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Solidariedade

06 DE DEZEMBRO DE 2019

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Todo mundo pode ser Papai Noel para uma criança

Voluntários que desejam adotar cartinhas enviadas pelas crianças ao Papai Noel dos Correios precisam correr: o prazo para entrega dos presentes termina no dia 13.

Por: Fernando De Maria

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Alguns não acreditam nele.

Outros, afirmam exatamente o oposto.

Mesmo que ele não tenha barba branca, roupa vermelha e use o velho refrão Oh, Oh, Oh.

Mas, na prática, enfim, todo mundo tem um jeito parecido ao Papai Noel.

São pessoas anônimas, que fazem o papel do ‘Bom Velhinho’.

Nesta época do ano, os milhares de voluntários retiram as cartinhas de Natal deixadas pelas crianças  nas unidades dos Correios espalhadas pelo Brasil há exatos 30 anos.

Até terça (3), mais de 360 mil cartinhas já haviam sido adotadas por pessoas anônimas que desejam ser um Papai ou Mamãe Noel para alguma criança.

Além das que escrevem diretamente ao Papai Noel, existem também estudantes das escolas da rede pública (até o 5º ano do Ensino Fundamental – limitado a 10 anos) e de instituições benemerentes.

 

Papais Noéis anônimos

O mesmo ocorre na Baixada Santista.

Em oito das nove cidades da região, existem pontos de apadrinhamento (veja os endereços), mas qualquer  unidade dos Correios – mesmo as franqueadas – podem receber os pedidos, que depois são encaminhados às unidades centrais.

Na de Santos, localizada no quase centenário prédio (foi inaugurado em 1924), à Rua Cidade de Toledo, 41, o vai-e-vem de pessoas que entregam e retiram cartas é constante.

O local está devidamente decorado, com a tradicional casa do Papai Noel (que apareceu por lá na semana passada), além do escaninho onde os potenciais padrinhos podem ler os textos das crianças, cujas cartinhas serão adotadas.

Histórias das mais variadas surgem, entre textos e desenhos.

Alguns se emocionam com os textos e desenhos e ficam impressionados com os pedidos – que passam por triagem (apenas brinquedos, roupas e material escolar são aceitos).

Os demais – como cestas básicas – são enviados para a unidade central na Capital paulista.

 

As amigas Maria Holanja e Jocilene Vitor  fizeram questão de escolher as cartinhas para proporcionar um Natal mais feliz para as crianças. Foto: Nando Santos

 

Simples presente

Mãe de 5 filhos, a dona de casa Nanci Fiel da Silva ficou espantada com o simples pedido de uma criança: um slime – uma espécie de geleca colorida.

“Todo ano deixo as cartas dos meus filhos. Até celular um deles ganhou no passado”, destaca.

Hoje, são dois menores: um menino, de 7 anos, e uma menina, de 4 anos, que aguardam serem lembrados por algum papai ou mamãe Noel anônimos.

Mesmo desempregada, ela fez questão de também adotar a cartinha de outra criança.

A solidariedade também se faz presente na família da dona de casa, Ellen Cristina de Góes.

Ela deixou a cartinha do seu filho de 5 anos, que pediu uma chuteira, mas sua avó gostaria de ‘adotar’ outra para fazer mais feliz o Natal de uma criança.

Levou o pedido de uma menina da mesma idade do seu filho que queria apenas um livro para pintar e escrever.

Algo semelhante às donas de casa Maria Holanja da Silva e Jocilene Vitor.

No ano passado, elas entregaram cartinhas, mas este ano optaram em fazer o caminho inverso.

“Viemos ‘adotar’ alguns pedidos”, diz Jocilene.

Apesar de desempregadas, ambas não abrem mão de ajudar.

“Eu me sento feliz e deixo alguém feliz”, explica Maria.

Campanha dos Correios já é realizada há 30 anos. Foto: Nando Santos

 

Solidariedade sem crise

No ano passado, foram quase 2 mil cartas cadastradas somente na unidade central de Santos, informa a gerente da unidade, Elaine Dagner Rozada, que há 12 anos atua neste momento festivo, onde todos os funcionários se envolvem para um objetivo comum: transformar o Natal mais feliz para as crianças.

Na Baixada, foram 8.167 cartinhas colocadas e 5.706 adotadas: 70% de adoção.

Ou seja, a chance dos pedidos serem aceitos é enorme.

A crise econômica, aliás, não desestimula as pessoas.

“O que muda é que os brinquedos mais caros, como bicicletas, vídeos e patins, são substituídos por outros mais baratos, além de roupas e calçados. A solidariedade continua a mesma”, explica Elaine.

Nas folhas e desenhos – escritos à mão, seja pelas próprias crianças ou por suas mães, no caso das menores – é impossível não se emocionar.

Alguns dos padrinhos e madrinhas chegam a chorar com as histórias descritas.

 

Nos escaninhos, pedidos de crianças que sonham passar um dia mais feliz. Foto: Nando Santos

 

Histórias de quem sonha

Nas cartas, sonhos de crianças por um Natal mais feliz.

As histórias, porém, são semelhantes.

Geralmente, os pais estão desempregados ou não têm condições de garantir um brinquedo, roupa ou calçado novos para as festas de fim de ano.

 

“Querido Papai Noel.

Oi, tudo bem, tenho 8 anos, moro em Santos, no Morro São Bento.

Nasci com os dois pés tortos. Já fiz 4 cirurgias.

Por esse motivo, minha mãe não pode trabalhar, pois faço tratamento na Santa Casa de Satnos.

Gostaria de ganhar roupa e brinquedo.

Estou na 2ª série. Sou bem estudiosa.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo para você e sua família”.

 

A mensagem da pequena Mariany não ficou muito tempo no escaninho.

A aposentada Magali Coscioni adotou o pedido da garota.

“Uma história que mexe com a gente”, diz.

 

Mais histórias

 

Outras histórias ainda guardadas no escaninho aguardam o mesmo futuro.

“Oi, meu nome é Artur. Tenho 3 anos e 10 meses.

Moro no Jardim São Manoel com minha mãe e meu pai. Eles estão desempregados.

Vinhemos (sic) de uma família muito humilde. Não quero nada demais esse ano.

Meus pais não vai (sic) ter condição de compra roupa pra mim eu só queria uma roupa nova e um sapato.

Que Deus abençoe algum de vocês pra ta mi abençoando. 

Eu visto roupa de número 03 e sapato de número 24.

Que Deus abençoe em dobro pra quem me ajuda.

Um Feliz Natal e próspero Ano Novo.

Que Deus abençoe. Fica com Deus.

Um beijo e um abraço – Arthur” .

 

Ou esta outra, com o mesmo tipo de pedido.

 

“Querido Papai Noel. 

Tenho 4 aninhos e minha mamãe está escrevendo esta cartinha porque ela está desempregada e não vai ter dinheiro para comprar nada para mim.

Então, espero que Deus toque no coração de quem ler esta carta.

Eu peço uma roupinha e um brinquedo.

Peço que Deus abençoe você que está lendo e toda sua família.

Feliz Natal”.

 

Como proceder?

Após serem lidas e selecionadas, as cartas são disponibilizadas na Casa do Papai Noel ou em outras unidades dos Correios.

Assim, tanto para doação como para a entrega das cartas, o prazo final será no próximo dia 13.

Os presentes devem ser entregues no horário comercial – de segunda a sexta, das 9 às 17 horas, em alguma caixa de papelão (qualquer uma), desde que envolto em papel pardo.

Portanto, para que os Correios possam acompanhar as adoções e as entregas dos presentes, os padrinhos devem cadastrar o CPF ou CNPJ.

Dessa forma, não é permitida a entrega direta do presente e, para assegurar a observância desse critério, o endereço da criança nunca é divulgado ou informado ao padrinho.

 

Presentes devem ser entregues em qualquer tipo de caixa, mas embalados em papel pardo. Foto: Nando Santos

Endereços

Assim, apesar da entrega das cartas podendo ser feita em qualquer unidade, as doações devem ser realizadas nas unidades centrais em cada cidade, chamados de pontos de apadrinhamento.

Portanto, das nove cidades da Baixada Santista, apenas Bertioga não tem unidade para entrega.

 

Santos

Centro – Rua Cidade de Toledo, 41

Zona Noroeste – Av. Nossa Sra de Fátima, 715

Aparecida – Av. Pedro Lessa, 1541 (próximo à Rua Alexandre Martins)

 

Praia Grande

Agência Pres. Costa e Silva, 913

 

São Vicente

Praça Coronel Lopes, s/nº – Centro

 

Guarujá

Av. Puglisi, 684

 

Cubatão

Av. 9 de Abril, 3488

 

Itanhaém

Rua João Mariano, 115

 

Peruíbe

Rua Domingues Costa Grimaldi, 251

 

Mongaguá

Av. Marina, 984

 

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