Quais os empregos do futuro na Baixada Santista?
Quais os impactos econômicos das aposentadorias e pensões com as mudanças nas regras da Previdência?
A formação dos universitários da região condiz com a realidade atual do mercado de trabalho?
Qual impacto que a possível proposta de incorporação do ISS a tributos estaduais vai trazer para a economia regional, em especial Santos?
Como as cidades lidarão com o projeto de Despacho sobre as Águas no setor portuário?
E os impactos na geração de empregos e impostos?
Tais indagações comuns entre especialistas em finanças e alguns jornalistas ganham ainda um sabor especial quando quem as faz – e responde – são os jornalistas Rodolfo Amaral e Verônica Mendrona, da Data Center Brasil
Especialistas em finanças públicas, eles estão à frente da empresa de consultoria, pesquisa e análise de dados atuando para setores público e privado, além da sociedade em geral.
Aliás, os números e estatísticas fazem parte do conteúdo dos convidados, que participaram do Jornal Enfoque desta terça (23).
E apresentaram, com dados e informações, uma série de questionamentos: do futuro do emprego na região até verbas Dade e os impostos federais.
Tudo com dados detalhados para jogar luz a temas tão importantes – e pouco discutidos – pela sociedade e, em especial, pelas autoridades e representantes públicos.

Geração de empregos, um desafio cada vez maior diante da falta de qualificação. Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Porteiros como exemplo
Exemplos não faltam para ilustrar.
Dessa forma, no Brasil existem 1,5 milhão de porteiros atuando em edificações comerciais e residenciais.
Somente na Baixada Santista, cidades como Bertioga empregam 19% de toda sua mão-de-obra nesta atividade laboral.
Em Santos, o índice chega a 11% dentro do mercado formal.
No entanto, com o avanço das portarias eletrônicas e outras formas tecnológicas de acesso aos prédios, a necessidade destes profissionais tende a diminuir gradativamente nos próximos anos.
“Muitos destes empregos vão desaparecer”, enfatiza Verônica.
Ela salienta que nem todos sabem que um prédio funciona como uma empresa, com CNPJ próprio e empregados, gerando atividade econômica.
Com a eliminação desta função cada vez mais crescente – como já ocorre com os zeladores de edificações – para onde irão estes profissionais?
Afinal, a qualificação destes trabalhadores costuma ser baixa, prejudicando o surgimento de novas oportunidades para esta massa de trabalhadores.
“Hoje a economia da região é muito baseada no Porto e no Polo de Cubatão, que também vem sofrendo impactos”, salienta.
Ensino superior
Neste sentido, ressalta Rodolfo, é importante saber também qual o perfil dos profissionais formadas nas instituições de ensino superior da Baixada Santista.
Afinal, são 72 mil estudantes, sendo que 45% ocorre como ensino à distância em instituições espalhadas pelo País.
No Brasil, os universitários chegam a 9 milhões (de forma presencial e online), mas apenas 18% estudam em cursos voltados à área tecnológica.
Os demais 82% estão em cursos de bacharelado e licenciatura, vários deles com mercado de trabalho limitado diante das novas necessidades mercadológicas.
“Nossa autoridades públicas precisam se debruçar sobre esta questão com urgência”, enfatiza Amaral.
Ele recorda das ondas de promessas que atingiram a região e nem sempre concretizadas.
Caso do pré-sal em meados do início deste século, onde havia a promessa da criação de até 150 mil empregos, alavancando uma explosão de novos empreendimentos, empurrando para o alto o valor do m2 e a especulação imobiliária.
Dessa forma, não bastasse, universidades chegaram a fornecer cursos superiores, atraindo centenas de jovens.
Hoje, porém, sem perspectiva de qualificação profissional.
Ou seja, até a USP montou seu curso na Cidade e, aos poucos, está esvaziando suas atividades no antigo colégio Cesário Bastos, na Vila Mathias.

Afinal, o ensino universitário atende as demandas da Baixada Santista? Foto: Divulgação
Outros assuntos
Por sua vez, durante o programa, os profissionais também avaliaram os primeiros meses dos governos Lula e Tarcísio de Freitas, criticando, por exemplo, as promessas do ministro Fernando Haddad em relação ao arcabouço fiscal.
“Prometem aumentar a arrecadação, mas não falam de onde irão tirar os recursos”, dispara Amaral.
Portanto, sobre o governo paulista, ele critica a proposta de contingenciar os valores devidos às estâncias paulistas, que têm direito legal de recebimento das verbas Dade.
Dessa forma, são quase R$ 2 bilhões devidos, sendo R$ 620 milhões para a Baixada Santista.
“E agora o governo quer contingenciar 98% da verba deste ano”, acrescenta Verônica.
“Esperamos que nossos deputados estaduais, federais e prefeitos briguem pelos recursos aos quais as cidades têm direito. Mas, infelizmente, ninguém quer se indispor”, relata.
Assim, somente São Vicente, onde Amaral foi secretário de Finanças e Verônica a adjunta da pasta, tem direito a receber R$ 78,6 milhões em benefícios.
Aliás, dinheiro que ajudaria – e muito – em melhorias para a Cellula Mater da nacionalidade, que em 2032 completa 500 anos e tem um dos piores indicadores sociais na Baixada Santista.
Confira o programa completo
Assista ao programa com os jornalistas Rodolfo Amaral e Verônica Medrona