Por diferentes motivos, jovens, adultos, senhores e senhoras dormem nas calçadas santistas, embaixo – principalmente – de marquises. De acordo com último censo realizado pela prefeitura de Santos, em parceria com a Unifesp, a cidade tinha 591 pessoas vivendo nesta situação de rua. Isso há três anos.
Parcela da população ignora esta triste realidade – que aparentemente vem crescendo – e os moradores de rua, muitas vezes, se tornam invisíveis. Do outro lado, porém, existem as pessoas que não conseguem ignorar o problema e criam ações e projetos solidários, como é o caso do Entrega Por Santos.
O projeto surgiu quando a advogada Barbara Reis, de 26 anos, junto com uma amiga, resolveu fazer uma ação independente arrecadando alimentos e itens de higiene em maio de 2015 para distribuir para população de rua. Enquanto se preparavam para o ato, conheceram o projeto Entrega por SP que ocorre na Capital há mais de três anos. Entraram em contato e um dos organizadores Lucas veio até Santos para participar da ação das meninas.
Já neste primeiro dia decidiram que a ação não seria isolada. Viram o quanto a ação fez bem para quem passaria por mais uma madrugada solitária e para os próprios voluntários. Decidiram fazer o Entrega por Santos e não pararam mais. Assim como cresceu o número de voluntários nos últimos 13 meses, dobrando de 30 para até 60 pessoas, o número de moradores de rua também aumentou. “Era uma média de 80 a 100 kits distribuídos. Na última ação, foram 246”, conta.
O encontro acontece sempre no último sábado de cada mês, na Praça Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Aparecida. O próximo é neste sábdao (25). Por volta das 21 horas começam, em linha de produção, a organizar todos os kits, com os materiais doados ou comprados com o dinheiro de doações ou, quando necessário, por vaquinha dos próprios voluntários. De lá partem para os mais diferentes destinos. Em rotas diferentes, os voluntários se dividem e seguem para pontos já conhecidos.
Segundo Barbara já existe uma mapa desenhado, com locais que sempre tem uma concentração muito grande de pessoas, como na Avenida Conselheiro Nébias, na altura da Gota de Leite até o Centro; Na Bittencourt, perto do Fórum Civil, na Riachuelo… “Tem pontos que as pessoas já nos reconhecem pelo nome, são nossos amigos, e que não podemos deixar de ir”, explica Barbara. A ação só acaba quando terminam os kits e as conversas. Teve dia que os últimos foram embora depois das 5h da madrugada. Quanto mais gente, segundo Barbara, mais rápido acaba. “O horário que costumamos finalizar é por volta das 3 horas”, conta.
Mais do que os itens doados, eles doam tempo em conversa e carinho. “Nossa principal mensagem não é o alimento doado, mas sim o tempo que passamos conversando com eles, dizendo para estas pessoas que somos todos iguais. No fundo a gente sai para ajudar alguém e quem ganha somos nós. É muito gratificante”, conta.
O que doar?
O que eles mais precisam para esta ação do dia 25 de junho é escova de dente, bolachas e roupas de inverno e cobertores
Onde doar?
Nutrindo o Corpo: Av. Conselheiro Nébias, 688 – cj. 63 – Boqueirão
Loja Achei Papelaria: Avenida Senador Pinheiro Machado, 600 – loja 4.
Como participar no dia?
Basta aparacer no dia às 21 horas na Praça Nossa Senhora Aparecida. Pode ser de carro ou a pé. As pessoas se organizam e se dividem em grupos para que todos possam participar. “Tem gente que vem de carro sozinho ou em dulpa. Só neste veículo já temos mais quatro ou três vagas. Sempre damos um jeito”, conta Barbara.