O motorista fica horas dentro do veículo, com dores no corpo e sem paciência. Quantas vezes essa cena se repete no Sistema Anchieta-Imigrantes? Uma das discussões é o que precisa ser feito para resolver esse problema, que tem como origem o alto congestionamento que ocorre todos os dias e, especialmente, em feriados e finais de semana.
O Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) é a principal ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o Porto de Santos, o Polo Petroquímico de Cubatão, as indústrias do ABCD e a Baixada Santista. A Ecovias responsável pela exploração e manutenção do sistema rodoviário e pela prestação de serviços aos cerca de 40 milhões de veículos que circulam por ano pelo SAI.
No entanto, a saturação é evidente e não há sinais claros de que uma nova ligação entre planalto e litoral iniciará. E quando isso ocorrerá?
Quem pode explicar melhor sobre as mudanças que podem ser feitas é o engenheiro José Manoel Ferreira.
Medidas
Especialista em mobilidade urbana, o engenheiro e pós-doutor José Manoel Ferreira salienta que considerando o atual cenário de tráfego alto no SAI para criação de uma nova pista visando melhorar o fluxo de veículos, é necessário pensar não apenas no mecanismo de pneus, mas também no de trem.
“Um trem que ligue Santos a São Paulo e toda região da Baixada Santista. Precisamos pensar na modalidade em cima de trilhos. Estamos com tudo isso sufocado, o sistema não aguenta mais. Não vai ser uma pista a mais que vai resolver isso”.
Assim, ele comenta que é preciso de planejamento e capacidade para que sejam conectados o transporte ferroviário e sobre rodas de uma maneira harmônica e integrativa. Por isso, é válido ressaltar a importância em analisar aonde está saturado e o porquê.
Dessa forma, quando imagina-se a construção do entendimento de polo gerador, onde há concentração de cargas e pessoas, ele explica que deverá haver distribuição de pessoas e cargas, pois atualmente a demanda de transporte ferroviário é muito grande para transportar contêineres.
“Estamos transportando poucos contêineres em cima de pneus, muito transporte de cargas em cima de pneus e pouco em cima de ferrovias. Hoje, você transporta no máximo de 18 a 20% de trilhos”. Desse modo, é fundamental programar e projetar esse serviço, a medida que a demanda é complexa e precisa de estudos, quais são as melhores alternativas para isso e o melhor planejamento.
Meio ambiente
Segundo Manoel, o meio ambiente não é um fator que atrapalha a construção. Por exemplo, o projeto Ferrogrão, que pretende ligar Sinop, no Mato Grosso, para Miritituba, no Pará, passará por uma área de reserva indígena, porém, ressalta, não se pode tratar com desrespeito os indígenas, mas também não pode prejudicar o desenvolvimento.
“Você faz mitigações. Todas questões ambientais são resolvidas, as que não forem, serão bem divulgadas para que a sociedade participe. Tem que ter audiências públicas. O que não pode é a sociedade continuar silenciosa”.
Desse modo, o engenheiro comenta que é possível desenvolver essa criação olhando ao meio ambiente de uma maneira generosa. Ele lembra que dá para realizar plantações, basta analisar o que será plantado e observar qual é a política de reflorestamento.
“O benefício é gigantesco. Vai tirar caminhão, cada caminhão possui 20 toneladas. Cada vagão tem 3 caminhões dentro do vagão, multiplicando pelo tamanho da composição ferroviária, você vê quantos caminhões você tira das estradas”.
Assim, destaca, isso diminui a poluição. “Não só o aquecimento global, do planeta. A gente é um cidadão planetário. Vai diminuir a fila de remédios, a fila de hospitais, os problemas de saúde, como problemas de coluna, um sujeito que fica no trânsito quatro horas dentro do carro vai ter uma vida mais saudável, uma porção de externalidade para ser considerada.”
Planejamento
Como usuário constante, o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) conta que tem assistido problemas recorrentes ao SAI, questões relacionadas à segurança e saturação em razão do grande fluxo. Ele participou do programa Jornal Enfoque da última quarta-feira (15).
Barbosa enfatiza que precisa haver a terceira ligação. “Uma obra como essa precisa ser idealizada, projetada e licenciada ambientalmente. Depois de vencer toda essa burocracia, licitação, PPP, extensão de contrato com a Ecovias, órgãos de controle, Ministério Público, começará a obra. Para ter a terceira pista funcionando podemos pensar que é uma década de trabalho. É muito tempo. Estamos falando de uma saturação que não é de hoje. É todo final de semana para subir e descer”.
Desse modo, Barbosa manifestou que ficou 3 horas para subir e esse caso não foi eventual, pois tem acontecido de forma recorrente. Ele aborda que é fundamental que possa ter essa terceira ligação como prioridade.
Ele já conversou com o governador governador de São Paulo Tarcísio de Freitas sobre essa pauta e ele garantiu que está no parâmetro estratégico do governo. Portanto, segundo ele, haverá avanços concretos por parte do governo.
Além disso, 0 deputado ressalta que a ideia é poder trabalhar para ter um cronograma, um calendário para a obra, visando a melhor alternativa, tempo para projeto, tempo para licenciamento e entrega.
Segurança
Desde a última quarta-feira (15), o policiamento ostensivo e preventivo se intensificou em toda a Baixada Santista, principalmente em Santos, Guarujá e São Vicente, com a retomada da Operação Impacto. Portanto, a ação, que visa coibir possíveis práticas ilícitas e garantir a segurança dos cidadãos, contará com o apoio de equipes da ROTA, do Comando de Ações Especiais (COE), além da Polícia Militar Rodoviária.
Lembrando que no último domingo (12), ocorreram arrastões na cidade de São Vicente, mostrando a necessidade do reforço na segurança da cidade e também nas demais da região para evitar que crimes aconteçam nesse período de feriados e na temporada de verão.
Feriado
Outra questão é que com esses feriados cresce muito o movimento nas cidades, ajudando no fomento do turismo local. De acordo com a Prefeitura de Santos, a expectativa é de que neste feriado até 96 mil veículos venham para Santos pelo Sistema Anchieta-Imigrantes. Assim, trazendo o correspondente a 288 mil pessoas. A taxa de ocupação dos hotéis deverá ser superior a 65% (sábado até segunda), com pico de ocupação de 83% no final de semana (sábado e domingo).
A rede hoteleira está confiante com os feriados de novembro. Além disso, uma pesquisa do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (SINHORES), na última sexta-feira (10), aponta que a expectativa de ocupação é de 80% para o período entre 15 e 20. Para o feriado da Consciência Negra, as reservas já atingiram 50%.