Após quase um ano de espera, a Prodesan inicia a partir da segunda quinzena de junho os serviços de manutenção em pouco mais de 80 escolas municipais de Santos, no litoral paulista.
A empresa, cuja acionista majoritária é a própria prefeitura, contará com quatro equipes com 10 profissionais.
Ou seja, pedreiros, eletricistas, encanador, pintor e carpinteiro – que atuarão nas unidades municipais.
Soma-se ainda um motorista para cada equipe.
Ao todo, serão cerca de 50 trabalhadores envolvidos na atividade.
Eles realizarão pequenos reparos e serviços de manutenção nas unidades escolares, objeto de críticas por parte de pais e vereadores.
Nos últimos anos, a prefeitura optou em fazer licitações, dividindo as escolas por grupos e áreas (zonas leste, noroeste, morros, por exemplo).
No entanto, muitas das empreiteiras contratadas vencedoras da licitação não cumpriam o contrato, prejudicando a manutenção das escolas – e de toda a comunidade acadêmica.
A questão preço era a razão da escolha da vencedora, conforme prevê a Lei das Licitações.
Por exemplo, caso de uma simples troca de chuveiro, que demorava semanas para ser realizada, após passar pelo emaranhado burocrático.
Após quase um ano de espera, o contrato foi publicado no Diário Oficial no último dia 4 de maio entre a secretária de Educação, Cristina Barletta, e o presidente da Prodesan, Odair Gonzalez.
O valor previsto é de R$ 12,9 milhões.
Aliás, no ano passado, Gonzalez chegou a falar sobre o contrato, mas somente agora ele foi concretizado (leia mais aqui).
Presidente da Prodesan, Odair Gonzalez, falou do futuro da empresa durante o Jornal Enfoque, apresentado pelo jornalista Francisco La Scala Jr. Foto: Carla Nascimento
Mutirões
Segundo Gonzalez, uma listagem das prioridades será entregue pela Seduc para início dos reparos em cada unidade – com prioridade para os casos mais graves.
“Vamos fazer mutirões nas escolas”, enfatiza.
Ele anunciou a medida durante o Jornal Enfoque desta quarta (24).
Dessa forma, equipes já estão estruturadas para atender a demanda.
“Serão três equipes fixas que atuarão em cada escola e uma quarta à disposição para consertos e reparos de emergência. Esta equipe ficará de prontidão, mas também poderá se unir aos demais profissionais”, salienta.
O novo serviço será supervisionado pela diretor de Operações, engenheiro Carlos Alberto Russo, e com o comando do engenheiro Rômulo Vilaverde.
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Situação financeira
Durante o programa, Gonzalez explicou também a situação financeira da Prodesan.
Assim, o último balanço financeiro da empresa revela prejuízo de R$ 13,9 milhões no ano passado, elevando o prejuízo acumulado para R$ 370,906 milhões.
Além disso, Gonzalez relembrou o processo de enfraquecimento da empresa a partir do final dos anos 80.
“Naquela época a empresa chegou a ter 1.300 assessores. Houve uma administração que só repassava o valor dos salários dos funcionários, sem pagamento dos impostos e demais direitos trabalhistas”, reforça.
Ele aponta que excluindo os encargos financeiros para pagamento de dívidas antigas (que chegaram a R$ 18,1 milhões), a empresa fecharia no azul com lucro superior a R$ 4 milhões.
Portanto, reflexo do aumento de 15,11% na Receita Operacional Bruta de R$ 11 milhões (acréscimo de 41,66% no Lucro Bruto).
“Tivemos uma queda na despesa operacional de 9% e de gastos com pessoal, em 17%”, enfatiza.
“Nosso passivo está estabilizado. Ele só aumenta em razão dos índices da inflação”, completa.
Patrimônios
Assim, ele crê que patrimônios da empresa poderão servir para abater a dívida com a Prefeitura, maior credora.
Dessa forma, Gonzalez cita o terreno de 33 mil metros quadrados na Alemoa, onde hoje está a Usina de Asfalto, avaliado em R$ 130 milhões.
Portanto, com a PPP do Lixo – cuja concorrência será concluída em junho -, a prefeitura necessitará de fornecer uma área de transbordo para descarte temporário do lixo.
Assim, a ideia de Gonzalez é que toda a área seja envolvida na negociação.
No entanto, a Usina de Asfalto, responsável pela produção de asfalto para serviços como Tapa-Buraco, seja mantida funcionando em forma de comodato.
Além desta área, também há disposição da venda de um terreno da empresa na Avenida Rangel Pestana, no Jabaquara.
O local chegou a ir à leilão na Bolsa de Valores (B3) em duas ocasiões, assim como a área da Alemoa, mas não houve interessados.
Aliás, a área passará por melhorias, com a construção de um galpão para movimentação de produtos químicos usados na limpeza de unidades de saúde do Município.
Hoje, este serviço ocorre na Alemoa, dificultando o acesso e onerando os gastos com combustível.
Não bastasse, Gonzalez também aponta a possibilidade de venda da própria Rodoviária, hoje sob responsabilidade da CET, mas pertencente à empresa.
PPP do Lixo
Aliás, ele reconhece que com a entrada em vigor da PPP do lixo, a Prodesan perderá os contratos da fiscalização da coleta de lixo e da coleta de material reciclável.
Ambos representam 3% da receita.
“Estamos preparados para isso”, enfatiza.
Dessa forma, a previsão do governo municipal é que todas as etapas da concorrência sobre a coleta do lixo estejam concluídas até o final do ano.
O contrato inicial é de R$ 8 bilhões ao longo de 30 anos, com valores reajustados por indicadores da inflação.
Chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro ao PL terá impacto nas eleições municipais do próximo ano. Foto: Alan Santos/PR
Política
Ex-presidente do PL em Santos, Gonzalez falou da participação da legenda nas próximas eleições.
Por sua vez, ele reconhece que vive um dilema em relação ao partido, que terá candidatura própria e que ganhou maior espaço com a chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o deputado estadual Tenente Coimbra (PL), a legenda terá candidatura própria.
Assim, caso a deputada federal Rosana Valle não seja a candidata, ele mesmo entrará na disputa, conforme anunciou durante participação no Jornal Enfoque.
Por sua vez, ele destaca a relação de amizade com o ex-prefeito Paulo Alexandre Barbosa (Gonzalez foi presidente da Prodesan na época do pai do deputado, Paulo Barbosa).
“Temos uma relação de amizade antiga”, afirma, fato que se estende com o atual prefeito, Rogério Santos.
“Fico em uma dividida”, reconhece.
Dessa forma, ele enaltece o trabalho desenvolvido pelo prefeito e o desafio à frente da Prodesan.
“Quero que ela dê lucro. É um desafio que eu tenho. Aí, depois, quem sabe, eu venha a escrever um livro”, brinca.
Sobre o partido, ele acredita que alguns vereadores anteriores à chegada do ex-presidente Bolsonaro poderão deixar a legenda.
Assim, o mesmo ocorrerá no caminho oposto.
“O PL vai atrair pessoas alinhadas com o Bolsonaro. Até março (quando haverá a janela eleitoral), teremos modificações. O partido ganhará e perderá vereadores”, diz.
Dessa forma, o próprio ex-presidente percorrerá o País pedindo votos aos candidatos da legenda, como ocorrerá em Santos.
“Será uma eleição disputadíssima”, reconhece, com a experiência de ser um dos políticos mais longevos da política santista.
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