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Tragédia

06 DE MARÇO DE 2020

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Condições meteorológicas da Baixada Santista foram semelhantes a do RJ em 2011

O volume de chuvas que caiu na Baixada Santista em três dias foi semelhante ao montante que caiu na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011

Por: Da Redação

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As condições meteorológicas que provocaram as fortes chuvas no litoral paulista foram semelhantes à tragédia ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011.

Naquela ocasião, as fortes chuvas atingiram 7 cidades, em especial Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, totalizando oficialmente 918 vítimas fatais encontradas e 99 desaparecidas.

Pelo menos 10 mil pessoas ficaram desabrigadas.

Lá, porém, as chuvas tiveram ainda menor intensidade em relação as que caíram na Baixada Santista.

Entre os dias 10 e 12 de janeiro de 2011, em Nova Friburgo, por exemplo, foram registrados 281 milímetros e em Teresópolis, 258,4 milímetros.

Apenas nos primeiros dias de março, até o meio da tarde do dia 3, quando os desabamentos já tinham ocorrido durante a madrugada na Baixada Santista, o volume superava os 400 mm em alguns locais.

Guarujá foi a cidade mais atingida, seguida por Santos.

Ou seja, chegou-se a 4 metros de chuvas por metro quadrado.

Dessa forma, um volume acima do normal – e o equivalente a toda a previsão para os 31 dias de março.

Sem contar o volume de chuvas ao longo de fevereiro – em 2020, o mais chuvoso até então registrado desde o século passado- o que contribuiu para o encharcamento do solo.

Porém, o cenário poderia ser ainda pior.

 

Vidas salvas

O coordenador-geral de Operações e Modelagens do Cemaden, meteorologista Marcelo Seluchi, acredita que não haveria tempo hábil para mobilizar tantas pessoas ao mesmo tempo para evitar as mortes, a despeito das informações e alertas divulgados previamente. (ver abaixo).

Só em Santos, cita, são 11 mil moradias em áreas de risco, representando cerca de 45 mil pessoas – algo em torno de 10% da população.

“As defesas civis fazem o que é possível. Acho que aqueles que criticam não imaginam o trabalho deles”, explica.

Além disso, ele salienta que a tragédia poderia ser ainda pior.

“Pelas condições meteorológicas, o número de vítimas poderia ser bem maior”, explica Seluchi, especialmente ao comparar o total de vítimas fatais e desabrigados no litoral em relação à tragédia na região serrana fluminense em 2011.

Aliás, o próprio Cemaden foi criado justamente em razão da tragédia carioca.

Ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, o órgão “tem como missão realizar o monitoramento das ameaças naturais em áreas de riscos em municípios brasileiros suscetíveis à ocorrência de desastres naturais, além de realizar pesquisas e inovações tecnológicas que possam contribuir para a melhoria de seu sistema de alerta antecipado, com o objetivo final de reduzir o número de vítimas fatais e prejuízos materiais em todo o país”.

Ao todo, são 958 municípios monitorados – sendo 5 da Baixada Santista.

Assim, indagado se o funcionamento de sirenes ao longo das áreas de risco poderia ser uma forma de alertar as pessoas sobre chuvas fortes e outras ações da natureza, ele considerou algo a ser avaliado.

No entanto, ponderou, deve-se levar em consideração o seu uso para não provocar uma sensação de ‘alarme falso’.

Comunicados iniciaram no domingo (1)

O primeiro comunicado do Cenaden (Centro Natural de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), com mudança de cor para amarela, o que indicava risco moderado de deslizamento de terras em razão das chuvas persistentes ao longo dos dias, foi emitido a 0h11 do domingo, dia 1º.

Porém, às 23 horas do mesmo dia, o nível havia subido para laranja, o que representava , com maior potencial de queda de barreiras.

No entanto, em razão das condições meteorológicas adversas que se concentravam na Baixada Santista, um novo alerta foi emitido quase 24 horas depois.

A bandeira vermelha atestava risco ‘muito alto’ de deslizamentos de terras.

Conforme comunicado público divulgado no site do centro natural, “para a Baixada Santista e Litoral Norte de São Paulo considera-se MUITO ALTA a possibilidade de ocorrências de deslizamentos de terras. Nestas localidades, a previsão indica possibilidade de acumulados bastante expressivos, mas que poderão variar conforme a direção do vento e o efeito orográfico causado pela Serra do Mar”.

E a previsão se confirmou.

Os alertas são enviados para o Cenad, que os repassa para as defesas civis dos estados e municípios monitorados (são cerca de 1 mil no País).

Além disso, da Baixada Santista, cinco cidades são monitoradas com maior precisão: Santos, Praia Grande, Peruíbe, Cubatão e Itanhaém.

Assim, as demais cidades também recebem comunicados de alertas e são acompanhadas pelo órgão federal.

Mas elas não recebem o destaque devido pelo fato dos municípios não terem repassado todas as áreas de risco mapeadas.

 

Números

Até o último levantamento da Defesa Civil do Estado, às 12h20, até o momento, são 30 óbitos e 49 pessoas não localizadas, nos seguintes municípios.

Guarujá (24 óbitos e 44 não localizados), Santos (4 óbitos e 4 não localizados) e São Vicente (2 óbitos e 1 não localizados).

Assim, o= número atual de desabrigados é de 249 em Guarujá e 185 em Santos.

Nestes números de mortos não estão computadas as quatros vítimas (4 não localizados)  que foram encontradas sob os escombros após mais de 60 horas de buscas no Morro São Bento, em Santos (SP).

Dessa forma, são uma mulher e seus três filhos, de 14, 8 e 4 anos.

Além disso, na noite de ontem, o primeiro corpo – do companheiro da moça – foi encontrado e retirado dos escombros.

Mas já se sabe que não existem sobreviventes.

A retirada de terra está sendo feito lentamente, pois há riscos de novos deslizamentos de terra no local.

 

 

 

 

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