Conheça a história de alguns clubes que fazem parte da tradição santista | Boqnews
Foto: Cris Challoub

Santos

17 DE OUTUBRO DE 2015

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Conheça a história de alguns clubes que fazem parte da tradição santista

Primeiros clubes surgiram na metáde do século XIX com a chegada dos imigrantes

Por: Nara Assunção
Da Redação

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Demolição do clube Saldanha da Gama para novas instalações

carinhasNo início do mês, dia 2 de outubro, o Clube Saldanha da Gama começou a ser demolido. No local, surgirá um moderno Saldanha, com data para ser inaugurado daqui um ano. Com 112 anos, o tradicional clube – que faz parte da história de Santos – já estava bastante deteriorado antes da demolição. Com 1.600 sócios remidos (que não pagam mensalidade) e apenas 239 contribuintes, estava com dificuldades para se manter em pé.

Depois de pronto, o novo Saldanha contará com quadras de tênis, ginásio poliesportivo, salão social, salão de eventos, piscina, restaurante, campo de futebol society, quadra de bocha, academia de ginástica, playground e garagem subterrânea.

E assim como o Saldanha, outros clubes santistas se renderam a grandes empreendimentos imobiliários para sobreviver. O Brasil Futebol Clube é um exemplo bem sucedido da parceria entre clube e empresários, neste caso o grupo Mendes. O presidente Fernando Correa explica que a parceria fez com que o clube continuasse existindo.

“A dívida já era grande e dificilmente conseguiríamos continuar sem vendermos. Foi fundamental para continuarmos nossa história. Um terço do terreno passou a ser do Mendes, mas ganhamos uma nova sede. Desta maneira conseguimos nos modernizar e se antes tínhamos dificuldade em conseguir novos sócios, hoje já temos uma espera de 600 pessoas interessadas”, conta.

Atualmente, de acordo com Fernando, são mais de 500 sócios além de mais de 2 mil pessoas que passam pelo clube por conta das novas modalidades que a recém inaugurada estrutura (inaugurada em junho deste ano) proporcionou.

De maneira parecida, outros clubes venderam parte de seus terrenos almejando modernização – e antes de tudo – pagar as contas. O primeiro foi o Clube XV, no canal 3 com a praia. Se antes ocupava todo a quadra, hoje divide o espaço com mais dois hoteis.

O Vasco da Gama e o Clube Atlético Santista também fazem parte desta lista. Mas se o primeiro conseguiu a desejada modernização, o segundo, não. Na mesma lista, encontra-se o Sírio Libanês, na Avenida Ana Costa, que foi demolido e será reinaugurado em breve, junto a um complexo hoteleiro e apartamentos.

Por outro lado, existem os que mesmo nos tempos de especulação imobiliária e a crise financeira conseguiram manter a tradição e seguem em suas sedes. O Clube dos Ingleses é um deles. O presidente José Luiz Moreira de Macedo conta que hoje – até por conta da crise – a especulação é bem menor, mas já foi grande e com uma reestruturação adequada eles conseguiram passar por ela. Um fôlego importante para o clube, segundo Macedo, foi a incorporação – em 2011 – dos sócios do antigo Caiçara. “Temos um diferencial que é a amplitude do espaço, com bastante verde. Estamos nos reestruturando e com projetos de uma nova academia e um campo de futebol society, com grama sintética”, conta. O desafio é atrair o público jovem.

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A história dos clubes em Santos é bastante extensa e antiga. Assim como os principais municípios do País, a cidade caiçara testemunhou o surgimento das primeiras sociedades de caráter social e de lazer a partir da segunda metade do século XIX.

Segundo a historiadora e professora da Unisantos, Wilma Therezinha Fernandes, isto ocorreu em decorrência do desenvolvimento da cidade, que está fundamentado no café. “Aqui existe a história antes e depois do café. Por causa do grão, vieram muitos imigrantes. A segunda leva de estrangeiros veio com outra categoria social”, enfatiza. Além de trabalharem no alto comércio, estes imigrantes também tinham exigências sociais.

fotoosssO jornalista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, Sergio Willians, conta que a divisão dos clubes se dava, principalmente, pelas colônias de estrangeiros que aqui residiam. “Era muito comum os clubes sociais se dedicarem à união entre conterrâneos de países como Espanha, Portugal, Alemanha, Japão, Inglaterra e França. Outros se dedicavam às causas esportivas ou culturais específicas”, destaca.
O Clube XV, mais antiga agremiação de Santos — fundado em 12 de junho de 1869, há 146 anos —, enquadra-se neste segundo segmento. A sociedade surgiu de uma dissidência da Sociedade Carnavalesca Santista, que tinha por objetivo organizar as festividades de Carnaval da cidade.

Willians ainda ressalta que no passado existiram sociedades culturais que movimentaram a vida santista, mas tiveram uma vida curta. A mais antiga que se tem notícia, segundo o jornalista, é a Sociedade Harmonia, de 1833.

Crescimento
Do final do século XIX até meados dos anos 1970, os clubes ocuparam a vida dos santistas de forma intensa. A princípio, a principal função deles era reunir os cidadãos por grupo de interesse, tornando-se um local agradável e propício para novas amizades.

É importante ressaltar que esta época foi muito importante para as mulheres que apoiavam os esportes e também começaram a participar dos eventos sociais e reuniões que envolviam a família. De acordo com Wilma Therezinha, neste momento elas deixaram de ser donas do lar.

Para muitas famílias era uma honra ser sócios dos clubes. Wilma recorda que seu pai era do Atlético e quando jovem, ela aproveitava o espaço para dançar no Carnaval. Seu irmão também fez muitas amizades neste período. Depois de um tempo, seu pai foi convidado para ser sócio remido (que não paga a mensalidade). “Outras famílias também receberam o mesmo convite. Porém, aconteceu a mudança de interesses e as novas gerações não queriam se associar. A diretoria não contava mais com a renovação do quadro social”, conta.

Esses foram os primeiros sinais das transformações da sociedade. Com as mudanças de interesses, a Cidade começou a se reiventar. Há 30/40 anos, por exemplo, surgiram os primeiros prédios com salão de festas. Há cerca de 10 anos, os edifícios ganharam piscinas e academias e hoje em dia, esbanjam enormes áreas de lazer para todos os gostos, justificando a não-resistência de muitos clubes. (CC e NA)

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