“A história do Brasil nada tem de pacífica”, diz professor Reinaldo Martins | Boqnews
Professor de História, Reinaldo Martins. Foto: Reprodução/Jornal Enfoque

Entrevista

19 DE DEZEMBRO DE 2022

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“A história do Brasil nada tem de pacífica”, diz professor Reinaldo Martins

Professor de História e ex-vereador Reinaldo Martins falou sobre o atual momento político do País e o que espera do governo Lula

Por: Fernando De Maria

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Após pouco mais de um ano da proclamação da Independência, D. Pedro I fechou a Assembleia Constituinte em novembro de 1823.

Mandou prender políticos e exiliou os irmãos Andradas.

Portanto, um início, no mínimo, polêmico. E conturbado.

E que se reflete ao longo dos 200 anos de autonomia do País.

“A história do Brasil não tem nada de pacífica ou tranquila”, enfatiza o professor de História, ex-vereador e ex-secretário de Cultura de Santos, Reinaldo Martins.

Durante entrevista concedida ao Jornal Enfoque nesta segunda (19), ele explanou os vários momentos que o País passou ao longo dos seus 200 anos de independência, completados em 7 de setembro último, e como isso se reflete na atualidade.

“Neste período, foram inúmeros golpes e tentativas”, acrescenta.

Portanto, passando aos dias atuais, isso explicaria o silêncio que o presidente Jair Bolsonaro tem se colocado após a derrota das eleições.

Não bastasse, há a concentração de pessoas em frente aos quarteis militares pedindo a intervenção militar.

“Ele (Bolsonaro) está aparentemente omisso, mas pode estar tramando algo. No entanto, não acredito”, enfatiza.

Governo americano

Um dos pontos elencados pelo professor é que o atual presidente, que conclui seu mandato no final deste mês, não tem respaldo do governo americano, como ocorrera no golpe de 64, por exemplo.

“(Joe) Biden (presidente americano) não tem interesse em fortalecer Bolsonaro. Afinal, isso ajudaria a abrir espaço a Donald Trump e ao trumpismo”, salientou.

Assim, segundo o professor de História, sem o respaldo americano, militares que dão apoio a Bolsonaro devem se desmobilizar após sua saída do governo.

Não bastasse, milhares de pessoas que permanecem à frente dos quartéis pedindo intervenção militar devem seguir o mesmo caminho.

“Uma parte está sendo enganada, mas outra está devidamente financiada por alguém”, salienta.

“Espero que descubram quem está por trás disso, pois ocorreram atos criminosos, como em Brasília recentemente“, enfatizou.

Martins também reconheceu o papel do Judiciário nestas eleições – em especial o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral – em garantir eleições limpas, a despeito das críticas e ataques às urnas feitas pelo presidente Bolsonaro e seus seguidores.

“Se ele não tivesse tido (coragem), nós estaríamos em uma situação muito mais caótica”, salientou Martins, enfatizando o “relevante trabalho” do ministro e presidente do STF, Alexandre de Moraes, a quem chegou a criticar quando foi nomeado pelo ex-presidente Michel Temer.

“Se ele não tivesse agido, como estaríamos?”, indaga.

Cine-Posto 4 foi uma das iniciativas de Martins quando foi secretário de Cultura no governo Telma de Souza. Foto: Rogério Bonfim / PMS – Divulgação

Outros temas

Martins, que militou na juventude no PCB e foi um dos fundadores do PSB santista nos anos 80, lembra que ajudou na articulação da criação da Unidade Democrática Popular – UDP, responsável por dar respaldo à eleição da prefeita Telma de Souza (PT) em 1989.

“Naquela época, o PT não se coligava nem com a própria mãe”, brinca.

Assim, tornou-se secretário de Cultura de Santos, sendo responsável pela criação de diversos espaços culturais, como bibliotecas na orla (Mário Faria), Zona Noroeste e área continental.

Além da criação da gibiteca Marcel Rodrigues Paes, teatro de arena Rosinha Mastrângelo e do Cine-Posto 4, entre outras iniciativas.

“Na ocasião, a Telesp e os Correios resolveram devolver para a prefeitura os postos junto aos jardins da orla. Assim, a Cultura ficou com a metade (3) para instalação de novos equipamentos”, recorda.

Martins também foi responsável pela criação do Condepasa, surgido em 1991.

“Hoje, Santos consegue preservar boa parte do seu patrimônio histórico graças à legislação, que vigora há mais de 30 anos”, completa.

Ou seja, Santos hoje se tornou referência no audiovisual em razão dos espaços públicos e privados – tendo o Centro Histórico um dos grandes atrativos para filmes publicitários, novelas e séries – manterem “bem ou mal” seu patrimônio.

Aliás, sobre a necessidade de ocupação do Centro, Martins reconhece que a única alternativa é atrair investimentos para o setor habitacional.

“Apenas com o repovoamento do Centro, ele voltará a atrair comércios e negócios”, acrescenta, salientando e elogiando as tentativas da prefeitura em atrair eventos para a região, como o Natal Criativo, por exemplo.

Na entrevista, Martins também falou sobre sua experiência como vereador, cultura em Santos e no futuro governo Lula, política e temas afins.

Confira o programa completo

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