A saída da deputada federal Rosana Valle do PSB – Partido Socialista Brasileiro rumo ao PL – Partido Liberal, o mesmo do presidente Jair Bolsonaro, foi comemorada por integrantes do PSB Autêntico de Santos.
Uma imagem com as cores da legenda (vermelha e amarelo) escrito Aleluia sintetizava a posição do grupo nas redes sociais do grupo, após o anúncio da decisão. (vide imagem abaixo)
No entanto, menos de dois meses após uma filiação em massa de simpatizantes da parlamentar ao partido – entre 300 a 400 pessoas, segundo estimativas – ela mudou de opinião e acabou dando adeus aos sonhos socialistas, entrando de vez no liberalismo, cujo presidente é Valdemar da Costa Neto, o Boy, figura conhecida nos meios políticos, outrora da esquerda, agora do outro extremo ideológico.
Por sua vez, com sua saída, outras 11 pessoas do partido deixaram o PSB santista, sendo cinco diretamente ligados à direção municipal.
Justiça
Não bastasse, a forma como ocorreu a escolha do novo diretório, em fevereiro passado, foi questionada na Justiça.
Coincidências da vida, no mesmo dia que a deputada Rosana Valle anunciava sua saída da legenda, o juiz Frederico dos Santos Messias deferiu a tutela provisória de urgência para determinar a suspensão dos efeitos do recadastramento realizado pela Comissão Executiva Provisória do PSB santista, inclusive, “eventuais cancelamentos de filiações, preservando todos os direitos dos filiados que não compareceram ao ato”.
Assim, o juiz entendeu que as regras previstas no Estatuto e no próprio Regimento Interno do partido não foram respeitadas.
Dessa forma, a autorização prévia do Diretório Estadual para a realização do recadastramento não teve efeito.
“Conforme o Artigo 6º, do Estatuto, prevê que o recadastramento será determinado apenas pela Comissão Executiva Nacional, quando esta julgar necessário”, escreveu na sentença, fato que não ocorreu.
Ou seja, o recadastramento ocorreu de forma irregular, segundo o magistrado.
Portanto, foi anulado.
O recadastramento ocorreu no período de festas no final do ano passado, de forma presencial, mesmo com a pandemia e aumento de casos da variante Ômicron, e por poucos dias, com divulgação limitada em edital em veículo de pouca circulação,
Recorrer
O presidente do PSB santista Fábio Lopes diz que a legenda recorrerá da decisão junto ao Tribunal de Justiça paulista dentro do prazo de 15 dias.
“O recadastramento respeitou o Estatuto do PSB. A decisão não afeta a eleição do novo diretório, ocorrida em fevereiro, mantendo o mandato dos dirigentes até 2025”, salienta.
Lopes ressalta que o processo não questiona a eleição, “mas a filiação das pessoas que não compareceram ao recadastramento”.
Além disso, segundo ele, a filiação ainda será alvo de recurso.
“A decisão não afeta a eleição ocorrida”, enfatiza.
Próxima etapa
No entanto, membros do PSB Autêntico têm uma visão contrária a do presidente da legenda.
“Não tem sentido manter uma eleição viciada”, destacou um dos membros do grupo, que preferiu não se identificar.
Assim, com a decisão judicial favorável de anular o recadastramento, o PSB Autêntico estuda a possibilidade de entrar na justiça para cancelar a eleição de fevereiro.
Dessa forma, eles entendem que houve envolvimento direto da parlamentar que deixou o partido após dois meses de ganhar espaço dentro da legenda na Cidade.
Assim, conversas já foram iniciadas nesta semana “para colocar o partido nos eixos”, disse outro integrante do grupo PSB Autêntico.
Em Santos, o PSB é da base de apoio ao prefeito Rogério Santos, do PSDB.
E em âmbito nacional, apoiará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deverá ter o ex-governador Geraldo Alckmin como seu vice, recém-chegado aos socialistas.