Apesar de serem a maioria do eleitorado na Baixada Santista, as mulheres ainda têm muitos desafios na representatividade política.
Todos os nove municípios da região contam com uma taxa de candidatas inferior a 36%; já entre os homens a porcentagem varia de 64 a 69%. Vale destacar que este número só não é maior, por conta da lei n° 9.504/1997, na qual determina que os partidos devem registrar, no máximo, 70% de candidatos de um único sexo, ou seja, as mulheres sempre vão ter, no mínimo, 30% de representatividade na disputa eleitoral.
O mesmo vale para os homens, mas em diferentes proporções, pois o gênero sempre foi maioria na política brasileira. Em 2009, com a minirreforma eleitoral, o número mínimo de mulheres nas eleições se tornou obrigatório, dessa forma foram implantadas algumas adaptações à lei anterior. Mesmo assim, o cenário político continua sendo dominado pelos homens.
Para se ter uma ideia da disparidade, a Câmara Federal que tem 513 cadeiras é composta por 436 deputados (84,9%) e 77 deputadas (15,1%). Os números levam indignação sobretudo a bancada feminina que busca colocar em prática, a representatividade não só nas candidaturas, como também no poder. Outro fator preponderante é que alguns partidos tentam burlar o sistema da cota, colocando candidatas laranjas na disputa ao pleito, como divulgado em matérias da BBC News e UOL durante as eleições de 2018.
Participação minúscula
De acordo com o cientista político Fernando Chagas, essa participação minúscula das mulheres nas disputas eleitorais em geral é decorrente do meio político ser amplamente dominado pelos homens, desde o início da República, limitando o espaço do gênero feminino na ocupação de cargos eletivos, mediante a sua reduzida participação no pleito eleitoral.
Além disso, ele ressaltou uma das motivações para este cenário é o reflexo da sociedade brasileira que ainda discrimina a atuação do gênero feminino na vida pública.
“Só mudará quando o povo decidir pressionar os partidos para abrirem espaço para essa significativa parcela da população em seus quadros e sobretudo o eleitorado, inclusive, o feminino votar nas mulheres. Enquanto isso, pode-se tentar o artifício da cota de cargos eletivos para o gênero feminino no Poder Legislativo”, concluiu Chagas.
Disparidade na Região
A Baixada Santista tem mais de 1,3 milhão de eleitores aptos a votar. Nas nove cidades, as mulheres são a maioria. O percentual mais alto é em Santos, onde o voto feminino chega a 55,3%; na sequência aparece Praia Grande (54,3%), Itanhaém (53,8%), São Vicente (53,6%), Mongaguá (53,32%), Peruíbe (53,2%), Guarujá (52,6%), Cubatão (51,4%) e, por último, Bertioga, com (51%).
O fato curioso é que Santos também tem o maior número de eleitores (341.867 mil), enquanto Bertioga é o município com menos indivíduos aptos a votar (44.814 mil). Vale destacar que algumas pessoas estão sem informação de gênero no Tribunal Superior Eleitoral, contudo este percentual não traz relevância para os dados finais, pois os números não chegam a 0,2%.
Em relação às candidaturas, o cenário é distinto, onde os homens são ampla maioria, atingindo quase o limite de 70% da cota. Cubatão (69,4%), São Vicente (69,1%) e Peruíbe (68,9%) são as cidades com o índice mais elevado de candidatos do sexo masculino. Itanhaém (35,5%) e Santos (34,8%) figuram entre os municípios com mais candidatas mulheres da Baixada Santista, todavia os números ainda são preocupantes, principalmente levando em conta o perfil do eleitorado. (confira nos quadros).
Prefeituras
Na corrida eleitoral para as prefeituras, o cenário não é diferente, Santos, por exemplo, tem 16 candidatos, mais do que a cidade de São Paulo. No entanto, não há qualquer mulher na disputa, algo que não ocorria há 28 anos. Ao todo, a Baixada Santista contará com 81 candidatos a prefeito, sendo 13 mulheres, 16% no total.
As cidades com mais representantes do sexo feminino são Praia Grande e São Vicente, ambas com três mulheres e oito candidatos no total. Já Bertioga e Itanhaém contam com duas candidatas.
Enquanto Guarujá, Cubatão e Peruíbe tem apenas uma mulher concorrendo ao poder Executivo. Mongaguá, assim como Santos, não tem representante feminina.
Em relação ao cargo de vice, a situação é um pouco diferente. Em Santos, por exemplo, onde não há nenhuma candidata ao cargo majoritário, tem 11 vices do sexo feminino, ou seja, 68,75%.
Outra cidade com números expressivos é Guarujá, que conta com seis mulheres como vice.