O nível de emprego industrial paulista teve novo recuo em março, de 0,61% (com ajuste sazonal) em relação a fevereiro. O levantamento, feito pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e do Ciesp (Depecon) e divulgado hoje (14), mostra que neste ano já houve a perda de 31.000 postos de trabalho, dos quais 3.500 em março.
Santos e Cubatão responderam por 14% deste montante (perda de 500 postos de trabalho no mês passado). No caso de Santos, o percentual negativo é o maior entre os meses de março dos últimos dez anos. No caso de Cubatão, foi o terceiro pior da década (o maior foi em fevereiro, com 11,1%).
Quando não são considerados fatores sazonais, o mês de março registra a menor eliminação (-0,15%) de postos de trabalho desde maio de 2015, graças, em parte, à antecipação da safra do setor de açúcar e álcool. Segundo o diretor titular do Depecon, Paulo Francini, com a previsão da chegada do período de seca é normal a contratação de mão-de-obra para a colheita, que envolve logística e transporte. “Isso atenuou, evidentemente, a queda apontada pela pesquisa, mas os outros setores também perderam menos vagas em relação aos meses anteriores”, explicou.
Setores
Em março, 14 setores, dos 22 pesquisados, tiveram queda no nível de emprego, 6 apresentaram crescimento, e 2 ficaram estáveis.
De forma semelhante ao cenário do mês de fevereiro, os setores que se destacaram com a ampliação de vagas foram produtos alimentícios (6.819 postos), coque e biocombustíveis (3.333 postos) e couro e calçados (1.322 postos) – que contrata há três meses consecutivos.
Esse último, segundo Francini, foi beneficiado pela desvalorização do real. “É um setor que tem se dado melhor que outros. Não significa que eles estejam felicíssimos, mas o câmbio fez com que empresas tivessem mais condições de exportar, enquanto determinados calçados importados que penetravam no mercado brasileiro não o fazem mais, pois não competem mais em preço com a produção doméstica. É um duplo efeito da taxa de câmbio”, explica.
Entre os setores que mais demitiram em março estão os ligados à produção de veículos. É o caso do setor de produtos de borracha e de material plástico, o que teve maior perda de vagas (3.422, variação negativa de 1,85%).
Regiões
O resultado do segmento de açúcar e álcool contribuiu para que o Interior do estado registrasse taxa de variação positiva no mês de março, de 0,41% em relação ao mês anterior. Foram 12 as regiões que registraram expansão do nível de emprego. Entre elas, destaque para Jaú (3,43%), seguida de São Carlos (1,57%) e São José do Rio Preto (1,23%). Na contramão, das 24 que registraram queda, as maiores delas foram verificadas em Cubatão (-3,28%), Mogi das Cruzes (-3,04%) e Santos (-2,76%).
Cubatão lidera o acumulado no ano, em termos percentuais, de pessoas demitidas (-21,6%), empurrado especialmente pela metalurgia, em razão da desativação de unidades internas da Usiminas. Nos últimos 12 meses, o acumulado negativo chega a 27,06% do total de trabalhadores da indústria. O cenário só não é pior, pois o setor de produtos alimentícios foi responsável por 5,65% de incremento nos empregos. Mesmo assim, insuficiente para atender a demanda crescente das novas demissões. A variação de 3,28% negativos em março representa uma queda de aproximadamente 300 postos de trabalho. No ano, foram fechados 2.450 postos na cidade e 3.300 nos últimos 12 meses.
O setor industrial santista também sente os efeitos negativos deixando a Cidade na 8ª colocação no ranking de demissões na indústria. Segundo a Ciesp local, as variações negativas de março decorrem das quedas de empregos nas áreas de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8,27%) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-9,42%). O único segmento que agregou vagas foi o de produtos químicos (+2,34%). Em empregos, o setor industrial em março perdeu 200 postos de trabalho, totalizando 350 ao longo deste ano. Na comparação com os últimos 12 meses, houve uma queda de 700 empregos no setor industrial da Cidade.