Os números reforçam uma triste realidade acompanhada diariamente pelos profissionais da área da Saúde que atuam na linha de frente ao Covid-19.
Cresceu o número de óbitos de pessoas com menos de 60 anos no mês de março em Santos, no litoral paulista.
Justamente o período quando explodiram os casos das novas variantes, especialmente a brasileira, a P1, com mutações que tornam o coronavírus mais contagioso e mais resistente a anticorpos.
Até domingo (28), 93 santistas morreram pela doença – 63% a mais que em fevereiro, com 57 mortes.
Deste montante, 22 tinham menos de 60 anos – ou seja, teoricamente não fariam parte do grupo de risco.
Isso significa que um em cada quatro santistas que morreram da doença tinham menos de 60 anos.
Das 22 vítimas fatais, 14 tinham entre 50-59 anos; cinco, de 40-49 anos; duas, de 30 a 39 anos e uma pessoa com menos de 30 anos.
Para se ter ideia, na comparação com o mês anterior, houve um aumento de 180% entre as vítimas fatais de 50-59 anos e de 150% entre os que tinham entre 40-49 anos.
Além disso, o percentual de vítimas fatais pela doença com menos de 60 anos tem crescido nos últimos meses.
Em dezembro passado, as pessoas com menos de 60 anos representavam 9,5%; em janeiro, 14,4% e em fevereiro, 12,3%.
Portanto, em um mês, praticamente dobrou – em termos percentuais – a participação de pessoas mais jovens na trágica listagem de mortes pela doença.
Quadro total de mortes pela Covid (março até dia 28) –
Fonte: Secretaria de Saúde de Santos
Vacinação
Por sua vez, os números também trazem dados positivos.
Por exemplo, praticamente todas as faixas etárias acima dos 60 anos registraram queda no volume de mortes na comparação entre dezembro – quando não havia vacina – e março.
Portanto, ao contrário dos mais jovens.
Ou seja, em março, foram 13 pacientes que morreram na faixa etária entre 60 – 69 anos, a metade em relação a dezembro.
Mesma situação ocorreu entre aqueles com 70 – 79 anos (foram 24 de março contra 37 em dezembro), com queda de 65%.
Por fim, redução também na faixa entre 80 – 89 anos, caindo de 46 em dezembro para 26 agora.
Os números, portanto, comprovam a eficácia das vacinas no combate à doença.
“Israel e EUA, que vacinam de forma impressionante, já registram quedas abruptas nas mortes por pessoas mais idosas”, destaca o médico infectologista Evaldo Stanislau.
“Vacina serve para proteger forma grave e a mortalidade”, acrescenta.
Risco das novas variantes
Stanislau reforça a importância da agilidade na vacinação no País sob o risco do impacto das novas variantes em circulação.
“Os Estados Unidos estão vacinando com agilidade. E mesmo assim alguns estados estão registrando aumento de casos”, alerta.
Assim, a circulação da variante inglesa é a justificativa para esta situação por lá.
“Nós podemos que isso ocorra aqui, pois é arriscado ficarmos muito tempo com uma parte da população imunizada, outra semi-imunizada (tomou apenas uma dose) e outra sem vacinas”, alerta.
“Pode ocorrer um caldo de cultura das variantes, o que poderá colocar tudo a perder”, salientou, durante entrevista ao programa Jornal Enfoque – Manhã de Notícias