O Porto de Santos completa, nesta segunda-feira (2), 117 anos. Nascido como principal pólo escoador de café e açúcar, elementos que alavancaram a situação sócio econômica da Cidade, ele é hoje responsavel por 27% de toda importação e exportação do País.
Ainda durante os primeiros passos, o trabalho portuário se dava, principalmente, pelos trabalhadores que carregavam toneladas de sacas de açúcar e café nas costas. Com a tecnologia e o crescimento, o maior porto da América Latina enfrenta um cenário diferente dos velhos tempos. A capacidade física deixou de ser requisito fundamental.
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Foto: Fábio Maradei |
Os trabalhadores fortes deram espaço a profissionais qualificados para enfrentar um mercado que hoje exige uma mão de obra especializada. “O Porto de Santos experimentou na última década um grande avanço no aspecto de modernização tecnológica e incremento na movimentação de cargas. Esse cenário exigiu o preparo do trabalhador portuário em suas diversas categorias para atender a essa demanda”, diz o presidente da Codesp, José Roberto Correia Serra.
De acordo com ele, a tendência deverá se intensificar ainda mais e, na medida em que os projetos de expansão portuária vão se tornando realidade, esse mercado profissional selecionará os trabalhadores mais preparados para a atividade.
Marco no desenvolvimento nacional, o Porto de Santos oferece um amplo ramo de atividades e tem servido de porta de entrada para profissionais que pretendem fazer carreira, também, no comércio exterior. Segundo o Secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, Sérgio Aquino, o novo cenário portuário exige, dentre outros fatores, a disponibilização de programas sérios, de qualificação e instrução. “Hoje o trabalhador que atua no Porto precisa ter qualificação técnica alem de noção de trabalho em equipe e envolvimento no trabalho”, analisa.
Mercado de trabalho
Graças a demanda de profissionais que a cadeia logística do Porto tem consumido, as universidades da região disponibilizam, hoje, cursos que visam preparar o profissional para a atuação no mercado portuário. “Vejo com bons olhos a inicitiva das universidades da região que, na minha opinião, demoraram um pouco para tomar a inicitiva e preparar esse tipo de profissional”, diz o diretor superintendente do Ogmo Nelson Domingos de Giulio .“O porto está se modernizando. Há a necessidade de se especializar e acompanhar essa evolução”, completa.

Não é apenas a iniciativa privada que hoje disponibiliza cursos técnicos e superiores, oferecendo qualificação. A estrutura para proporcionar as condições necessárias a essa demanda de profissionais, também é oferecida a pelo poder público. Criado em outubro de 2008, o Centro de Excelência Portuária, o Cenep, tem como meta a qualificação profissional dos trabalhadores do Porto e a atuação no campo da pesquisa e tecnologia. “O Centro é um complexo para qualificação do trabalhador portuário, através de cursos técnicos, universitários, treinamento operacional e geração de tecnologia e pesquisa científica”, diz o presidente da Codesp.
O Centro é uma iniciativa, prevista pela lei de modernização dos portos (8.630/93), e fruto de uma parceria entre Operadores Portuários, CODESP, Ogmo, CAP e Prefeitura. “O Cenep é muito mais do que um local físico. Ele resume a necessidade de uma nova filosofia de como se encara as necessidades do cenário portuário”, analisa o Secretário.
Mão de obra especializada
Com 13 anos de atuação no Porto de Santos, o Ogmo, Órgão Gestor de Mão de Obra, tem participado na especialização dos trabalhadores com cursos de qualificação em diversas áreas. “O porto se modernizou e novos equipamentos e máquinas surgiram. O processo de manipulação das cargas foi automatizado e o trabalhador não era preparado para isso. O principal papel do Ogmo foi fazer com que o trabalhador estivesse apto a acompanhar essa evolução”, diz o diretor superintendente do Ogmo.
De acordo com ele, cerca de 1 300 trabalhadores recebem certificados em cursos que envolvem a atividade portuária. Os mais procurados são os de manuseio de equipamentos e de segurança. “O trabalhador que não quiser se aperfeiçoar e acompanhar a evolução, automaticamente se exclui do mercado de trabalho”, comenta Giulio. Segundo o superintendente, durante os anos de atuação do Ogmo, houve a preparação de cerca 10 mil homens e hoje, o órgão gerencia cerca de 8 mil.“Hoje temos profissionais preparados para comandar qualquer porto do mundo”, confirma.
Modernização
A atividade portuária não se resume, apenas, em equipamentos e trabalhadores, mas, principalmente, em processos e sistemas. “Essa é a necessidade não atendida no sistema portuário de Santos. Nós, até hoje, não implantamos um sistema, uniformizado, de sistema de controle e gestão de fluxos na logística portuária de Santos. Todos os grandes portos do mundo contam com sistemas informatizados e todos os agentes privados e públicos interagem no sistema e são liberados pelo mesmo sistema”, diz o Secretário Sérgio Aquino.
A implantação de um sistema informatizado amenizaria, por exemplo, o problemas das filas de caminhões na porta de um terminal. Com o sistema informatizado de controle e gestão de fluxo, o caminhão só vai para o terminal quando está programado e liberado para entrar. Não há necessidade de esperar para verificar a programação e checar documentação.
Para acelerar esse processo de informatização, o Conselho de Autoridade Portuária trabalha a questão em conjunto com a Codesp e outras entidades, que desenvolveram programas nessa linha. O projeto, chamado de Porto Sem Papel, ganhou repercursão nacional e se relaciona, principal-mente, com gestão de fluxos. “Hoje, o conceito de processos é o elemento de maior utilização do sistema portuário mundial”, analisa Aquino. Segundo o secretário, a atual crise econômica mundial, que reduz o comércio exterior, é o cenário ideal para se recuperar o atraso na infra estrutura portuária.