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Santos

19 DE JULHO DE 2018

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Prefeitura de Santos diminui asfaltamento e tapa-buracos

Com a queda no volume de asfalto – em razão do fim da Usina da Prodesan – motoristas tem enfrentado cada vez mais buracos nas ruas de Santos

Por: Lucas Freire e
Fernando De Maria

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Quem circula de carro, moto ou ônibus em Santos, no litoral paulista, já deve ter percebido a quantidade crescente de buracos nas ruas e remendos que crescem nas vias públicas.

A Prefeitura reconhece os problemas, pois a empresa terceirizada para executar os serviços não vem realizando a contento.

Assim, o serviço de tapa buraco  vem sendo realizado provisoriamente pela própria equipe da Prefeitura, por meio da Secretaria de Serviços Públicos (Seserp).

Antes restrito às vias de menor movimento, o problema já é visível até em avenidas importantes.

Por exemplo: a Afonso Pena, Francisco Glicério e Carvalho de Mendonça.

O Boqnews.com registrou algumas imagens que ilustram bem a situação.

Na Afonso Pena, em frente à Rua Bezerra de Menezes, junto ao Canal 5, há até um cone  instalado próximo a uma tampa de boca de lobo para alertar os motoristas sobre o risco do buraco na via.

 

 

Na Avenida Afonso Pena, esquina com Bezerra de Menezes, um cone alertava os motoristas sobre o buraco na via na quarta-feira…

 

Na sexta-feira (20), o cone havia desaparecido. No entanto, os dois buracos permanecem no local colocando em risco motoristas e motociclistas (Foto: Nando Santos)

Um verdadeiro tobogã é o que o motorista também enfrenta na Francisco Glicério já próximo ao cruzamento da Ana Costa, no Gonzaga.

Pequenos, mas profundos buracos transformam o trecho em um verdadeiro tobogã para quem dirige ou é passageiro.

Obras realizadas por concessionárias, como a Sabesp, ajudam na abertura de crateras, como os localizados na Rua Carvalho de Mendonça, em frente ao 502, ou na Evaristo da Veiga, quase esquina com a Gonçalves Ledo, ambos no Campo Grande.

 

Na movimentada Carvalho de Mendonça, no Campo Grande, obras em tubulação realizadas na via deixaram essa cratera no início da semana. No entanto, o buraco já foi fechado dias depois. (Foto: Nando Santos)

 

Enquanto não são fechados, os motoristas se aventuram.

Pior ainda aos motociclistas, cujo impacto é bem maior.

Existem também curiosidades, como recapeamento – ainda que com falhas – de apenas um lado da via, como ocorre com a Rua Octavio Correa, no Estuário, após a troca de tubulação da rua.

 

Na Octavio Correa, no Estuário, o recapeamento foi feito apenas na metade da via. Outra parte permanece igual. (Foto: Nando Santos)

Números explicam

O aumento de buracos nas ruas de Santos tem uma explicação lógica: a queda na produção de massa asfáltica fornecida pela Prodesan, inclusive com a interrupção dos serviços junto à Prefeitura desde o ano passado.

Afinal, em razão das três tentativas de venda da Usina de Asfalto pertencente à empresa em outubro de 2017 – que resultou fracassada até o momento – os contratos de fornecimento de massa asfáltica e conservação de vias públicas acabaram nos dias 20 de outubro e 30 de agosto do ano passado, respectivamente.

E não foram renovados.

Isso contribuiu, entre outros itens interrompidos, para a redução de 38,8% no lucro bruto da Prodesan.

Para se ter ideia do volume que deixou de ser aplicado nas ruas, 2017 registrou o menor índice de aplicação de massa asfáltica desde 2012 – quando os números se tornaram públicos no site da Prefeitura.

Foram 3.692,53 toneladas de massa asfáltica usadas para tapar buracos nas vias.

O volume é 33,48% inferior ao registrado no ano anterior.

Ou seja, mais buracos deixaram de ser tapados.

A queda no volume de vias pavimentadas pela empresa é ainda mais assustadora.

Em 2012, foram 46.109 toneladas de asfalto usadas.

O recorde ocorreu em 2014, com 58.983 toneladas – segundo ano do primeiro mandato da administração Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).

Depois, foram sucessivas quedas até fechar 2017 em apenas 6.738 toneladas, conforme a Prodesan.

O montante representa meros 11,4% do total usado na pavimentação na comparação com o ano mais produtivo da empresa nesta década (2014).

 

No Canal 6, o desnível se acentua a ponto do asfalto já registrar choques das partes inferiores dos veículos na pista. (Foto: Nando Santos)

 

Problemas nas ruas

Assim, a proliferação de buracos nas vias públicas é diretamente proporcional à quantidade de problemas aos motoristas e motociclistas.

O aposentado Adalberto Alves reclama que seu veículo tem apresentado problemas devido aos buracos, apesar dos pequenos percursos feitos em razão de ser usuário principalmente do transporte coletivo (ônibus e VLT).

“Eu imagino o sofrimento dos motoqueiros e principalmente em ruas mal iluminadas”, enfatiza.

O mecânico Fábio Souza, de 47 anos, explica que a procura por serviços ocasionados por buracos aumentou em 30% nos últimos tempos.

Para ele, essa é a consequência do atual cenário que se encontra o asfaltamento em Santos.

Isso inclui buracos e também desníveis nas  pistas, provocando solavancos aos motoristas.

Souza atua há 30 anos como mecânico.

De acordo com o profissional, os carros podem sofrer diversos tipos de danos por conta das ondulações no asfalto.

O mais comum é o desalinhamento do veículo.

Além disso, existem outras possíveis consequências.

Como, por exemplo, a folga na caixa de direção, quebra da mola, e ruptura no amortecedor.

O mecânico explica que dependendo da situação há casos em que a roda do veículo pode entortar.

Rotina na rua

Os motoristas de aplicativos particulares e taxistas rodam  diariamente pelas ruas em Santos.

E sentem na pele – e no bolso – os efeitos dos buracos nas ruas.

Paulo Evandro, de 32 anos, motorista de aplicativo, diz que para ele é bem nítida a presença de buracos.

Assim, ele afirmou que já teve prejuízo por conta dos buracos nas ruas.

”Os principais gastos foram suspensão e amortecedor do veículo”, ressalta.

Mas existem outros, como pneus que se desgastam com facilidade.

“E também o farol que queima quando passa em um buraco”, relata o motorista, há dois anos atuando no segmento.

Ele tem o hábito de fazer corridas no período noturno e enfrenta dificuldades.

Principalmente quando não consegue enxergar os buracos nas ruas.

”Algumas não têm uma boa iluminação e você acaba passando em cima do buraco sem vê-lo”, ressalta.

“Sem mencionar quando chove. Afinal, é complicado diferenciar uma poça de água de um buraco ”.

Ele também disse que quase todas as ruas estão repletas de falhas, exceto as avenidas principais.

Assim, ele enfatiza que bairros da Zona Noroeste e áreas com concentração de circulação de caminhões concentram os piores trechos para tráfego

Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Santos reconhece o problema.

Tanto que o serviço de tapa-buraco vem sendo feito pela própria Secretaria de Serviços Públicos. Em razão da empresa contratada para substituir a Prodesan não estar realizando os serviços a contento.

“A empresa licitada para executar o serviço será multada e a ata de registro de preço cancelada”, informou.

“A segunda colocada será chamada pela Prefeitura e, somente no caso de não aceitar, a Seserp verá outra alternativa viável para realização do trabalho de tapa buraco”, informou.

Segundo a Administração, o contrato para o fornecimento de asfalto não havia sido renovado em vista de uma possível venda do terreno da usina, que acabou não se concretizando após três tentativas de leilão.

“No momento, o destino do terreno está sob análise. E a Prodesan está retomando um contrato de venda de asfalto para a Seserp”.

Assim, neste primeiro semestre, foram executados 1.665 serviços de tapa-buraco feitos pela Seserp.

 

Arte: Rom Santa Rosa

 

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