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Segurança

23 DE FEVEREIRO DE 2024

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Especialistas comentam como os moradores podem ter cuidados com os incêndios

Cada vez mais, casos de incêndios ocorrem em apartamentos e imóveis em decorrência da ausência de medidas preventivas e desatenção de moradores

Por: vinícius dantas
Da Redação

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Inúmeros casos de incêndio acontecem no Brasil. Porém, na Baixada Santista, mais precisamente em Santos, parece que na última semana foram maiores. Afinal, no fim da tarde da última sexta-feira (16), houve um princípio de incêndio em um prédio na Rua Bassim Nagib Trabulsi e assustou os moradores, no bairro Ponta da Praia, em Santos. Não houve vítimas.

Assim como, na segunda-feira (19), um incêndio atingiu uma banca de jornal na Avenida Conselheiro Nébias, na Vila Mathias, em Santos. Além disso, na quarta-feira (21), um carro pegou fogo na Rua Goiás com o Canal 3 em Santos.

Foto: Carla Nascimento

Um caso mais grave ocorreu na madrugada de segunda-feira (19), onde um incêndio atingiu um galpão de uma empresa agrícola, na Rua Aguiar de Andrade, no bairro Paquetá, em Santos. Portanto, o incêndio terminou apenas nesta quarta-feira (21). A área estava alugada para a Polícia Federal e centenas de equipamentos seriam leiloados nesta semana.

Foto: Divulgação

De acordo com a Autoridade Portuária de Santos (APS), a Brigada da Guarda Portuária atuou desde o início do fogo no armazém, em apoio ao Corpo de Bombeiros. A APS disponibilizou um caminhão autobomba com capacidade de 6 mil litros e oito brigadistas em revezamento.

Vale lembrar que neste sábado (24), completam-se 40 anos de uma das maiores tragédias do País: o incêndio na Vila Socó (atual Vila São José) em Cubatão. Esse caso foi decorrente de combustível que vazou de um oleoduto na Cidade, registrando 93 mortes. De forma oficial. Mas há alguns que garantem que os números foram maiores.A ocorrência de tantos incêndios pode ser coincidência, porém é necessário saber o que pode causar e como evitar.

Perigo da eletricidade

Segundo o professor de Engenharia Elétrica, Alexandre Shozo Onuki existem diversos componentes que podem causar incêndios.

Uns dos mais significativos é a instalação elétrica, que é composto basicamente por condutores de energia, tomadas, interruptores, soquetes e dispositivos de proteção elétrica.

Neste sistema, o incêndio inicia normalmente com o aquecimento dos elementos como os condutores ou tomadas (fêmea) devido principalmente à sobrecarga (corrente elétrica superior ao limite de operação dos dispositivos, provocada principalmente por eventuais curtos-circuitos ou conexões de equipamentos com potência superior ao especificado em projeto) ou por problemas de conexão.

Com isso, ele informa que é importante realizar uma manutenção no sistema elétrico para verificar pontos de aquecimento. E substituição de equipamentos com defeito ou desatualizados. “É necessário realizar uma análise para aferir se a instalação elétrica (principalmente as mais antigas) é compatível aos equipamentos utilizados na atualidade, pois em muitos casos ocorreram aumento da potência dos equipamentos atuais. Por exemplo, um chuveiro na década de 80 possuía uma potência máxima de 5000W e atualmente ultrapassa os 8000W”.

Além disso, é importante não alterar (sem orientação de um profissional da área) as características dos condutores ou disjuntores existentes, pois tal conjunto foi dimensionado de forma a evitar um sobreaquecimento nos cabos elétricos. Outro fator relevante é identificar os pontos de aquecimento (a temperatura nas tomadas e interruptores pode ser sentida quando for manuseada).

Caso for identificado o problema, recomenda-se chamar um profissional. Outra forma de identificar o aquecimento é pelo odor de queimado.

De forma geral, os condutores suportam até 70º C, porém, normalmente funcionam com temperaturas bem inferiores. Assim como é necessário respeitar os limites de cada tomada (existem dois tipos: 10 e 20A, que possuem encaixe de espessuras diferentes).

Quando utilizar um equipamento com plug (macho) mais grosso que a tomada (fêmea) existente deve ser trocada a tomada e nunca o plug.

Aparelhos

Conforme Shozo, alguns equipamentos podem iniciar um incêndio como o ar-condicionado, principalmente devido ao acúmulo de sujeira no interior do equipamento que associado a umidade, pode originar sobrecargas no sistema elétrico, o travamento nos dispositivos mecânicos ocasionando sobrecarga nos motores e sobreaquecimento no sistema como um todo e o término da vida útil do equipamento.

Para minimizar estes problemas ele recomenda uma manutenção periódica (cada fabricante indica um ciclo de manutenção) e a substituição em função do término da vida útil do equipamento (é importante salientar que todo equipamento possui a sua).

Sobre carregadores de celulares, notebook ou tablets, o principal problema que pode ocasionar um princípio de incêndio é o aquecimento devido à sobrecarga ou falta de refrigeração (todo equipamento semelhante a este produz calor, dissipado pela sua carcaça).

Para reduzir a incidência de acidentes, é importante utilizar carregadores com potência superior ao indicado no manual do usuário. Também aconselha-se que tais equipamentos possuam homologação da Anatel, sejam instalados em áreas ventiladas e evitar deixá-los conectados permanentemente nas tomadas.

As extensões elétricas e multiplicadores de tomadas (populares benjamins) são outros causadores de incêndio devido a sua precariedade construtiva e falta de elementos de proteção elétrica. O professor explica que não é recomendada a utilização do utensílio, porém caso tenha que ser aplicado, faça-o de forma temporária e em equipamentos que possuam baixo consumo de energia (não é recomendado sua utilização em equipamentos com potência superior a 1000W).

Além disso, deve-se sempre verificar se o condutor ou plugs não estão aquecendo em excesso. Caso seja necessário o fornecimento de energia de forma permanente, chame um profissional e faça a instalação de uma nova tomada.

Fogo

De acordo com o major aposentado do Corpo de Bombeiros de São Paulo, Sergio Ricardo Vasconcellos, existem diversos fatores que podem causar os incêndios, seja por negligência, imperícia ou imprudência humana, acidental ou até mesmo intencional (criminoso).

“Entre as diversas causas podemos citar instalações elétricas inadequadas ou sem a devida manutenção, descarte irregular de fontes de calor como cigarro, fósforo recém utilizado, utilização inadequada do fogão, utilização inapropriada de equipamentos elétricos ou abrasivos próximos a locais com combustíveis ou líquidos inflamáveis, além de utilização inadequada de churrasqueiras a carvão, entre outras”.

Como reduzir?

Para evitar ou pelo menos diminuir o risco de incêndios, Ricardo recomenda sempre agir de forma preventiva, não carregando celulares sobre ou muito próximo de materiais combustíveis, não sobrecarregar tomadas ligando mais que um aparelho, adotar disjuntores ou dispositivos que desliguem automaticamente em caso de sobrecarga elétrica. E não deixar equipamentos ligados sem supervisão humana, nem possuir velas em casa. Além de checar periodicamente registros e mangueiras de gás.

Além disso, é necessário atenção redobrada para fumantes, utilizar sempre equipamentos certificados e compatíveis com a carga elétrica dimensionada, cuidado com tapetes, cortinas ou qualquer combustível próximo às tomadas, cuidado na utilização de óleo vegetal no cozimento de alimentos.

Em caso de incêndio em um apartamento, as pessoas devem acionar a Brigada de Incêndio do condomínio (alarme de incêndio ou portaria), acionar o Corpo de Bombeiros. Desse modo, procurar retirar os moradores de qualquer risco se possível, sempre preservando a própria integridade. Não utilizar os elevadores, sempre as escadas, utilizar os equipamentos contra incêndio disponíveis na edificação (extintores, hidrantes, escadas protegidas, etc), inutilizar os elevadores, desligar a chave geral de energia do prédio, prestar toda e qualquer informação aos Bombeiros.

Alarme

Ele também menciona que a instalação de sistema de alarme de incêndio é obrigatório para todos os prédios novos com área construída acima de 750 m². Portanto, devendo ser instalado na área comum dos pavimentos.

Os prédios existentes/antigos deverão ser adequados de acordo com o ano de construção e a legislação vigente à época.

O sistema de detecção de fumaça é utilizado em prédios com escada pressurizada ou quando for necessária a adoção de uma medida compensatória de prevenção contra incêndio na edificação, sempre dependendo do caso concreto e visando a segurança contra incêndio.

AVCB

O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) possui enorme importância, pois é o documento que o bombeiro emite comprovando que a edificação atende as medidas de proteção exigidas pelo Decreto Estadual nº 63.911/2018 e suas instruções técnicas. “A falta do documento pode acarretar diversas responsabilidades principalmente ao responsável legal (síndico) e também ao Administrador do condomínio.

Entre os principais problemas estão o não pagamento de indenização por seguradora em caso de sinistro, a grande dificuldade em provar que não houve negligência em caso de incêndio ou acidente nas dependências da edificação, gerando implicações nas esferas civil, penal e administrativa”.

Desse modo, são enormes cuidados e atenções que os moradores necessitam para não apenas minimizar os prejuízos do local, como cuidar do meio ambiente e salvar vidas. Além de influenciar outras pessoas para ter esse comportamento de segurança.

 

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