“Criar partidos virou um balcão de negócios”, afirma Davi Zaia | Boqnews
Foto: Nara Assunção

Política

17 DE NOVEMBRO DE 2014

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“Criar partidos virou um balcão de negócios”, afirma Davi Zaia

Deputado estadual reeleito para o terceiro mandato e presidente do PPS em São Paulo, político fala sobre projetos para a Baixada, falta d’água e a fusão do partido com o PSB

Por: Da Redação

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O que a Baixada Santista pode esperar deste novo mandato?

Davi Zaia – Vamos continuar olhando para a Baixada com a mesma atenção que tivemos, tanto no primeiro mandato quanto no período que fui secretário. A Baixada é uma região compacta, bastante densa em população, portanto tem no Governo do Estado uma atenção específica para que possa suprir os serviços para atender melhor a população. Temos grandes investimentos na área de mobilidade urbana, como por exemplo o VLT, entre Santos e São Vicente. Temos que acompanhar neste novo mandato a possibilidade de expansão disso para que possa atender mais pessoas. Tem a ligação seca Santos-Guarujá, uma obra importante que também merece uma atenção especial da Assembleia Legislativa em relação a liberação dos financiamentos e das parcerias necessárias para isso andar rapidamente. Em relação aos serviços ao cidadão, nós já tivemos a possibilidade, enquanto secretário, junto com o governador Geraldo Alckmin, de aprovar o programa de expansão do Poupatempo. Então, havia o Poupatempo de Santos e, na nossa gestão à frente da pasta, foi inaugurado o Poupatempo de Praia Grande e o de Registro, para atender o Vale do Ribeira. E agora, já autorizados, em andamento os postos de São Vicente e Guarujá. Vamos acompanhar o andamento para que tudo aconteça rapidamente e a população destas duas cidades possa usar o serviço. No restante, são aquelas questões recorrentes na vida das cidades, que dependem muito da ação do Estado, principalmente na área da saúde.

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“Pois, quando vinha o PT dizer que “faltou água porque o governador não cuidou” parece que a água não é um problema. E isso que é grave. Cada vez que passam uma mensagem deste tipo, de que água não é problema, nós estamos deseducando a população” Foot: Nara Assunção

Qual será a postura do PPS no governo Alckmin e a participação do partido no primeiro escalão?

O PPS apoiou o governador com muita satisfação. O governador foi reeleito com uma expressiva votação, e é preciso dizer que essa votação vem, de um lado, da seriedade que ele conduz a coisa pública e os recursos; por outro lado, é, também, amostra da eficiência do Governo. Existem obras em andamento hoje em todo o Estado, ações de infraestrutura, fundamentais para São Paulo. Por isso é preciso investimento constante nesta área para que possamos atrair investimentos do setor privado, empresas, obras, serviços e, com isso, trazer qualidade de vida e renda para a população. Nossa atuação nestes próximos quatro anos será de apoiar o governo para que, com seriedade, continue com o trabalho e apoio às obras de infraestrutura, para que sigam de forma acelerada. Por outro lado, continuarei com esse contato permanente com os municípios, mantendo esse diálogo com os representantes aqui da Baixada, para que a gente possa estar sempre numa sintonia muito grande com a população, sabendo das demandas de cada região e, a partir daí, discutir, junto com os diversos secretários e o governador a aplicação dos recursos.

 

Mas já há conversas visando a participação do PPS no próximo governo?

Nós temos sido parceiros do governador e continuamos com esta parceria. Por isso, acredito que vamos participar novamente do governo, mas o governador está iniciando agora estas tratativas. Creio que ele deve começar com estas conversas em dezembro. Como é um governo de continuidade, é um pouco diferente da outra vez. Mas, em 2010, foi por volta de dezembro que começamos a afunilar as discussões. Então, aguardamos um convite do governador para iniciar formalmente estas conversas. Agora, vamos discutir entre os diversos quadros do partido quem é que pode participar e de que forma vamos colaborar.

 

O senhor tem intenção de retornar ao secretariado ou permanecerá na Alesp?

Estamos olhando isso muito do ponto de vista do partido. Claro que, para mim, foi uma satisfação muito grande ser secretário, uma experiência valiosa. Acho que pudemos, nas áreas que atuamos, expandir os programas e dar contas dos gargalos que o governador nos deu como prioridade nas duas secretarias (Emprego e Relações do Trabalho e Gestão Pública). Agora, temos que pensar em conjunto com o partido e as demandas do governo. Não adianta levar a proposta adiante ou fazer uma exigência se ela não se encaixar naquilo que é uma proposta de governo. Ainda com a diferença de que, em 2010, tínhamos concorrido sozinhos (na eleição proporcional) para deputado, então a suplência era direta nossa. Mesmo com a minha saída, a vaga era do partido. Neste ano, não. Estamos coligados, então isso não seria automático, se fosse no caso um deputado estadual, não necessariamente eu, sair para o Executivo, perderíamos uma vaga na Assembleia. Olhamos isso no que podemos fazer de melhor para se encaixar no governo. Para mim, honra muito o mandato na Assembleia. Acho que depois da experiência que tive como secretário meu desempenho será ainda melhor e vou discutir com muito mais propriedade os projetos dos deputados e aqueles do governo que, normalmente, são ações de grande interesse para o Estado.

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“Não adianta levar a proposta adiante ou fazer uma exigência se ela não se encaixar naquilo que é uma proposta de governo” Foto: Nara Assunção

O senhor é da região de Campinas, que sofre com a falta d’água. Como vê a gestão do Estado diante desta crise? Houve falha de planejamento ou o Estado age de forma correta?

Nós não podemos culpar por um ano específico, onde você tem a maior seca dos últimos 80 anos, segundo as estatísticas. Ela poderia acontecer este ano, ano que vem, em 2016, 2017… É muito difícil prever e fazer um planejamento sem saber que dia vai acontecer. Diversas obras já começaram. Hoje são cinco sistemas responsáveis pelo abastecimento da Grande São Paulo e o maior deles era o Cantareira. Se eu não estou enganado, quando começou a crise, tiravam 39 mil litros por segundo do Cantareira. Hoje tira 19. Isso mostra o que Governo tinha como remanejar. E já fez. As obras (da bacia) do São Lourenço já estão encaminhadas. Você tem ações sendo feitas. Muita gente dizia que, ao acabar a eleição, também acabaria a água. Pode acabar se não chover. Se nos próximos meses chover muito abaixo, continuaremos com essa crise brava, mas não era uma questão eleitoreira. E, agora, vamos ter uma atitude mais responsável, pois durante a eleição isso explorado eleitoralmente. De uma forma, inclusive, que deseduca a população. Pois, quando vinha o PT dizer que “faltou água porque o governador não cuidou” parece que a água não é um problema. E isso que é grave. Cada vez que passam uma mensagem deste tipo, de que água não é problema, nós estamos deseducando a população. É uma batalha grande que temos que ter para conscientizar a população de que a água é um bem importante, que pode faltar e que tem que ser economizada. Todo dia, seja quando chove muito ou pouco. Eu saí de casa hoje cedo e vi três vizinhos lavando calçada. Não dá para entender porque as pessoas lavam a calçada, choveu há pouco, não tem nem poeira. E esta é água limpa e tratada, e isso tem um custo. Se tem uma questão para falar para o governo fazer – e aí não fez – é uma campanha de uso racional da água. Acho que este é o desafio e, depois, continuar trabalhando. E o que é mais grave. Se não chover agora pelo menos a média, vamos ter outro problema, que é a energia. Eu ando o Estado inteiro e vejo que não é só o Cantareira que está (com o nível) baixo. Os rios estão baixos lá na outra ponta do Estado, onde tem muita água. A nascente do (rio) São Francisco secou. É um problema grade de desequilíbrios mudança no clima. Precisa intensificar as campanhas para economias e uso racional da água, investir na captação e na melhor utilização. E a política é impulsionada pela necessidade. O governo estabelece as prioridades, e ele tem feito isso. E depois falamos governo: nós estamos falando de quem? A responsabilidade é compartilhada. Tem muitos municípios que a gestão da água é da Sabesp. Outros são municipais, outros privatizados. E você tem gerenciando tudo isso a Agência Nacional de Águas. Veja como é a coisa: novamente, no período eleitoral, a agência adotou um discurso de que estava tudo errado, e agora mudou. Até a sugestão de se usar o (rio) Paraíba do Sul, que foi criticada, agora será adotada. Outra questão importante: eleição tem que debater ideias, não fazer demagogia. A proposta do governador é séria, tanto que foi adotada. Se fosse eleitoreira, ela não seria adotada. Esse é um ensinamento que temos que ter.

 

Cogita-se uma fusão do PPS com o PSB. Como o senhor vê essa fusão e a organização do partido no País?

Nós temos um quadro partidário hoje que está cada vez mais disperso. Aumentou agora os partidos com representação no Congresso e na Alesp. Nós, do PPS, não temos uma visão de se restringir a criação de partidos, se você tem uma linha de pensamento, comunga isso com mais setores da sociedade e quer organizar isso em partido, você tem que ser livre. Agora, criamos uma situação de que se criar partido virou balcão de negócios. Pois hoje se cria um partido, que leva deputados, tempo de televisão, fundo partidário. Este é o jogo que é ruim: ao invés de se criar um partido por conta de uma proposta nova, se cria para acomodar um político que não está feliz aqui ou ali ou para juntar fundo partidário ou juntar tempo de televisão para negociar isso sem o partido ter tido nenhum voto. Então, por isso, acho importante quando é possível juntar setores que tem pensamento comum dentro da visão de como deve se organizar a sociedade. E é nesse sentido que temos visto como uma possibilidade boa uma possível integração e fusão com o próprio PSB, um partido com a visão democrática de esquerda. Construímos um programa para a disputa da presidência da república juntos, com a participação do Eduardo Campos, que infelizmente a tragédia levou um quadro importante. Depois tivemos a Marina (Silva), que honrou esse programa que havia sido estabelecido, com o seu nome, mas que infelizmente não chegou ao segundo turno. Mas cumpriu um papel importante de propagandear um conjunto de propostas para dar solução ao País. A visão é construir isso de forma que este programa, essa visão, possa ter um peso maior no congresso. O PPS hoje tem 10 deputados federais, é uma bancada pequena, inclusive para atuação parlamentar. Você fica muito restrito do ponto de vista de ter acesso à comissões e relatorias, participar mais efetivamente das discussões. Embora que, com a nossa bancada pequena lá, temos tido uma participação bem ativa, os nossos deputados de São Paulo e o nosso líder, Rubens Bueno (Paraná) estão sempre acompanhando e exigindo do Congresso o papel de fiscalização. De qualquer forma, devemos formar um bloco parlamentar. Somados os deputados dos dois partidos são 44, o que dá uma força significante. O PV pode vir somar também. Mas a ideia da fusão deve ser feita em conjunto com o que pensa o PSB…. Será um conjunto de ações trabalhadas para algo mais concreto, e dependendo do que avançar, a fusão pode ocorrer. Agora, queremos fortalecer o PPS nos municípios, já visando a eleição de 2016, por conta do nosso sistema eleitoral, o tempo é muito curto, o prazo para quem quiser concorrer no próximo pleito se inscrever no partido termina em outubro do ano que vem. Temos menos de um ano.

 

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