O país vive uma das piores crises política e econômica das últimas décadas. Na quarta-feira (2) foi aberto, inclusive, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Muitos são os reflexos na rotina dos brasileiros, sendo que setores da indústria, comércio e mesmo o turismo já sentem o peso na queda do faturamento, com cortes de funcionários e menos contratações para reforçar a equipe durante a temporada de verão.
Contrariando este cenário pessimista, o setor de turismo da Baixada Santista – entretanto – está animado e com expectativas positivas para esta temporada. Se por um lado, a instabilidade do real e a alta do dólar trazem prejuízos em vários segmentos, por outro fazem que brasileiros viajem dentro do próprio País, optando por roteiros mais simples e próximos. O litoral brasileiro se torna ótima opção para as férias deste verão.
Assim destacam algumas pesquisas recentes como o boletim de intenção de viagem do Ministério do Turismo, que revelou que 82,7% dos potenciais viajantes da capital paulista afirmam ter preferência por destinos turísticos nacionais, um aumento de 9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Cenário que é confirmado pelo secretário de Turismo de Santos, Luiz Dias Guimarães, e pelo presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes), Salvador Gonçalves Lopes.
“Já temos observado isso em Santos nos últimos feriados prolongados. O da Consciência Negra, por exemplo, tivemos uma movimentação grande. A taxa de ocupação dos hoteis superou o que imaginávamos. A expectativa era de 64% e atingimos 69% de ocupação nos leitos. Isso mesmo com o tempo instável. O que mostra uma maior procura pela cidade, principalmente entre as famílias para o turismo de lazer”, ressalta Guimarães.
Para Salvador, com os preços acessíveis da rede hoteleira e as opções de atrativos na região, o turista vem atraído para conhecer as praias. “Se por um lado a alta do dólar é ruim por outro – de certo modo – nos ajuda. Isso contribui com o turismo nacional. Para quem vem de fora também é bom, pois o dinheiro vale mais aqui”, ressalta.
Cruzeiros
Os transatlânticos – que fazem parte do cenário santista desde novembro com escalas até abril de 2016 – contribuem com que o setor fique animado, mesmo apresentando queda na movimentação de passageiros.
De acordo com o Terminal Marítimo de Passageiros da Concais, 700 mil pessoas são esperadas para esta temporada, que – em 100 dias de operações – conta com 156 escalas de 17 transatlânticos diferentes. Algo positivo foi o aumento no número de navios em trânsito, de sete para dez.
Um diferencial nesta temporada é o fortalecimento de parcerias com os navios com a venda – a bordo – de pacotes com roteiros em Santos. “A MSC, que tem quatro navios nesta temporada passando pelo porto santista, está vendendo os pacotes. Além disso, todos os passageiros que apresentarem o voucher ganham desconto de 50% no Museu Pelé. Na Pullmantur, também é possível comprar pacotes a bordo. Há o city tour genérico, com o Aquário e o Orquidário entre outras atrações, e o pacote do Centro Histórico, incluindo o Museu Pelé, a Bolsa do Café e passeios de bonde”, ressalta o secretário.
Para Renato Marchesini, da agência de turismo Caiçara Expedições, especializada em turismo ecológico, a crise afetou o setor de turismo receptivo. “Poderíamos ter um volume maior de viajantes se tivéssemos um cenário econômico mais favorável”. Mesmo com esta impressão, a expectativa é positiva.
“Estamos tendo uma procura maior pelos passeios, com alguns grupos agendados e outros em negociação. Acredito que deve-se ao planejamento e empenho que desenvolvemos este ano, com roteiros históricos, culturais e turismo comunitário”, ressalta Renato que declara que 60% das pessoas que fecham pacotes com a agência são de outras localidades e 40% são da própria Baixada Santista.
“Atendemos também passageiros que vem embarcar e desembarcar em Santos, com opções de roteiros turísticos para que ele também aproveite as belezas da região”, diz.