Há 89 anos, o Estado de São Paulo promovia a Revolução Constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas, que era o presidente do Brasil na época.
O objetivo dos paulistas era proporcionar uma Constituição ao País, haja visto que em 1930, as tropas do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba deram um Golpe de Estado e tiraram o presidente Washington Luís do poder. Quem assumiu o cargo foi Getúlio Vargas, que tinha como característica o populismo.
O grande problema é que Getúlio Vargas não fez uma Constituição, ou seja, o Brasil em tese era uma terra sem leis jurídicas. O tempo foi passando até que os paulistas se revoltaram contra o presidente em 1932. Como todas as histórias, há diversos fatos distintos contados sobre a revolução e o próprio Getúlio Vargas.
O historiador Marcus Carmo ressalta que São Paulo não lutou pela independência do Brasil. “A revolução não era elitista ou tinha como objetivo o retorno da República do Café com Leite, o que acontece é que na história sempre ocorreram fake news (notícias falsas), tanto que Getúlio Vargas inventava algumas mentiras para desqualificar o movimento, chegando a dizer que São Paulo queria implantar o comunismo”, destacou o historiador.
Logicamente que para uma revolução acontecer precisavam de alguns acontecimentos para mobilizar a população. No dia 23 de maio, houve uma manifestação na capital paulista contra Getúlio Vargas e algumas pessoas tentaram invadir a sede do Partido Popular Populista (PPP), que apoiava o governo.
Quatro jovens que estavam na manifestação foram mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo e assim surge o movimento MMDC, que tinha as letras iniciais dos jovens e guiou São Paulo para o ato contra Vargas. Um dia antes da revolução em 1932, no dia 8 de julho, o general do Mato Grosso, Bertoldo Kinger, que apoiava o movimento dos paulistas foi afastado. Era o estopim para a revolução começar.
Mobilização
Um dos fatos que mais marcaram a Revolução de 32 foi a mobilização de todas as classes da sociedade paulista. Do rico ao pobre, houve um engajamento enorme que entrou para a história. Campanhas e cartazes foram criados. As pessoas doavam seu ouro para São Paulo. Quem não tinha, chegava a dar as alianças de casamento para a Revolução e em troca ganhava um anel de latão personalizado.
As roupas dos combatentes, alimentação, envio de suprimentos e todo suporte para o movimento teve participação direta da união da sociedade.
Guerra
A Revolução de 32 durou cerca de três meses. As batalhas aconteceram principalmente na região do Vale do Paraíba, um ponto estratégico haja visto que o local era rota para o Rio de Janeiro que na época era a capital do País. Em menor número, as tropas paulistas acabaram sendo derrotadas pelo exército de Getúlio Vargas.
O historiador Marcus Carmo acredita que 635 combatentes de São Paulo morreram durante os confrontos, enquanto entre 1 mil a 3 mil militares do exército brasileiros vieram a falecer.
Segundo a professora de História, Cris Amarante, apesar da derrota nas batalhas, São Paulo saiu-se vitorioso com a Revolução Constitucionalista, isso porque dois anos depois (1934), Getúlio Vargas enfim criou a Constituição brasileira. No mesmo ano, ocorreram eleições para a presidência da República ainda que de forma indireta e para outros cargos de forma direta.
O historiador Marcus Carmo conta que um dos objetivos da Revolução de 32 era ampliar o espaço democrático, com o direito do voto às mulheres.
Santos
Diversos santistas foram combatentes em 1932. É o que consta no acervo da Associação dos Combatentes de Santos, localizado no Instituto Histórico e Geográfico de Santos. O presidente da Associação, Murilo Pinheiro Lima Cypriano, conta que a cidade teve um papel importante, sobretudo por conta do Porto.
Além disso, Pinheiro destaca que o legado da Revolução de 1932 foi a luta por direitos dos brasileiros e da democracia. “Os feriados históricos precisam ser lembrados, pois sem eles a história não seria escrita”.
A Associação conta com um site, onde as informações estão disponíveis (combatentes1932desantos.com.br). Para a manutenção do acervo é importante a chegada de sócios e apoiadores. Quem estiver interessado pode ir até o local. (Avenida Conselheiro Nébias, 689, no Boqueirão, em Santos).