Elas estão enfileiradas ao longo dos canteiros centrais das avenidas Epitácio Pessoa e dos Bancários, na Ponta da Praia, em Santos (SP).
Por sua vez, não há fiação ao longo da via pública – antes plenamente arborizada.
No entanto, antes com visual abundante em vegetação – ainda que escondendo pontos de iluminação nas calçadas vizinhas -, hoje as vias viraram um ‘deserto’ com troncos praticamente nus em sequência.
Assim, a questão central é a forma como a poda ocorreu gerando críticas de munícipes nas redes sociais.
Com direito a vídeo, a própria deputada Rosana Valle (PL) usou seu Instagram para criticar a forma como ocorreu a poda – foram mais de 350 comentários até o momento.
Vale salientar que Rosana é cotada nos bastidores da política municipal como uma possível candidata à prefeitura de Santos de 2024.
No entanto, as reclamações encontram eco também entre especialistas em botânica.
Verde perdido
Afinal, enfileiradas, as copas dos ingazeiros perderam o verde que cobria as vias, ficando apenas os galhos à mostra.
A prefeitura alega que os exemplares da espécie Inga laurina foram plantadas, em sua maioria, entre os anos 1970 e 1980.
E estavam em seu ponto mais alto de desenvolvimento.
Assim, a poda, segundo a prefeitura, era para minimizar a possibilidade de queda, parcial ou total por força dos ventos.
No entanto, especialistas criticam a forma como ocorreu.
“Fizeram podas drásticas”, reconhece a bióloga, mestre em Ecologia e especialista em Botânica, professora Zélia Rodrigues de Mello.
Responsável pelo herbário da Universidade Santa Cecília, a especialista lamenta também os impactos provocados pela poda excessiva.
“O verão está chegando, com elevação da temperatura, e agora há ausência de sombra. Quantos ninhos de passarinhos não foram derrubados?”, lamentou.
Apesar de não ter estado in loco, a docente recebeu as imagens enviadas pelo Boqnews e ficou estarrecida como a forma como as podas ocorreram.
A decisão da poda tem o aval de um engenheiro agrônomo (profissional competente).
E assim, deve ocorrer em determinadas situações: doença nas árvores; risco de queda delas ou de seus galhos, além de frutos nos veículos e risco a transeuntes.
E ainda: casos de fiação elétrica ou iluminação pública.
“Fora estes casos, não se podam árvores; pois elas crescem livremente ficando belas e melhorando a qualidade do ar, além de amenizarem a temperatura”, acrescenta.
Não bastasse, ela esclarece que qualquer munícipe pode pedir explicações, via Ministério Público, para a forma como as podas ocorreram, obrigando a Prefeitura a esclarecer o ocorrido.
Prefeitura
Em nota, a prefeitura de Santos informa que o serviço de poda tem supervisão de equipe técnica da Coordenadoria de Paisagismo (Copaisa), chefiado por um engenheiro agrônomo.
Por sua vez, o trabalho, segundo a Administração, contou com dois engenheiros agrônomos, com a supervisão do profissional responsável pela Copaisa.
“O manejo das árvores ingazeiras localizadas nas avenidas Dos Bancários e Epitácio Pessoa e em outros pontos da Cidade, com a redução da área de suas copas, têm como finalidade minimizar a possibilidade de queda, parcial ou total por força dos ventos”.
Assim, o trabalho segue plano de contingência para queda de árvores, proposto em trabalho realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em colaboração com o Município.
Reclamações
Vídeo da Boqnews TV