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Água

20 DE MARÇO DE 2015

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Bacia Hidrográfica da região ganha destaque para soluções emergenciais

O que pouco se sabe ainda é qual o impacto que tais obras trarão para os rios da região

Por: Da Redação

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quadro4Muitos desconhecem, mas a região possui uma grande riqueza natural com rios que percorrem os nove municípios e formam a Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (BH-BS) – veja no quadro ao lado. Em época de crise hídrica, as águas presentes em todas as nove cidades da região e que por vezes ultrapassam as fronteiras, com mananciais que surgem após a Serra do Mar, tornam-se então opção para ações emergenciais do governo paulista. Mesmo aqui já são essenciais gerando, por exemplo, energia.

Divulgados recentemente, três importantes projetos a serem desenvolvidos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estão em fase de estudo e possuem ligação direta com a região, mesmo as obras não estando nos limítrofes da BH-BS. O principal objetivo é contribuir com o fornecimento de água para abastecer milhões de pessoas da Grande São Paulo durante o período seco.

O três projetos são: a ligação do Rio Itatinga com o Alto Tietê; do Alto Juquiá com Guarapiranga; e do rio Capivari também com o Guarapiranga. O que pouco se sabe ainda é qual o impacto que tais obras trarão para os rios da região.

A ligação do Rio Itatinga (com nascente no topo da Serra e que deságua em Bertioga), por exemplo, prevê transferência de até mil litros por segundo. Atualmente, por exemplo, a Usina Hidrelétrica de Itatinga – localizada em Bertioga – é responsável por 60% da energia consumida pelo Porto de Santos. Em nota, a Codesp não se posicionou referente ao projeto da Sabesp, mas informou que a usina demanda vazão mínima de 3,2 metros cúbicos por segundo para suprir a necessidade dos cinco geradores de energia elétrica para fornecimento às instalações do porto santista. Captação que ocorre a partir do rio Itatinga e gera a produção de 15 megawatts de potência.

De acordo com o prefeito de Bertioga e presidente (até o próximo dia 31) do Comitê da BH-BS, José Mauro Orlandini, o assunto está sendo tratado como emergencial. “Vamos discutir esta carência de água e das ações emergenciais. O CRH (Conselho Regional Hidroviário) tem uma definição da proteção, do zelo e da gestão dos mananciais de onde estas águas nascem. Por conta disso, existe uma certa autonomia do Governo do Estado do que fazer, de onde interligar. Ouvimos muito da intenção da interferência da Billings com o Guarapiranga. Já ouvimos até falar em inversão também de alguns dos nossos rios de Bertioga. É uma busca incessante para apagar o incêndio. Não estamos aqui para criar confusões. Estamos para resolver. Não é justo cruzar os braços até pelo problema ser de todos nós, mas temos que saber qual o impacto de tudo isso. Aliás, temos a responsabilidade de entender os impactos”, ressalta.

“Estamos acompanhando todos os projetos, mas o que sabemos é pelo que está sendo divulgado na própria imprensa. Nada oficial chegou ao comitê”, salienta. No dia 31, de acordo com Orlandini, quando acontecerá reunião do comitê para definir a nova diretoria para o próximo biênio, a Sabesp foi convocada a participar para apresentar tais projetos e os reais impactos que podem trazer à região. “Como presidente da CBH-BS e prefeito de Bertioga, tenho duplo interesse pelo assunto ainda mais por conta do Rio Itatinga. É necessário que saibamos como funcionará e de que forma nos impactará. O que está acontecendo com a água de Bertioga? Vai fazer falta? Temos que avaliar tudo. Um estudo está sendo feito para avaliar esta situação, para saber a potencialidade da vazão e o quanto podemos mexer. Além do uso humano, temos que pensar também nesta interferência na natureza”, explica.

De acordo com o engenheiro, coordenador do curso de Engenharia de Produção da UniSantos e também integrante do CBH-BS, Ricardo Kenji Oi, é importante saber os efeitos deste e de outros projetos que estão sendo estudados pela Sabesp, até pelo fato da região também estar em crescimento. “Existe a necessidade de levar cada vez mais água para suprir a metrópole. Existem diversos estudos para trazer água de diversas regiões do estado, inclusive da Baixada Santista. O impacto, porém, ainda não foi dimensionado. Não sabemos se esta transposição poderá causar impactos negativos. Sabemos que a região também cresce, mas não há um estudo profundo e detalhado identificando estas ações”, ressalta.

As obras divulgadas, de acordo com Ricardo, serão feitas ainda no planalto. “A nossa bacia estende um pouco a Serra e vem descendo. Estas transposições ocorrem no planalto, mas interferem porque são em águas que descem para o litoral e estão sendo invertidas para os locais previstos nos projetos. Se desviadas lá em cima significarão menor quantidade de água aqui. A médio e a longo prazo isso preocupa, até porque a região está crescendo”, conclui. Além do uso urbano, existe também o pólo industrial de Cubatão, que é o maior consumidor deste recurso natural.

De acordo com Mauro Orlandini, até o projeto de transporte fluvial para a região que está em fase de estudo e será apresentado em junho poderá ser afetado. “Por isso é tão importante conhecermos os impactos e termos os projetos andando juntos”, ressalta.

Sabesp
Em nota, a Sabesp limitou-se a dizer que as obras citadas estão em fase de finalização de projeto e assim que todas as informações estiverem confirmadas serão oportunamente divulgadas. A respeito da questão ambiental, a Sabesp informa que tem tomado todas as precauções técnicas e legais no andamento das obras.

Evento
Em alusão ao Dia Mundial da Água, celebrado no domingo (22), a UniSantos realiza palestra – na segunda (23) – com o tema Recursos Hídricos da Baixada Santista, com a presença de autoridades e especialistas sobre o tema. O evento ocorrerá no Campus Dom Idílio, Av Conselheiro Nébias, 300, a partir das 19 horas e é aberto ao público.

 

 

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