Mortes por acidentes de trânsito crescem na Baixada Santista | Boqnews
Foto: Beto Iafullo

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21 DE MARÇO DE 2025

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Mortes por acidentes de trânsito crescem na Baixada Santista

Segundo dados do Infosiga, Baixada Santista apresenta alta em mortes por acidentes de trânsito nos últimos três anos

Por: vinícius dantas
Da Redação

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A  Baixada Santista registrou crescimento no número de mortes por consequência de acidentes de trânsito nos últimos três anos, segundo dados do Infosiga-SP. Apenas contabilizando anos completos, em 2022 foram 232, já em 2023 foram 262 mortes e no ano passado ocorreram 279 óbitos, um aumento de 20,2% nesse período.

 

Cidades

Dados do Infosiga/Detran-SP apresentam números de mortes em acidentes de trânsito nos anos de 2022, 2023 e 2024. Foto: Arte Mala

Portanto, as cidades com o maior número de mortes em 2022 foram Praia Grande com 44, São Vicente,  41 e Santos, 40.  Já os maiores números em 2023 foram Praia Grande com 48, Santos com 40; São Vicente apresentou 35 óbitos.

Em 2024, São Vicente registrou 51 mortes, Praia Grande 49 e Santos apresentou 46 mortes. Já nos dois primeiros meses deste ano, Praia Grande registrou 6 mortes, Santos 4. Guarujá e Itanhaém tiveram 3.

 

Perfil das vítimas

No ano de 2022, as faixas etárias com o maior número de óbitos incidiram na faixa de 25 a 29 anos com 22 mortes,  de 40 a 44 (20) e de 30 a 34 (19).  Em 2023, as maiores foram de 20 a 24 anos (28 mortes), 50 a 54 (24) e de 25 a 29 (23).

Contudo, no ano de 2024, as mortes de 20 a 24 tiveram 35 óbitos, de 35 a 39 foram 28 óbitos e de 30 a 34, 25 mortes. Já em 2025, nos meses de janeiro e fevereiro, de 20 a 24 e de 40 a 44, apresentaram 4 mortes e de 25 a 29 e 50 a 54, 3 cada.

 

Motos

Na última segunda-feira (17), um acidente de trânsito resultou na morte de uma jovem na Rua Frei Gaspar, no bairro Cidade Náutica, em São Vicente.

De acordo com informações do 6º Grupamento de Bombeiros (GB), o caso ocorreu por volta das 12h54 no local e a equipe prestou apoio. O Centro de Operações teve acionamento por meio da central 193 para prestar atendimento no local onde uma motociclista havia se envolvido em um acidente com um caminhão, e que após a colisão o veículo havia passado sobre a cabeça da motociclista.

Portanto, essa é uma triste realidade e que é evidenciada também nos números. O percentual de óbitos por meio de transporte da vítima (apenas com uso de motocicletas) em 2022 chegou a 33% entre motociclistas homens e 2% mulheres. Em 2023, a porcentagem foi de 37% do masculino e 6% do feminino. No ano passado, ocorreram 39% do sexo masculino e 7% do feminino – mostrando a tendência de alta.

 

2025

Em janeiro e fevereiro de 2025, 22 perderam a vida no trânsito nas ruas da Baixada Santista. Quase 1 por dia. Os motociclistas representaram 36% do total e as motociclistas 9%, índice acompanhado pelas ciclistas.

Erros

De acordo com o assessor da presidência da CET-Santos e especialista de trânsito, advogado Marco Fabrício Vieira, entre os motociclistas os erros mais frequentes incluem um item: o excesso de velocidade.

“Muitas vezes, a busca por maior agilidade leva à imprudência, principalmente nos corredores formados entre os veículos”, destaca.

Outro tópico trata das manobras arriscadas, com mudanças repentinas de faixa e circulação entre veículos sem a devida cautela.

Além do avanço ao sinal vermelho. “Essa conduta reprovável tem se tornado uma constante em todas as cidades, sem contar a falta de uso dos equipamentos de proteção. Deixar de utilizar capacetes e outros itens essenciais aumenta os riscos de lesões graves”.

Já entre os motoristas, os erros comuns são a desatenção.

“Falta de percepção do ambiente e dos usuários vulneráveis, como os motociclistas”, enfatiza.

Ele cita também a falha ao respeitar a prioridade dos motociclistas. “Não reconhecer o espaço necessário para a segurança dos motociclistas em ultrapassagens e conversões”.

Não bastasse, as infrações de trânsito, como o avanço de sinal, que requentemente resultam em colisões com motociclistas.

 

Proteção

O especialista menciona sobre a importância de equipamentos de segurança para a proteção dos motociclistas.

“O capacete, por exemplo, é responsável por reduzir significativamente o risco de traumatismo craniano, que é uma das principais causas de fatalidades em acidentes envolvendo motos”, explica Vieira.

“Além do capacete, o uso de jaquetas, luvas, botas e calças reforçadas ajuda a minimizar lesões em outras partes do corpo, tornando o impacto de eventuais colisões menos grave. A conscientização sobre a importância desses equipamentos é essencial para a redução do índice de mortes e incapacidades graves”, reforça.

 

População

Com o aumento de prédios e população, obviamente, muitos moradores se locomovem cada vez mais de motos. O especialista aborda o quanto a população acaba impactando em relação ao trânsito.

“O crescimento populacional e a verticalização das cidades têm levado a uma maior dependência de veículos menores, como as motocicletas, por serem mais ágeis e facilitarem a locomoção em áreas congestionadas”, enfatiza.

“Esse aumento impacta o trânsito de diversas formas, como, por exemplo, a maior densidade de veículos que contribui para o aumento de conflitos entre diferentes modais e a dificuldade na gestão do fluxo viário”, diz.

Isso impacta também pela demanda por infraestrutura específica com a necessidade de adaptar as vias e criar espaços seguros para motos, bicicletas e pedestres. Além da pressão sobre a segurança viária, pois com mais usuários nas ruas, aumenta-se o risco de acidentes, especialmente se não houver uma cultura consolidada de respeito mútuo e uso adequado dos equipamentos de proteção.

“Em síntese, o impacto da população no trânsito demanda uma abordagem multidimensional, com melhorias na infraestrutura, educação e fiscalização para garantir a segurança e a eficiência da mobilidade urbana.”

 

Motoqueiro

O motoqueiro Henrique Haiba sofreu um acidente de moto e ficou sem trabalhar por um ano.

“O acidente impactou na minha vida mais fisicamente. Graças a Deus, eu tenho uma mente boa e não impactou muito emocionalmente. Mas, fisicamente eu quebrei o punho do lado esquerdo, a mão do lado direito e estourei o joelho do lado esquerdo. Eu fiquei imobilizado tanto a mão direita quanto a esquerda. Como eu trabalho com as mãos, o INSS me deu um ano e eu fiquei este período parado”.

O acidente ocorreu próximo da Avenida Marechal Deodoro, 219, Vila Valença, em São Vicente, perto da Estação Antônio Emmerich do VLT. Ele explica como foi o momento do acidente.

“Havia um buraco na via e os carros estavam desviando dele, quando o carro desviou, para eu não bater na traseira do carro, eu freei a moto e a minha moto tem o freio conjugado, então ela freia os dois em qualquer situação. Assim, a moto caiu de lado por cima de mim e eu fiquei com as mãos e acabei quebrando elas.”

Sobre a mensagem tanto para motoristas, motoqueiros e pedestres no trânsito, Haiba aborda que para os motoristas é deixar o corredor livre aos motoqueiros. “Eles têm condições de deixar o motoqueiro passar e eles deixam os corredores mais estreitos, podem jogar o carro um pouco mais para o lado para o motoqueiro passar, deixando o corredor livre”

“Para os motoqueiros, nós vemos no trânsito. Alguns se arriscam demais. Eu aconselho para eles não se arriscarem tanto. E os pedestres, às vezes, há distração. Nós observamos o pedestre atravessando a rua e a faixa, com o celular na mão e distraído. E se o motorista não estiver prestando atenção, pode ocorrer uma acidente.”

 

Detran-SP

Questionado sobre quais medidas estão sendo implantadas para reduzir o número de óbitos de motociclistas e acidentes de trânsito em geral que levam a morte, o Detran-SP emitiu uma nota:

“O Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) informa que os municípios são orientados a analisar permanentemente os dados do Infosiga, identificando os perfis das vítimas, tipos de deslocamentos preponderantes, dias, horário e locais dos sinistros, para, assim, realizarem ações integradas em educação, comunicação, engenharia de tráfego e fiscalização. A recomendação do Detran-SP é que essas ações sejam permanentes e que atuem com públicos prioritários. Fatores de risco como excesso de velocidade, combinação de álcool e direção, uso do celular ao conduzir, falta do uso de cinto de segurança, a falta de uso dos equipamentos de proteção (capacetes para motociclistas e equipamentos de retenção infantil) devem ser abordados indicando os comportamentos seguros”.

“O Detran-SP tem realizado campanhas baseadas em dados e evidências – oriundos do Infosiga – que estão sendo veiculadas em todo o estado e são acompanhadas de ações integradas de educação, comunicação e fiscalização. A campanha mais recente foi voltada para o período do Carnaval, com o slogan ‘Brilhe nas festas, não nas estatísticas’ “. “Outras campanhas recentes são voltadas aos motociclistas (“Faz seu corre, sem correr”) e aos pedestres (“Sinal de respeito”), os públicos mais vulneráveis do trânsito. As campanhas educativas são disseminadas ao público, por meio de mídia e abordagem direta ao cidadão, com apoio de uma rede colaborativa com os municípios. Na Baixada Santista, de 2024 a março de 2025, a superintendência realizou 36 ações educativas, impactando 28 mil pessoas.

 

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