Uma área de 10.600 metros quadrados – ligeiramente superior ao tamanho de um campo oficial de futebol pelo padrão Fifa – pertencente à Prodesan poderia abrigar um moderno centro esportivo para tirar crianças e jovens das ruas.
Seu destino agora é a venda, em leilão a ocorrer em outubro, para amenizar as dívidas da empresa e da Prefeitura, sua principal acionista.
O terreno localiza-se à Avenida Rangel Pestana, 437/439, no Jabaquara, em Santos (SP).
A área chegou a ser escolhida para a construção de um Centro de Iniciação ao Esporte (CIE) para práticas de modalidades olímpicas e paraolímpicas usando verbas federais, fortalecendo o esporte de base no Município.
O empreendimento teria 4.615 metros quadrados de área construída e custo estimado de R$ 3,8 milhões, bancados pela União.
Cidades como Franco da Rocha, na grande SP, trocaram uma área degradada e que era usada como ponto de tráfico pela construção de um centro semelhante no sugestivo Parque Vitória.
Parcela dos recursos para a unidade santista chegou a ser empenhada pelo Ministério dos Esportes, dentro do programa PAC 2 – Programa de Aceleração do Crescimento, mas a proposta não foi levada adiante pela própria Prefeitura.
Em 2014, houve a assinatura do contrato. No ano seguinte, Santos saiu da lista e Praia Grande foi o único município da Baixada Santista contemplado (vide abaixo)
Lista de 2015 do Ministério dos Esportes mostra as cidades contempladas com o projeto
Área de quase 11 mil metros quadrados no Jabaquara pertencente à Prodesan será leiloada. Dinheiro será usado para amenizar dívidas da empresa e da Prefeitura. Espaço abrigaria um Centro de Iniciação ao Esporte, conforme convênio firmado pelo Município com o Ministério do Esporte em 2014. Foto: Nando Santos
Sem interesse
No entanto, segundo dados divulgados pelo próprio Ministério do Esporte, conforme levantamento feito pela página Sobreviver em Santos, o “Município de Santos não apresentou interesse e a operação para construção de uma unidade no Centro de Iniciação ao Esporte (CIE) na cidade foi desativada em 2015”.
O projeto chegou a ser assinado em 16 de junho de 2014, sendo orçado – com recursos federais – no montante de R$ 3,8 milhões, tendo sido empenhada inicialmente a verba de R$ 365 mil.
O terreno hoje abriga o Departamento de Apoio da Prodesan e parte da área é locada para a Terracom, responsável pela limpeza urbana do Município.
O espaço irá a leilão internacional no dia 31 de outubro, conforme anunciou o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) na última segunda (18).
A Prefeitura avalia em R$ 35 milhões o valor venal da área. A empresa B3 SA – Brasil, Bolsa, Balcão ficará encarregada da transação comercial.
Relembrando
A edição do dia 16 de junho de 2014 do Diário Oficial divulgou a assinatura do convênio entre a Prefeitura e o Ministério do Esporte, ocorrida na Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal.
O espaço abrigaria cerca de 3.500 pessoas e seis modalidades seriam contempladas: handebol, basquete, vôlei, vôlei sentado, futsal e atletismo.
O objetivo do programa do Ministério do Esporte era de formar atletas para as equipes de alto rendimento da Cidade, dentro do programa desenvolvido pelo Governo Federal em razão das Olimpíadas, ocorridas no ano passado, no Brasil.
Por causa do tamanho do terreno, Santos seria contemplada com o maior projeto (modelo III) oferecido pelo Ministério do Esporte, com construção de ginásio poliesportivo e arquibancada retrátil, área de apoio (administração, sala de professores/técnicos, vestiários, chuveiros, enfermaria, copa, depósito, academia e sanitário público).
Também haveria estrutura para atletismo – espaço público inexistente na Cidade – com raia de corrida de 110 metros, salto em altura , salto em distância e arremesso de peso.
Terrenos e risco ambiental
Além deste terreno, a Prefeitura vai leiloar outro onde funciona a Usina de Asfalto da Prodesan, na Alemoa.
A área é estratégica em razão da localização e proximidade com o Porto. Ocupa 30 mil metros quadrados e está avaliada em R$ 93 milhões.
O Boqnews.com conversou com especialistas na área ambiental sobre os riscos que tais terrenos escondem abaixo do seu solo em razão dos locais terem sido usados para movimentação de cargas de produtos químicos, inclusive guardando tanques de combustíveis para abastecimento de veículos, como ocorre na área do Jabaquara.
Pedindo anonimato, todos foram unânimes em afirmar que o investidor deverá saber que além dos custos com a compra dos imóveis terá que fazer investimentos de elevada monta caso queira alterar as características do terreno, como para construção ou outro tipo de empreendimento que necessite escavar o subsolo.
Casos ocorridos em Santos para revitalização e construção de obras em áreas outrora ambientalmente degradadas chegaram a representar até 30% do custo do total do empreendimento.
Modelo de Centro de Iniciação ao Esporte que a Prefeitura de Santos abriu mão de receber. Terreno de quase 11 mil metros quadrados agora será leiloado. Foto: Divulgação
Já em Praia Grande…
Se Santos perdeu a oportunidade de contar com tal espaço esportivo para atrair e tirar jovens e crianças, Praia Grande foi contemplada com o espaço.
A área, de aproximadamente 4 mil metros quadrados, está localizada na Avenida Esmeraldo Tarquínio Soares de Campos Filho, no Bairro Ribeirópolis, beneficiando também jovens do Esmeralda, Samambaia e Melvi.
Praia Grande ficou com o modelo II do projeto do Ministério do Esportes.
O valor atualizado em junho passado do empreendimento é de R$ 4,67 milhões.
O espaço contará com ginásio poliesportivo para 1,7 mil metros quadrados, quadra poliesportiva, arquibancada com 181 lugares, academia, além de vestiários e outros espaços como uma quadra poliesportiva descoberta.
O centro esportivo será voltado para modalidades olímpicas e paraolímpicas, além de futsal.
Prefeitura
Em resposta, a Prefeitura de Santos, por meio da Secretaria de Comunicação, informa que o Ministério dos Esportes indeferiu a utilização de uma área da Administração Indireta (Nota da Redação: área da Prodesan) para a construção do CEI. “Mediante a negativa, a Prefeitura encaminhou ofícios solicitando a alteração do imóvel para implantação do projeto, sem obter a autorização”.
Para atender a necessidade de iniciação esportiva, a Municipalidade entregou o Ginásio de Ginástica Olímpica, que foi utilizado por diversas delegações como espaço para a pré-temporada das Olimpíadas do Rio, e está em fase final de obras do Ginásio Poliesportivo do M. Nascimento, na Zona Noroeste. Na região, ainda existe o Arena Santos, que recebe grandes competições esportivas..