O Dia Mundial do Meio Ambiente foi comemorado no dia 5 de junho. Em um mundo cada vez mais consumista, com altos índices de poluição debater essa pauta é de extrema importância para o futuro.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2018, mostram que a poluição do ar mata mais de 50 mil pessoas no Brasil por ano. As partículas que ficam na atmosfera podem causar infecções respiratórias, cardiovasculares e câncer no pulmão.
Vale ressaltar que a Baixada Santista tem uma das cidades com mais poluentes do país. Cubatão, por ser um município de polo industrial, tem uma tendência a registrar mais partículas prejudiciais à saúde.
A pandemia da Covid-19 trouxe graves consequências para a saúde, economia e educação, entre outros segmentos. Todavia, o avanço do vírus e o isolamento social foram benéficos em alguns aspectos para o Meio Ambiente, porém em outros pode trazer impactos negativos.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) divulgou uma diminuição de 50% das partículas nocivas na primeira semana da quarentena obrigatória.
Com o menor índice de veículos nas ruas e empresas trabalhando em horários reduzidos ou até mesmo fechadas, o nível de poluição consequentemente abaixou nos centros urbanos, principalmente nas regiões metropolitanas.
De acordo com o biólogo e professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ítalo Braga, apesar dos níveis dos poluentes do ar terem caído, dizer que a pandemia ajudou o Meio Ambiente é uma questão mais ampla. “Existe uma capacidade de recuperação ambiental, mas o tempo transcorrido ainda é curto para maior parte dos impactos. Por exemplo, o plástico jogado no ambiente diminuiu nestes três meses, porém desde 1940 o material está no mundo com um longo período para a decomposição”.
Polêmicas
A questão ambiental também foi assunto de polêmica em meio a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Durante a reunião ministerial no dia 22 de abril, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles ressaltou o plano para aprovar uma série de reformas, segundo ele, seria o momento de passar ‘a boiada’.
“A oportunidade que nós temos, que a imprensa está nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificando todas as reformas que o mundo inteiro (…) cobrou de todo mundo” ressaltou Salles.
Após a divulgação do vídeo da reunião feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, diversas entidades nacionais e internacionais criticaram a postura de Ricardo Salles se referindo a fala como um crime ao Meio Ambiente.
Para se ter uma ideia, sem as reformas propostas pelo ministro, o país já vive uma situação preocupante em relação a biodiversidade nas florestas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), só no mês de abril, houve um aumento de 63,75% no desmatamento em relação ao mesmo período do ano passado.
Fauna
A pandemia da Covid-19 trouxe a esperança que espécies em extinção poderiam se recuperar. O biólogo e professor universitário Fábio Giordano enfatizou que é cedo para fazer um diagnóstico sobre esta questão. “Não temos ainda dados, pois o tempo de quarentena foi apenas de cerca de 50 dias até agora e não dá para fazer as medidas de aumento ou diminuição populacional, uma vez que muitos seres têm ciclos reprodutivos maior que este período de tempo”.
Além disso, o biólogo ressaltou que uma possível mutação do vírus pode prejudicar algumas espécies, como os mamíferos.
O que de fato está acontecendo é que alguns animais estão voltando aos meios urbanos em pontos isolados, como veados, bois e javalis em países como a Índia e a Espanha.
Todavia é preciso ficar atento, pois algumas notícias podem ser fake news, como os golfinhos que estavam nos canais de Veneza na Itália.
Pesquisa em Santos
A Secretaria de Meio Ambiente de Santos, em parceria com a Unifesp e ongs europeias, realizou uma pesquisa na praia do município, com objetivo de identificar os resíduos marinhos.
O estudo foi dividido em quatro etapas e constatou que houve uma diminuição de 40% dos resíduos (canudos, bitucas, latas)
Obviamente, isso ocorreu pelo fechamento da praia, por conta da pandemia, contudo algumas pessoas insistem em ocupar a orla em horários alternativos.
Para a oceanógrafa e conselheira do Instituto Mar Azul, Mariana Amaral, mesmo com a proibição na faixa de areia, o lixo continua na praia em razão da maré que traz resíduos ao longo do dia. Como o trabalho das equipes de limpeza diminuiu, a sujeira acaba acumulando.
Coleta Seletiva
Uma vida mais sustentável pode começar com pequenos gestos: a separação dos lixos recicláveis é um ótimo caminho para a preservação do Meio Ambiente.
Porém, a coleta seletiva é feita de diferentes formas na região. Em Bertioga, o serviço está paralisado devido a pandemia do coronavírus.
Já em Santos o trabalho continua normal e segundo dados da Prefeitura, não houve uma queda na coleta, mas um ligeiro aumento, apesar das cooperativas do Seman operando com dificuldades devido ao momento.
O mesmo acontece com Praia Grande. Em termos comparativos, houve uma melhora significativa das coletas no município.
Em abril de 2019 foram recolhidos 84.080 kg, já no mesmo período em 2020, a quantidade chegava 159.560 quilos.
Por outro lado, Cubatão teve uma queda na retirada da quantidade de material e em Guarujá a coleta está sendo feita nas nove estações de sustentabilidades espalhadas pela Cidade.