Entre gargalhadas e brincadeiras, Davi, de dois anos, participa de mais uma sessão de fisioterapia. Ele ainda não sabe o porquê está ali nos braços de uma mulher de jaleco branco e talvez nunca tenha plena consciência. O pequeno é uma das vítimas da epidemia do vírus zika que resultou em quase 10 mil casos de microcefalia no Brasil e o diagnóstico é severo: talvez ele nunca ande, fale ou tenha uma vida independente.
Histórias como a do pequeno Davi diariamente transitam na Casa da Esperança de Santos, que no próximo dia 24 celebra 60 anos. A instituição, localizada na Ponta da Praia, atende crianças e adolescentes de toda Baixada Santista com as mais variadas síndromes. Algumas têm mais perspectiva de melhora do que outras, mas como o nome já diz, ali mora muita esperança.
Atualmente, 285 crianças e jovens de 0 a 18 anos usufruem da reabilitação gratuita oferecida pela entidade, ultrapassando a marca de 5 mil atendimentos por mês.
Uma delas é a Maria Luiza Rodrigues (foto do quadro), que hoje tem 8 anos, porém desde os dois meses faz o tratamento no local. A mãe, Suellen Rodrigues, conta, emocionada, que abdicou de sua vida pessoal para se dedicar integralmente à filha, que tem artrogripose, uma doença que apresenta más formações congênitas dos membros superiores e inferiores.
“Eu trabalhava em shopping aos sábados, domingos e feriados e quando Maria Luiza nasceu tive que me adaptar a ela. De manhã, sempre vamos ao médico ou fazer algum tratamento, inclusive na Casa da Esperança. Já no período da tarde, ela vai à escola. Aliás, ela sabe ler e escrever muito bem… é muito bonita a letra dela. Eu vivo para ela!”, conta, com os olhos marejados.
Por conta dessas mães que dedicam suas vidas aos filhos, a Casa oferece cursos diversos, permitindo que consigam gerar renda extra.
Despesas
De acordo com o presidente da Casa da Esperança de Santos, Charles Ferreira Dias, gasta-se em média R$ 900 por criança e adolescente. Ou seja, no mínimo há um investimento superior a R$ 256 mil apenas para suprir as necessidades básicas. “Nossa despesa mensal chega a R$ 350 mil”, ressalta.
Para manter as atividades é necessária a contribuição da população, por meio de participação em eventos e transferências. Veja no quadro abaixo como ajudar.