Especialistas abordam sobre as notas do Ideb serem baixas na Baixada Santista | Boqnews
Foto: Carlos Nogueira/Arquivo

Educação

23 DE AGOSTO DE 2024

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Especialistas abordam sobre as notas do Ideb serem baixas na Baixada Santista

Cidades não atingiram meta do Ideb nos anos finais (6° ao 9° ano), já para os anos iniciais (1° ao 5° ano), somente Bertioga atingiu o objetivo, reflexos da Covid-19

Por: vinícius dantas
Da Redação

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O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, no último dia 14, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb) 2023, indicador essencial para medir a qualidade da educação do Brasil. Desse modo, o cenário das notas na Baixada Santista de 2023, torna a área da Educação preocupante, reflexos, em parte, da pandemia

Mongaguá

Nos anos iniciais (do 1º ao 5º ano) a cidade de Mongaguá, o Ideb de 2023 foi de 5,6 na rede municipal e a meta foi de 6,3 em 2021. Nos anos finais (6º ao 9º ano), o Ideb foi 4,7 na municipal e a meta foi de 5,6. Já no Ensino Médio regular, o Ideb foi 4,3 e a meta 3,7 na rede estadual.

Itanhaém

Nos anos iniciais, a rede municipal registrou 6,1 na nota do Ideb e meta de 6,4. Nos anos finais, na rede estadual, a nota foi 4,8 e municipal 5,4. A meta da estadual foi de 5,9 e a municipal também. Já no Ensino Médio, 4,4 foi a nota do Ideb e 4,1 a meta na pública e estadual.

Peruíbe

Em Peruíbe, nos anos iniciais, a nota da escola municipal do Ideb foi de 5,9 Ideb e meta de 6,3. Nos anos finais, a nota foi 5 na rede estadual e meta de 6. Na municipal, a nota foi 5,4 e meta de 5,8. No Ensino Médio, na rede estadual foi 4,5 e meta 4,2. O mesmo na pública.

Cubatão

Em Cubatão, nos anos iniciais a nota foi de 6,1 estadual e meta 6,2. Já em âmbito municipal, 5,6 e 6,2, respectivamente. Nos anos finais, a nota foi 5,3 e meta de 5,6 em rede estadual. Já municipal foi de 5 e 5,8. No Ensino Médio, 4,3 e a meta de 4,2 na rede estadual.

Guarujá

Em Guarujá, 5,5 (nota) e 6,3 (meta) na rede estadual nos anos iniciais. Já na municipal foi de 5,9 e 6,3, respectivamente. E anos finais foram 4,9 e 5,8 na rede municipal e 4,9 e 5,5 na estadual. No Ensino Médio na estadual, a nota foi 4 e a meta 3,9.

Bertioga

Na rede municipal nos anos iniciais, a nota da municipal foi 6,3 e 6,1 foi a meta. Na rede estadual nos anos finais, a nota foi 4,9 e meta 5,5. No Ensino Médio, a nota da estadual foi 4 e a meta 3,9.

Santos

Em Santos, na rede estadual nos primeiros anos, a nota estadual foi 6,2 e a meta 6. E municipal foi 5,9 e 6,5, respectivamente. Já nos anos finais foi 5,2 na estadual e meta de 5,7. Na municipal, foi 5 e meta 6,1. Já no Ensino Médio, a nota da estadual foi de 4,5 e 4,4 de meta.

São Vicente

Em São Vicente, nos primeiros anos nas escolas estaduais a nota foi 5,8 e a meta de 6,8. Já na Municipal, 5,7 e meta de 6,6. Já nos anos finais, a estadual teve nota 5 e meta de 5,5 enquanto a municipal foi 4,9 e a meta de 6,2. No Ensino Médio, a rede estadual foi 4,1 e 4,1 (nota e média)

Praia Grande

A nota nos primeiros anos foi de 6,3 na estadual e meta de 6,2. Já na municipal foi 6,5 e meta de 6,1. Nos anos finais, na rede estadual a nota foi de 5,1 e meta de 5,8. Na rede municipal a nota foi de 5,3 e meta de 6,1. No Ensino Médio, na rede estadual a nota foi de 4,4 e meta de 4,2.

Análise geral

Quanto aos anos iniciais, apenas Bertioga atingiu a meta de 6,3. Desse modo, relacionado aos anos finais, nenhum município atingiu a meta. Já sobre as notas do Ensino Médio, pelo menos as cidades igualaram ou superaram as metas. A maior nota foi para Peruíbe e Santos com 4,5. E a menor para Guarujá e Bertioga com 4. As escolas são estaduais.

Todos pela educação

Segundo o analista de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Jackson Almeida, realizando uma análise dos resultados do Ideb e Saeb de 2023 comparado aos de 2019 sobre as cidades da Baixada Santista, pode-se identificar a queda nos anos iniciais e finais relacionados ao resultado do Ideb divulgados na semana passada. Portanto, alguns reflexos dos impactos da pandemia foram significativos, permitindo análises e comparações entre esses anos, sob o efeito da pandemia.

“É possível entender alguns desafios, relacionados ao ritmo de aprendizagem dos estudantes durante o ensino remoto. Questões de dificuldades na própria descontinuidade do ensino presencial, contaram com a dificuldade da rápida estruturação da rede de ensino de montar uma infraestrutura que possibilitasse um ensino remoto de forma rápida e que desse acesso aos estudantes nas tecnologias e fazer um recorte principalmente para os estudantes que têm uma vulnerabilidade socioeconômica e tiveram dificuldades de garantir equipamentos e internet de qualidade para que assistissem às aulas”.

Desafios

Além disso, ele ressalta a dificuldade desse estudante de exercer uma autonomia e concentração para se adaptar e conseguir realizar o processo de ensino e aprendizagem nesse formato.

Portanto, Almeida explica que a junção desses desafios atrelados a outros fatores como a tentativa de cumprir o conteúdo atrasado ocasionado pelo tempo da transição entre o fim do presencial e ensino do remoto, acompanhando esse atraso, foi mais um desafio nesse período. Dessa maneira, tal fato atrelou outras discussões em relação ao ensino remoto e o pós, como a questão da evasão escolar crescente de forma significativa nesse período.

“A partir dessas dificuldades mencionadas do período do ensino remoto na pandemia e com recorte de muito dessas evasões serem especialmente com estudantes que estão inseridos em vulnerabilidade socioeconômica tanto em socioeconômica quanto em questão de marcador social”, diz.
“Estudantes negros em grande parcela evadiram por conta das dinâmicas do ensino remoto e isso está muito atrelado ao fechamento prolongado dessas escolas que impactou nesse ritmo diretamente e a própria desigualdade da oferta desse ensino remoto, onde cada escola estava ofertando dentro das suas capacidades tanto de infraestrutura quanto de professores adaptados para aquele novo formato. E com isso, trouxe discrepância de ofertas dentro da própria rede”.

 

Fatores

De acordo com pedagoga e docente da Faculdade de Educação da USP, Elaine Vidal para ter uma boa nota no Ideb, portanto, as redes precisam garantir que todos os estudantes permaneçam na escola, sejam aprovados e que estejam aprendendo. Se um desses fatores falhar, o Ideb cai.
“Na pandemia, esses três fatores foram afetados: a evasão escolar aumentou demais. A falta do hábito de ir diariamente à escola, a ausência de elementos motivadores como o encontro com professores e colegas, ou mesmo a oportunidade de fazer uma refeição fez com que muitos estudantes acabassem abandonando a escola. Some-se a isso a crise econômica ocasionada pela pandemia, que obrigou muitos estudantes a largarem a escola para trabalhar”.
Dentre os que ficaram, a falta das aulas presenciais, por mais que escolas e professores tenham se desdobrado para fazer o melhor, prejudicou muito a aprendizagem. Assim, os índices de reprovação aumentaram e mesmo os que não foram reprovados apresentaram, nos últimos anos, uma aprendizagem muito aquém do esperado, em função do tempo que permaneceram distantes”.
Assim, o aumento de evasão escolar, reprovação e o baixo desempenho nas avaliações, resultado dos déficits de aprendizagem, fizeram com que caíssem as notas do Ideb de todo o País.

Minimizar a queda

Sobre o que precisa ser feito para minimizar a queda desse índice, Almeida informa que está justamente na implementação de programas de recuperação das aprendizagens que possa trazer foco em estratégias com estudantes, trazendo uma tutoria individualizada, recuperação intensiva junto com esses estudantes.
Ou seja, o monitoramento do aprendizado dos estudantes de perto, trazendo intervenção direta com os descritores e também junto com o processo sócio-emocional de garantir que o estudante esteja bem para participar desses programas de recuperação da aprendizagem.
“Juntamente com isso, atrelar uma forte estratégia de busca ativa e inclusão para que estudantes garantam a estadia na escola para inclusive participar do programa de recuperação de aprendizagem e que também recebão apoio sócio-emocional e talvez estejam mais firmes para que não possam pensar nessa evasão ou que necessitem dessa evasão por conta de fatores diversos ali atrelados a sua situação de vulnerabilidade”.

Estratégias

Muitas redes de ensino têm desenvolvido estratégias diversificadas para minimizar esses impactos. Dentre elas, existem diversos programas de recomposição da aprendizagem, que seriam uma espécie de “reforço escolar”, no próprio horário de aula, ou no contraturno.
“Muitas equipes também têm reestruturado seus currículos, buscando, para cada competência estabelecida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), quais são os conteúdos “foco”, ou seja, aquilo que é mais importante que o estudante aprenda, e investindo nessas aprendizagens, deixando de lado aqueles conteúdos que, embora importantes, não farão tanta diferença”.
A professora explica que é uma espécie de hierarquização de tudo que o estudante deve aprender, para garantir que ele aprenda o que é mais relevante (para sua vida ou para a continuidade dos estudos). Além disso, uma medida que tem sido muito necessária é a chamada “busca ativa”, ou seja, as escolas irem atrás dos estudantes que deixaram a escola durante a pandemia, convidando-os a voltar e oferecendo incentivos para esse retorno.
Para combater a reprovação, programas de correção de fluxo, onde os estudantes têm a oportunidade de fazer estudos de recuperação, a fim de se recolocarem nos anos escolares em que deveriam estar, também são medidas comprovadamente eficazes (desde antes da pandemia).

 

 

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