimentos
As seis estruturas tomadas pelas chamas existem há poucos anos. Elas fazem parte da constante ampliação do Distrito Industrial da Alemoa. O projetista dos primeiros tanques da Ultracargo na Alemoa, em 2002, o engenheiro Marco Antônio Uchôa Barbosa explica que se os novos reservatórios seguiram os mesmo critérios dos originais, o que faria com que o fogo fosse extinto rapidamente.

“Os primeiros modelos contavam com canhões lançadores de água nas proximidades, anéis de resfriamento, sistema de lançamento de espuma, hidrantes sobre rodas e portáteis, além de sistemas de captação da água do mar para combate a incêndios”. Entre os procedimentos em caso de incêndio estão as ações da brigada individual das empresas, a ativação dos dispositivos de combate ao fogo e a execução do Plano de Auxílio Mútuo (PAM) – quando as brigadas de empresas adjacentes concentram seus esforços no incêndio.

Não se sabe, porém, o real motivo do acidente e o que ocasionou a não eficiência de toda essa cadeia de operações.

A Reportagem solicitou a entrevista com o Coordenador de Manutenção e Infraestrutura da Ultracargo, Marcello Coccaro, mas até o fechamento não houve resposta. Durante todo o período, a empresa se limitou a emitir notas, por e-mail, à Imprensa.

Colaboraram Cris Challoub e Rodrigo Bertolino.

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