ffQuem não está acostumado a passar pelo trecho portuário na região do Paquetá se surpreende com as mudanças.
Em razão da futura implantação do terceiro trecho ferroviário e da parceria, por meio do TRIMCC – Termo de Responsabilidade de Implantação de Medidas Mitigadoras e Compensatórias firmado entre a empresa chinesa Cofco e a Prefeitura de Santos, o cenário está mudando radicalmente.
Tudo isso em pontos extremos que passam pelos primeiros armazéns construídos ainda no final do século retrasado e início do século 20.
O trecho em transformação inclui também a criação do Parque Valongo.
De forma paralela, os trechos 1 e 2 da Rua Tuyuti, entre a Frei Gaspar e o Largo Marquês de Monte Alegre, paralela ao Parque Valongo, já estão em ritmo acelerado para a fase final de conclusão
Eles estão dentro de todo o processo de reformulação do local.
Os serviços foram divididos em etapas, sendo que a primeira será entregue no final de junho.

Região do Valongo está passando por mudanças arquitetônicas que compõem o futuro Parque Valongo, cuja entrega ocorrerá no final de junho. Foto: Divulgação
Parque Valongo
Trata-se de espaço público que possibilitará que a população tenha acesso à linha d’água do cais santista, algo que se perdera diante da expansão portuária ao longo de décadas.
A primeira etapa prevê a inauguração do Armazém 4 e outros espaços públicos para cultura, gastronomia e lazer no trecho junto ao Valongo.
A entrega do novo espaço coletivo, aliás, já tem data para ocorrer: dia 28 de junho.
Autoridades como o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio da Costa Filho, e o governador Tarcísio de Freitas estão entre alguns dos que devem estar presentes.
Há também uma chance, ainda que remota, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também prestigiar a inauguração.
Além disso, há previsão de que, no futuro, os armazéns 1 ao 3, no Valongo, se transformem em base de apoio e serviços para abrigar a transferência do terminal de passageiros, hoje na região do Outeirinhos.
Aliás, há expectativa para que o ministro anuncie a concretização desta proposta durante a vinda a Santos.

Armazém 7 está sendo demolido e será reconstruído em outra área, próximo ao futuro Parque Valongo. A proposta é que o uso seja voltado para universidades realizarem pesquisas relacionadas à vida marinha. Foto: Fernando De Maria
Obras avançam
Enquanto as obras avançam com destaque nas imediações do Armazém 4 – que receberá, inclusive, a nova edição da Festa Inverno, entre os dias 12 de julho a 4 de agosto, como já anunciado pela Prefeitura de Santos – no outro extremo do futuro parque uma outra transformação está em curso.
O das desativações de duas antigas construções: o armazém 7, em ruínas, e a Casa de Machinas, nº 2, popularmente chamada de Casa de Pedras.
Edificada em 1897, a casa teve papel importante para a geração de energia para o cais na ocasião.
Ambos estão em processo final de desmanche para reconstrução mais próxima ao futuro Parque Valongo.
Além disso, eles ficarão próximas da linha d’água para não atrapalhar a passagem da nova linha férrea – distante cerca de 80 metros do local atual em direção à linha férrea.

Com aval de órgãos do patrimônio histórico, antiga Casa de Pedras 2 passou por um amplo processo de desmonte. Ela será reerguida posteriormente em novo local. Foto: Fernando De Maria
O armazém 7 será destinado para fins educacionais e de pesquisa, onde universidades – ainda a definir – deverão ocupar o espaço para fins de pesquisas ligadas ao mar.
O próprio navio W. Besnard, um marco na oceanografia brasileira, será incorporado ao parque.
Aliás, a mudança de ambos os espaços decorre da alteração para implantação da terceira linha ferroviária, implantada para a criação da pera ferroviária.
Aliás, ela será instalada onde hoje está a empresa Marimex.
Por sua vez, a empresa ocupará uma nova área, na região do Valongo.
Casa de Pedras 2
Assim, o mesmo ocorrerá com o novo local da Casa de Machinas 2.
Já a unidade 1 permanecerá no mesmo local, entre os armazéns 3 e 4.
Ela está sendo revitalizada dentro da reestruturação do Parque Valongo, inclusive ganhará uma cafeteria no local.
Trabalho árduo
Toda a obra para a desativação tanto do armazém 7 como da Casa de Pedras deve estar concluída até 30 de agosto.
Mas, pelo ritmo, os serviços devem terminar bem antes.
No entanto, engana-se quem pensa que a demolição deste espaço é tão simples.
Afinal, a Casa de Pedras era um bem tombado e houve necessidade de um árduo trabalho para que ocorresse o remanejamento do local sem alterar as características.
“Houve todo um levantamento em 3D e fotográfico. Ao todo, foram 210 peças de blocos de granito preservados e que comporão a nova Casa das Pedras”, explica o arquiteto Gustavo Nunes, contratado pela ProAtiva Arquitetura para gerir a obra.

Arquiteto Gustavo Nunes explicou as alterações decorrentes da demolição tanto da Casa de Pedras como do Armazém 7. Foto: Carla Nascimento
O projeto de reformulação da área é do também arquiteto Gino Caldatto Barbosa.
Por ser um bem tombado, todo o processo passou pelo crivo de órgãos de proteção ao patrimônio, como Condepasa (municipal) e Condephaat (estadual), com aval do Ministério Público.
Todo o custo está sendo bancado pela empresa chinesa Cofco, que ocupará a área.
STS-11
O grupo chinês investirá mais de R$ 760 milhões pela ocupação do STS-11
Além disso, Nunes lembra que todos os blocos de granito natural foram inventariados, marcados, numerados para serem recolocados no futuro local.
Algumas peças, aliás, chegam a pesar cerca de 300 quilos.
Assim, o que está sendo demolido, conforme o arquiteto, é a alvenaria de tijolo e o revestimento ciclópico.
Ou seja, trata-se da pedra natural, cujo rejunte é em relevo, ou seja ‘fica saltado para frente da pedra’.
Aliás, todas as pedras transferidas para o novo local da futura Casa das Pedras encontram-se na área ocupada hoje pela Cofco, que também ficará responsável pela restruturação e recuperação do prédio da antiga Autoridade Portuária.
Dessa forma, tanto este espaço como o futuro armazém 7 ficarão em um trecho mais próximo à linha d’água e uma área dentro do próprio Parque Valongo.
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