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Santos

20 DE FEVEREIRO DE 2015

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Ilha Diana, reduto caiçara santista, luta para manter as raízes

Chegada de empreendimentos portuários, cada vez mais próximos do núcleo, afetam o cotidiano dos moradores

Por: Nara Assunção
Da Redação

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Barca em direção à Ilha Diana sai do Centro de Santos

Barca em direção à Ilha Diana sai do Centro de Santos

Existem lugares onde os segundos podem até passar na mesma velocidade, porém são aproveitados de forma tão diferente, que dá a impressão que são mais lentos, melhores vividos. É impossível chegar à Ilha Diana, que fica a apenas 20 minutos do Centro de Santos de barca, e não ter essa percepção. Em um local onde a paz impera, um fato começa a tirar o sono dos moradores: a chegada de mais empresas, que compõem a expansão do Porto. O medo é um só: terem que “pagar” o preço do desenvolvimento.

O núcleo começou a ser habitado em 1932 por quatro famílias. Todos se conhecem pelo nome. “Hoje temos nosso espaço, pode ser um rancho de madeira, mas é nossa casa.Temos tranquilidade e a qualidade de vida que não existe em um condomínio fechado, com segurança e cerca elétrica. Se chove, fecho a casa da vizinha. Tudo que tenho, é meu. Saio, volto e está tudo no mesmo lugar. Falta um açúcar, um café, pego com a vizinha”, relata o pescador Eduardo Hipólito, de 43 anos de Ilha Diana.

Porém, o cenário tem sido cada vez mais ameaçado. Segundo o presidente da Associação de Melhoramentos do núcleo, Alexandre Lima, de 31 anos, também nativo do local, a situação tem piorado ano após ano. “Aqui existem muitos moradores que vivem exclusivamente da pesca e não há mais a fartura de peixes como existia antigamente, antes da instalação de um terminal aqui”.

Por conta deste equipamento, além da área de pesca ter diminuído, os moradores tiveram mais prejuízos. “Sofremos com a movimentação dos caminhões a noite inteira. De madrugada, parece que é na porta da sua casa”, ressalta Camila Hipólito, irmã de Eduardo, 34 anos.

Além disso, segundo Alexandre, a instalação de um novo terminal na região preocupa os moradores. “Estamos apreensivos com a chegada deste novo terminal, que pediu licença à Cetesb, e quer operar grãos vegetais e, depois, líquidos, como amônia e enxofre, podendo prejudicar a qualidade de vida e a saúde dos moradores. Isso pode acabar forçando-os a sair”, diz ele, que protocolou abaixo-assinados e pedidos de esclarecimento na Prefeitura, Ministério Público, Ministério Público Federal e na própria Cetesb.

Polo Turístico
Outra reclamação é a promessa, feita pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa durante uma edição do Viva o Bairro no local, de que o local se tornaria um Polo Turístico. Intervenções começaram a ser feitas, entre elas a reforma da Igreja de Bom Jesus, mas o ritmo das obras é lento. No ano passao, por exemplo, nem a tradional festa pode ocorrer em agosto. “As obras estão atrasadas. Queremos melhorias, a regularização fundiária, que não temos, que a policlínica seja melhor equipada, saneamento básico”, frisou.

Porém, algumas ações, que tiveram início com apoio da própria Prefeitura e da Embraport, terminal vizinho ao núcleo, já começaram. Os moradores realizam passeio turístico para quem deseja conhecer a região, que mesmo com tantos problemas, preserva tradições e oferece além de um tour pela ilha, café da manhã e almoço. Informações pelo telefone 99741-8690, com Patrícia.

 

Prefeitura atenta

O subprefeito da Área Continental de Santos, Claudio Marques Trovão, afirmou que o projeto de instalação do Terminal Santorini existe, mas que está em fase de estudos e obtenção de licenças junto aos órgãos ambientais. “Foi feita uma audiência pública em outubro e vamos intermediar outra reunião nesta semana entre os representantes do empreendimento e a comunidade para que tudo seja esclarecido”, garantiu Trovão.

Ele também frisou que a empresa não apresentou documentos à Prefeitura citando a movimentação de amônia e enxofre. “Não estamos tranquilos, pois eles terão que provar que trabalharão dentro do liberado. Eles pedirão essa licença ao Município e seremos criteriosos na análise. Nada está consolidado”. O investimento da EBT, que já opera na Ilha Barnabé, para o Terminal, é de R$ 470 milhões e o início das operações será em 2017.

Obras
Trovão ainda lembrou que a reforma dos equipamentos da ilha é fruto de uma Parceria Público-Privada entre Prefeitura e Embraport. “Nós acompanhamos e fiscalizamos as ações. Sabemos que o cronograma inicial não será atendido por questões financeiras, mas até dia 10 de março a Igreja estará pronta”, garante. O saneamento e a regularização fundiária também são tratadas pela Administração e devem ser resolvidas.

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