Inauguração do CAPS AD representa nova etapa da Saúde Mental em Santos | Boqnews
Fachada Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Zona Orla e Intermediária. Foto: Fernando De Maria

Poder Público

27 DE ABRIL DE 2023

Inauguração do CAPS AD representa nova etapa da Saúde Mental em Santos

Prefeito Rogério Santos entregou nova unidade, que ocupa imóvel na Vila Belmiro. A Zona Noroeste também ganhará serviço semelhante.

Por: Fernando De Maria

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No dia 3 de maio de 1989, a então prefeita Telma de Souza (PT) decretou a intervenção municipal no Hospital Anchieta.

Isso após uma série de denúncias contra a unidade hospitalar, localizada na Vila Belmiro, e que ficou conhecida  como a Casa dos Horrores em razão das péssimas condições oferecidas aos seus pacientes.

Violência, más condições de higiene, sucessivas mortes e superlotação eram alguns dos problemas encontrados no local.

Na ocasião, o jovem médico psiquiatra Roberto Tykanori Kinoshita ficou à frente da missão de revolucionar a área de saúde mental no Município.

Assim, as ações mudaram a imagem de Santos na luta antimanicomial, reverberando para todo o País e no exterior.

Portanto, passados quase 34 anos, Tykanori voltou às imediações onde outrora funcionara a Casa dos Horrores.

Só que em um imóvel vizinho, do outro lado da rua, na Rua Monsenhor Paula Rodrigues, na Vila Belmiro.

Onde funcionava a antiga creche dos funcionários do Hospital Beneficência Portuguesa.

Aliás, no mesmo local onde ele deixava a filha pequena, a poucos metros do prédio onde atuava como interventor na Casa de Saúde Anchieta.

Médico psiquiatra Roberto Tykanori aguarda detalhes técnicos para assumir a diretoria da área de saúde mental do Município, recém-criada. Foto: Fernando De Maria

Caps AD ZOI

Assim, nas coincidências da vida e às vésperas da data do fim da Casa de Saúde Anchieta,  o prefeito Rogério Santos inaugurou o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Zona Orla e Intermediária (Caps AD ZOI) nesta quinta (27).

Trata-se de um novo e mais amplo espaço para discutir e dar melhores condições no atendimento a frequentadores do local, maiores de 18 anos, dependentes de álcool e drogas.

Aliás, a presença de Tykanori não é à toa.

Afinal, ele aguarda questões burocráticas – leciona na Unifesp – Universidade Federal de São Paulo – para ser cedido ao Município e retomar esta luta, agora com  aspectos bem distintos em relação àquele momento.

Ou seja, como a invasão das drogas – e surgimento de novas, como o crack – e a explosão das redes sociais, que atingem corações e mentes, especialmente de jovens,  problemas inexistentes no final dos anos 80 e início dos anos 90.

Dessa maneira, a nomeação deve ocorrer, no máximo, em duas semanas.

Tão logo ocorra, ele se tornará o coordenador do departamento de Saúde Mental do Município, área a qual o prefeito Rogério Santos já anunciou que será uma das prioridades, especialmente em razão do crescente problema social que ocorre nas cidades brasileiras e do mundo.

Crescimento

Para se ter ideia, os afastamentos em empresas por doenças mentais cresceram 30% entre 2020 e 2022 – período da pandemia.

“É uma prioridade que estamos trabalhando”, salientou, durante a inauguração do espaço, transferido do antigo imóvel na Rua Silva Jardim onde o serviço funcionava.

Além disso, o prefeito assinou decreto criando o Departamento de Saúde Mental nos quadros da Secretaria de Saúde de Santos, sob o comando do médico Adriano Catapreta.

Assim, o novo setor concentrará todos os serviços municipais e unidades relacionadas ao assunto.

Por sua vez, o prefeito planeja que o novo espaço funcione por 24 horas em breve.

Assim, além da unidade na Vila Belmiro, a Zona Noroeste ganhará um serviço semelhante, cujo imóvel já está em escolha e definição.

Caps

Além das unidades específicas para usuários de álcool e drogas, as outras 13 dos Caps – Centro de Atenção Psicossocial voltadas para doenças mentais também passarão por remodelações, inclusive o CAPs infantil.

Quando ocupar o cargo, Tykanori sabe que terá carta branca para fazer as ações necessárias para melhorar o serviço público na área de saúde mental – e atender as novas e crescentes demandas.

“Sabemos do sofrimento destas pessoas e de seus familiares. Muitas vezes, elas são marginalizadas”, enfatizou o prefeito Rogério Santos durante a inauguração.

Recentemente, uma mãe levava sua filha ao Caps e o parou na rua, onde expôs que a moça estava sendo atendida no serviço público, elogiando o trabalho oferecido.

“Isso me mostrou ainda mais que estamos no caminho certo ao investir nesta área, pois esta é uma nova demanda da sociedade moderna”.

Ao lado de vereadores, secretários e profissionais e estagiários de Saúde, o prefeito Rogério Santos entregou a nova unidade iniciando o processo de reformulação da área de saúde mental do Município. Foto: Fernando De Maria

Inovar

Dessa forma, Tykanori diz que aceitou o convite, pois reconhece que é preciso inovar.

“Não é voltar para fazer o mesmo”, diz.

Ou seja, há necessidade de mudança de concepções no conceito do atendimento – neste caso – de usuários de drogas e álcool.

Na prática, segundo ele, não dá para colocar em prática ações pensadas no passado para os dias atuais.

“A sociedade mudou, o mundo mudou. Enfim, os problemas mudaram. O desafio é maior, envolvendo questões além da saúde. As percepções sobre os problemas da vida têm gerado sofrimentos para muitos”, salientou.

Atuando há cerca de seis anos com pacientes dependentes de álcool e drogas, o médico reconhece que o foco dos profissionais precisa mudar.

“Percebemos que estamos fazendo errado, entendendo o problema de forma errada”, diz.

Ou seja, ao invés de pensar que em razão de ter problemas pessoais uma pessoa usa substâncias químicas (álcool ou drogas), na prática a situação é oposta.

Ou seja, a pessoa usaria as substâncias por ter problemas e seria uma forma de esquecê-los, entrando em um círculo vicioso. Literalmente.

“Se achar que vai usar para resolvê-los, isso significará que na prática vai gerar mais problemas”, enfatiza.

“Somos seres fisiológicos. E a emoção é fisiológica, mas a razão não é”, enfatiza.

Espaço oferece uma série de serviços para os usuários. São cerca de 1.400 pacientes cadastrados na unidade, que mudou da Rua Silva Jardim para a Rua Monsenhor Paula Rodrigues. Foto: Fernando De Maria

Local

Com área ao ar livre gramada, o novo espaço funcionará à Rua Monsenhor de Paula Rodrigues, 170, na Vila Belmiro.

Pessoas que sofrem por uso abusivo de álcool e drogas podem ir espontaneamente ao local, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, sem necessidade de encaminhamento por um profissional de saúde.

A unidade tem cerca de 1.400 prontuários ativos, ou seja, usuários que utilizam regularmente o serviço.

O novo prédio  conta com cinco salas de atendimento, banheiros acessíveis para usuários e servidores, salas de convivência, de enfermagem.

E também leitos para homens e mulheres.

E ainda: salas de medicação, farmácia, sala de grupos e atividades terapêuticas coletivas.

Na área externa, constam ainda setores cobertos e descobertos para atividades, jardim, um palco, além de outros espaços de apoio ao serviço.

A equipe de atendimento conta com psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, terapeutas ocupacionais.

E ainda: acompanhantes terapêuticos, assistentes sociais, oficiais de administração e equipe de limpeza.

Estudantes de cursos da Unifesp, como de Psicologia e Terapia Ocupacional, por exemplo, também atuam no local.

O imóvel é locado junto à Sociedade Portuguesa de Beneficência.

 

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(*) Com informações do Departamento de Comunicação da Prefeitura de Santos

 

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