Em 15 de abril de 1910 não havia guerras mundiais, nenhum dos quatro atuais grandes clubes de futebol de São Paulo havia sido fundado e o maior medo da população era a passagem do Cometa Halley. Em Queimadas, na Paraíba, nascia Inácia Sousa da Silva, que anos depois deixaria sua cidade natal em direção a Guarujá, onde mora há mais de 70 anos. Depois de superar a pandemia da Gripe Espanhola, deu o primeiro passo para deixar para trás mais uma pandemia, a da covid-19, indo receber a primeira dose da vacina na última sexta-feira (12).
Eram quase 15 horas quando o carro da vizinha da dona Inácia, Elizabete Alves, chegou ao drive-thru montado em frente à Unidade de Saúde da Família (Usafa) Jd. dos Pássaros (R. Rouxinol, 25 – Jd. dos Pássaros) para vacinação dos idosos. Na triagem dos documentos, a surpresa. O RG mostrava a data de nascimento da candidata à imunização: 15 de abril de 1910.
“Ela tinha visto que a vacinação começou, mas não tinha ninguém para trazê-la aqui. Hoje minha filha tinha consulta, vi que estava tranquilo, bem organizado e a chamei para vir. Fiquei muito feliz por ela”, disse a vizinha e amiga – também chamada de filha por dona Inácia –, Elizabete.
Memória
A memória já não é a mesma, mas a idosa, que já viveu em dois séculos, recorda que chegou em Guarujá com o marido poucos anos após a emancipação político-administrativa da Cidade, trazendo três filhos, dois homens e uma mulher, tendo sido mãe mais duas vezes.
Dos cinco filhos, apenas dois ainda estão vivos, sendo que a caçula tem 68 anos, segundo ela. Ela também lembra que tem 10 netos. “Estou muito bem, só as dores na coluna que não deixam eu me movimentar como eu gostaria. Estou muito feliz em tomar a vacina. Quero viver muito mais, ainda”, comemorou dona Inácia.